Na origem da palavra páscoa está certamente o acontecimento daquela noite na qual o Senhor passou protegendo e para salvar, o seu povo. O termo Pesah foi relacionado com a raiz psch (fazer festa, estar contente), isto é, segundo esta raiz: páscoa é a festa por excelência.
Já com o termo acádico pashâklu (aplacar), páscoa alude a um rito expiatório. Em relação com a raiz egípcia Pa-sh (recordar) encontramos a idéia de memorial. A páscoa recorda a passagem do Senhor pelo Egito quando pulou as casas dos hebreus. Diz em Ex 12, 27: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que saltou (pâsech) as casas dos israelitas no Egito”.
No Antigo Testamento e de modo geral na literatura judaica, páscoa designa a festa celebrada entre os dias 14 e 15 de Nisã. Diz em Nm 9, 2: “Celebrem os israelitas a Páscoa, no tempo determinado. No dia catorze deste mês, no crepúsculo, a celebrareis, no tempo determinado”. Quanto o animal sacrificado (cf. Dt 16, 2), e a celebração dos pães ázimos para o Senhor (cf. Lv 23, 6-8).
Como relata as prescrições sobre a Páscoa. “Moisés convocou, pois todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: “Ide, tomai um animal do rebanho segundo as vossas famílias e imolai a Páscoa. Tomai alguns ramos de hissopo (planta aromática), molhai-o no sangue que estiver na bacia, e marcai a travessa da porta e os seus marcos com o sangue que estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta de casa até pela manhã. Por que o Senhor passará para ferir os egípcios; e, quando vir o sangue sobre a travessa e sobre os dois marcos, ele passará adiante dessa porta e não permitirá que o Exterminador (demônio que personificava os perigos ameaçadores do rebanho e da família), entre em vossas casas, para vos ferir. Observareis esta determinação como um decreto para ti e teus filhos, para sempre. Quando tiverdes entrado na terra que o Senhor vos dará, como ele disse, observareis este rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa para o Senhor, que passou adiante das casas dos israelitas no Egito, quando feriu os egípcios, mas livrou as nossas casas. Então o povo se ajoelhou e se prostrou. Foram-se os israelitas e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moisés e a Aarão, assim fizeram” (cf. Ex 12, 21-28).
Desta maneira converteu-se em um memorial perpétuo. A inovação do deuteronômio é ter feito da Páscoa, até aí uma festa familiar, peregrinação a Jerusalém. E é segundo este ritual que foi celebrada a Páscoa de Josias (cf. 2 Rs 23, 21-23).
Já no Novo Testamento, Jesus, quando menino completou doze anos estava entre os doutores e participou da festa depois de adulto: “seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa” (cf. Lc 2, 41-43; Jo 2, 13-23).
Na época do Novo Testamento a palavra páscha possui o mesmo significado do Antigo Testamento. Designa a festa da páscoa e dos ázimos, com os preparativos para a ceia pascal: “Quando Jesus terminou essas palavras todas, disse aos discípulos: Sabeis que daqui a dois dias será a Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado” (cf. Mt 26, 1-3; Mt 26, 17-19).
Tem um significado cristão no antigo escrito do Novo Testamento (ano 54) em 1Cor 5, 7: “Purificai-vos do velho fermento, para serdes nova massa, já que sois sem fermento. Pois nossa Páscoa, Cristo, foi imolado. Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem como fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade”.
E ainda relata com relação a este capítulo a Bíblia de Jerusalém, que na Páscoa segundo o ritual judaico, fazia-se desaparecer todo o pão fermentado que se encontrasse em casa (Ex 12, 15) imolava-se o cordeiro pascal (Ex 12, 6) e comiam-se pães sem fermento (Ex 12, 18-20), tais ritos preparavam simbolicamente o mistério cristão. Por seu sacrifício, Cristo, o verdadeiro, cordeiro pascal, destruiu o antigo fermento do pecado e tornou possível uma vida santa e pura, simbolizada pelo pão sem fermento.
Entretanto, o Novo Testamento faz alusões entre a antiga e a nova páscoa, entre o cordeiro pascal e Cristo, o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1, 29-36; At 8, 32; etc. ). A Páscoa tem um caráter decisivo na última ceia de Jesus, da paixão e da morte, dados que os evangelhos sinóticos, João e as afirmações de Paulo tem um extraordinário interesse para teologia e liturgia do mistério pascal.
A celebração dominical da páscoa está atestada em 1Cor 16, 2: “No primeiro dia da semana (...)”. E a celebração da páscoa no domingo foi sancionada no Concilio de Nicéia, no ano (325) e confirmada na Declaração do Vaticano II, em 4 de dezembro de 1963.