Liturgia Diária

Sábado SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA BISPO E MÁRTIR (Vermelho, Prefácio Comum ou dos Santos ? Ofício da Memória)

17 de Outubro de 2020

 

Antífona de Entrada

Estou pregado na cruz com Jesus Cristo: já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim. Vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,19s).

Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, que ornais a vossa Igreja com o testemunho dos mártires, fazei que a gloriosa paixão que hoje celebramos, dando a santo Inácio de Antioquia a glória eterna, nos conceda contínua proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura (Efésios 1,15-23)

Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
15 Por isso também eu, tendo ouvido falar da vossa fé no Senhor Jesus, e do amor para com todos os cristãos,
16 não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações.
17 Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento dele;
18 que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva aos santos,
19 e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco, que abraçamos a fé. É o mesmo poder extraordinário que
20 ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o sentar à sua direita no céu,
21 acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro.
22 E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja,
23 que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 8

Vós destes o domínio ao vosso Filho
sobre tudo o que criastes.


Ó Senhor nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
Desdobrastes nos céus vossa glória
com grandeza, esplendor, majestade.
O perfeito louvor vos é dado
pelos lábios dos mais pequeninos.

Contemplando estes céus que plasmastes
e formastes com dedos de artista;
vendo a lua e estrelas brilhantes,
perguntamos: “Senhor, que é o homem,
para assim vos lembrardes
e o tratardes com tanto carinho?”

Pouco abaixo de Deus o fizestes,
coroando-o de glória e esplendor;
vós lhe destes poder sobre tudo,
vossas obras aos pés lhe pusestes.

Evangelho (Lucas 12,8-12)

Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, a verdade, de mim irá testemunhar; e vós minhas testemunhas sereis em todo lugar (Jo 15,26s).


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 12 8 disse Jesus: “Todo o que me reconhecer diante dos homens, também o Filho do Homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus;
9 mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.
10 Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem obterá perdão, mas aquele que tiver blasfemado contra o Espírito Santo não alcançará perdão.
11 Quando, porém, vos levarem às sinagogas, perante os magistrados e as autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de falar em vossa defesa,
12 porque o Espírito Santo vos inspirará naquela hora o que deveis dizer”.
Palavra da Salvação.

 

Oração
Senhor Jesus, dá-me sempre o teu Espírito Santo para me sustentar e inspirar quando eu for chamado a dar testemunho de ti.

 

Sobre as Oferendas

Ó Deus, aceitai esta nossa oblação como acolhestes santo Inácio de Antioquia, trigo do Cristo, transformado pelo martírio em pão sem mistura. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da Comunhão

Eu sou o trigo de Cristo, serei moído pelos dentes das feras para tornar-me um pão sem mistura.

Depois da Comunhão

Sejamos revigorados, ó Deus, pelo pão celeste que recebemos na festa de santo Inácio de Antioquia, para que não tenhamos apenas o nome de cristãos, mas realmente o sejamos por nossa vida. Por Cristo, nosso Senhor.

Santo do Dia / Comemoração (SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA)

No centro do Coliseu romano, o bispo cristão aguarda ser trucidado pelas feras, enquanto a multidão exulta em gritos de prazer com o espetáculo sangrento que vai começar. Por sua vez, no estádio, cristãos incógnitos, misturados entre os pagãos, esperam, horrorizados, que um milagre salve o religioso. Os leões estão famintos e excitados com o sangue já derramado na arena. O bispo Inácio de Antioquia, sereno, esperava sua hora pronunciando com fervor o nome do Cristo. Foi graças a Inácio que as palavras cristianismo e Igreja Católica surgiram. Era o início dos tempos que mudaram o mundo, próximo do ano 35 da era cristã, quando ele nasceu. Segundo os estudiosos, não era judeu e teria sido convertido pela primeira geração de cristãos, os apóstolos escolhidos pelo próprio Jesus. Cresceu e foi educado entre eles, depois sucedeu Pedro no posto de bispo de Antioquia, na Síria, considerada a terceira cidade mais importante do Império Romano, depois de Roma e Alexandria, no Egito. Gostava de ser chamado Inácio Nurono. Inácio deriva do grego "ignis", fogo, e Nurono era nome que ele mesmo dera a si, significando "o portador Deus". Desse modo viveu toda a sua vida: portador de Deus que incendiava a fé. Mas sua atuação logo chamou a atenção do imperador Trajano, que decretou sua prisão e ordenou sua morte. Como cristão, deveria ser devorado pelas feras para diversão do povo ávido de sangue. O palco seria o recém-construído Coliseu. A viagem de Inácio, acorrentado, de Antioquia até Roma, por terra e mar, foi o apogeu de sua vida e de sua fé. Feliz por poder ser imolado em nome do Salvador da humanidade, pregou por todos os lugares por onde passou, até no local do martírio. Sua prisão e condenação à morte atraiu todos os bispos, clérigos e cristãos em geral, de todas as terras que atravessou. Multidões juntavam-se para ouvir suas palavras. Durante a viagem final, escreveu sete cartas que figuram entre os escritos mais notáveis da Igreja, concorrendo em importância com as do apóstolo Paulo. Em todas faz profissão de sua fé, e contêm ensinamentos e orientações até hoje adotados e seguidos pelos católicos, como ele tão bem nomeou os seguidores de Jesus. Numa dessas cartas, estava o seu especial pedido: "Deixai-me ser alimento das feras. Sou trigo de Deus. É necessário que eu seja triturado pelos dentes dos leões para tornar-me um pão digno de Cristo". Fazia-o sabendo que muitos de seus companheiros poderiam influenciar e conseguir seu perdão junto ao imperador. Queria que o deixassem ser martirizado. Sabia que seu sangue frutificaria em novas conversões e que seu exemplo tocaria o coração dos que, mesmo já convertidos, ainda temiam assumir e propagar sua religião. Em Roma, uma festa que duraria cento e vinte dias tinha prosseguimento. Mais de dez mil gladiadores dariam sua vida como diversão popular naquela comemoração pela vitória em uma batalha. Chegada a vez de Inácio, seus seguidores e discípulos esperavam, ainda, o milagre. Que não viria, porque assim desejava o bispo mártir. Era o dia 17 de outubro de 107, sua trajetória terrena entrava para a história da humanidade e da Igreja.