A Santa Igreja ensina que Maria é Sempre Virgem. É o dogma mariano da "real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito homem" (Catecismo da Igreja Católica, 499). Essa doutrina foi definida dogmaticamente pelo Concílio de Trento, em 1555, embora já fosse um dogma no cristianismo primitivo, como indicam escritos de São Justino Mártir e Orígenes.
Assim, desde o início do cristianismo Maria Santíssima é venerada como “Aeiparthenos”, isto é, “Sempre Virgem”.
A maioria dos protestantes negam que ela tenha permanecido virgem durante sua vida terrena.
O simples fato de conhecer os motivos da Santa Igreja jamais poder errar em matéria de fé e moral já é suficiente para acreditarmos em todo dogma proclamado. Talvez se pedirem-nos muito abordaremos a infabilidade em outro artigo, mas neste embasaremos a virgindade perpétua de Maria.
Segundo a Tradição, a Virgem Maria havia feito um voto de castidade perpétua e assim o manteve, mesmo vivendo com S. José, como fica clara pela própria afirmação dela: “Eu não conheço varão”, quando já estava desposada de S. José. (O anjo anuncia que ela ficaria grávida , mas ela nem cogita a participação de homem algum, pois tinha votos de castidade perpétua).
Os protestantes se utilizam da expressão “antes de coabitarem” para demonstrar que Santa Maria teve relações sexuais com São José. Vamos ao trecho em questão: “Maria, sua Mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, ela concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt. 1,18). Ora “antes de coabitarem” significa apenas “antes de morarem juntos na mesma casa”. Isso aconteceu quando “José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. ” (Mt. 1,24).
Aliás a intenção de São José era deixar Nossa Senhora e assumir a “culpa” diante da sociedade de ser o pai que fugiu. Não fosse o anjo ele o faria. Quando o anjo revela que Maria concebeu do Espírito Santo, São José compreende que Maria é do Espírito Santo, não dele. E compreende sua missão de proteção da Sagrada Família. Que honra São José teve de venerar Nossa Senhora como “aquela que foi escolhida” (Miq5,2s) e como homem santo nunca desejou tocar em Maria, pois a venerava como a mãe do Salvador. ·
Assim diz São Jerônimo tradutor da Bíblia Vulgata e doutor da Igreja: "Eu brado ainda mais que José, ele mesmo, aceitou que Maria era virgem, (...). Porque se, como um homem santo, (...) a conclusão é que aquele que foi julgado digno de ser chamado pai do Senhor, permaneceu casto." (São Jerônimo, Da Virgindade Perpétua de Maria, Cap. 21, 383 d.C.)
Alguns cometem outro engano acerca da expressão “filho primogênito”, para continuar negando a Virgindade perpétua de Nossa Santa Mãe. Esta expressão é usada por São Lucas: “Maria deu à Luz o seu filho primogênito“ (Lc. 2,7). “Filho primogênito” significa somente “primeiro filho”, podendo ele ser filho único ou não.
Em um trecho da Bíblia, o Senhor ordena: “contar todos os primogênitos masculinos dos filhos de Israel, da idade de um mês para cima” (Num. 3,40). Se há primogênito de um mês de idade, como é que se pode exigir que, para haver primeiro, haja um segundo filho?
Outro texto bíblico preferido dos protestantes é este: “José não conheceu Maria até que ela desse à luz um filho.” (Mt. 1,25). Aqui a palavra “até” não faz referência apenas ao passado. Isto quer dizer que é errado pensar que depois daquele “até”, José deveria “conhecer” Maria.
Observe os exemplos: “Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte” (II Sam. 6,23). Será que após a sua morte Micol gerou filhos?
Falando Deus a Jacó do alto da escada que este viu em sonhos, disse-lhe: “Não te abandonarei, até não se cumprir tudo o que disse. ” (Gên. 28,15). Será que Deus está dizendo a Jacó que o abandonaria depois?
E ainda Nosso Senhor depois de haver ressuscitado aparece a seus discípulos e diz: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. ” (Mt. 28,20). Depois não estará mais?
Estes exemplos deixam claro que a palavra “até” no texto de Mt. 1,25 é um reforço do milagre operado, a saber, a encarnação do Verbo por obra do Espírito Santo, e não por obra de homem [São José].
Para ajudar na questão peguemos até um herege, Alfred Loisy (1940), que tanto negou o Evangelho, confessa em seu livro Evangelhos sinóticos I,340s, que, estudando no original esse “até que”, “ninguém pode deduzir nada contra a virgindade de Maria”. Note-se que o evangelista não está escrevendo a vida de Maria, mas as mensagens de Jesus. Só lhe interessava o nascimento virginal de Jesus, sem referência ao modo de Maria e José viverem após o Natal. O comentarista francês Joüon, em sua obra L’Evangile, 295s, afirma que “o sentido de “até que” no original não coincide exatamente com o do francês jusque” e nos dá a tradução correta daquela frase: “E sem que José a tivesse conhecido, ela deu à luz um filho”.
Outra forma dos protestantes negarem a virgindade perpétua de Nossa Mãe, é alegando que a Bíblia mostra que ela teve outros filhos, além de Jesus. Em diversos lugares, o Evangelho fala desses “irmãos” de Jesus: “estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos querem ver-te” (Mt. 12, 46-47; Mc. 3,31-32; Lc. 8,19-20).
Isso porque as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem “primo” ou “prima”, e serve-se da palavra “irmão” ou “irmã”. Assim são empregadas para designar sobrinhos, primos irmãos (1 Cro 23,21-22), primos segundos (Lv. 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Portanto a palavra “irmão” era um expressão genérica.
Existem muitos outros exemplos na Sagrada Escritura. Observamos no Gênesis que “Taré gerou Abraão, Naor e Harã; e Harã gerou a Ló” (Gên. 11,27). E Ló então era sobrinho de Abraão. Contudo mais adiante Abraão chama a Ló de irmão (Gên. 13,8). Bem como Labão e Jacó em Gên. 29,12-15.
No Novo Testamento, fica claríssimo que os “irmãos de Jesus” não eram filhos de Nossa Senhora. Estes supostos “irmãos” são indicados por São Marcos 6,3: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?”
Tiago e Judas, conforme afirma São Lucas eram filhos de Alfeu e Cléofas: “Chamou Tiago, filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc. 6,15-16).
São Mateus diz que José é irmão de Tiago: “Entre os quais estava…Maria, mãe de Tiago e de José” (Mt. 27,56).
Esta Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de São José, mas de Cléofas, conforme São João (19,25). Era também irmã de Nossa Senhora, como se lê em São João (19,25): “Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria [esposa] de Cléofas, e Maria Madalena”.
Quanto a Simão, não são citados seus pais. Nunca é chamado filho de Maria ou de José; não queiramos fazê-lo nós, mas provavelmente era irmão dos outros três, “Tiago, José e Judas” como nos dita a tradição da Santa Igreja.
O historiador Hegésipo (historiador antigo sec. II), informa que Simão é filho de Cléofas: “Todos unanimemente consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja, Simão, filho de Cléofas, de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc. 24,18; Jo. 19,25). Diz-se que era primo do Salvador. ” (HE III,11). Simão é, pois, conforme Hegésipo também filho de Cléofas, portanto, primo de Jesus.
Os “irmãos de Jesus” nunca são ditos “filhos de Maria” e Maria só é chamada pelo Evangelho de Mãe de Jesus. Quando Jesus atingiu doze anos (Lc.2,41-52) a Sagrada Família compunha-se de três pessoas: José, Maria e Jesus. Nenhum irmão mais velho ou mais novo, e doze anos era bem provável estarem com mais crianças!
E ainda se Maria Santíssima tivesse outros filhos ela não teria ficado aos cuidados de São João, que não era da família, mas com seus filhos, segundo ordenava a Lei de Moisés.
Então ficam as perguntas: Por que nunca os evangelhos chamam os “irmãos de Jesus” de “filhos de Maria” ou “de José”, como fazem em relação a Nosso Senhor? E como durante toda a vida da Sagrada Família, os números de seus membros são três? E por que Maria é entregue aos cuidados de São João e não aos “irmãos de Jesus”?
Vejamos agora a opinião dos primeiros cristãos:
São Tiago Menor que realizou o esquema da liturgia da Santa Missa escreveu: “Prestemos homenagem, principalmente, à Nossa Senhora, à Santíssima Imaculada, abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria…” (S. Jacob in Liturgia sua).
Santo Inácio de Antioquia (†107), já dizia:
“O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus.” (Ef 19.1)
"Houve quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (...) que é mestra da virgindade, (...) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus resolvesse andar as voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal”. (Santo Ambrósio (339-397), De Inst. Virg. I, 3). (“De Institutione Virginis et Sanctae Mariae virginitate perpetua ad Eusebium " CAPUT IV, 35 B - S. Ambrosius.)
"O Filho de Deus encarnou-Se, isto é, foi gerado de modo perfeito por Santa Maria, a sempre Virgem, por obra do Espírito Santo" (Santo Epifânio, Ancoratus, 119,5; DS 44, 374 d.C.).
"Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho - que se tornou mãe antes de se casar - permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho." (São Jerônimo, Da Virgindade Perpétua de Maria, Cap. 2, 383 d.C.)
"Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada" (Dídimo o Cego, "A Trindade 3,4", 386 d.C.).
"Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre" (Santo Agostinho, sermão, 186, 1: Pl 38, 999).
"Quem jamais houve que tivesse ousado proferir o nome de Maria sem acrescentar a palavra "Virgem"? Porque Ela permaneceu Virgem ilibada. Negá-lo, seria grande perversidade". (Santo Epifânio, Panarion, em "Adversus haereses", 403 d.C.).
"Se a dignidade de ser Mãe de Deus supôs a virgindade antes e no parto, essa mesma dignidade segue existindo depois do parto" (São Tomás de Aquino, S. Th. III, q. 28, a .3).
E existem muitos outros testemunhos primitivos acerca da virgindade perpétua de Nossa Santa Mãe.
Assim a Santa Igreja que guarda o depósito da fé e o verdadeiro testemunho dos apóstolos através de homens fiéis (2Tm2,2), e só se manifesta quando tem certeza dos assuntos após todos os estudos (1Tm3,15), declarou pelo Papa Paulo IV, em 07/08/1555, a perpétua virgindade de Maria entre os temas fundamentais da fé. Assim se expressou: “A Bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto. ”
E complementa o nosso Catecismo: “O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe diminuiu, mas sagrou a integridade virginal” de sua mãe. “Aeiparthenos” “sempre virgem. ” (§499).
Salve Maria!
***Se qualquer texto apresentado contraria o Sagrado Magistério da Igreja, desde já o rejeitamos, porque a Fé católica é a luz de nossos olhos que ilumina nossos passos. ***
*** "Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo". (Gl. 1,10) ***
***"Falamos, não para agradar aos homens, e sim a Deus, que sonda os nossos corações". (1Ts. 2,4) ***
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