Mensagem de Dom Carlos José

14 Abr 2022
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COM MARIA, FELIZ PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO! “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado à humanidade pelo qual possamos ser salvos” (At, 3-12). Irmãos e irmãs, sabemos que a Páscoa é a maior e mais importante celebração da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nos preparamos por 40 dias, com jejuns, penitência e a prática da caridade, para bem vivermos esse Tempo Santo, a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. A vivência quaresmal nos chamou a uma autorreflexão, um olhar para dentro de nós mesmos, com sinceridade e muita atenção ao nosso modo de agir, ser e pensar. A Quaresma sempre é um chamado pessoal verdadeiro para mudanças de atitudes que nos façam retornar ao caminho da santidade e da conversão. Agora, depois de vivenciarmos essa experiência quaresmal, somos exortados a tirar o foco de nós mesmos e a olhar diretamente para Cristo Jesus, sua Vida, Paixão, Crucificação, Morte e Ressurreição. A Quaresma nos prepara e a Semana Santa dirige nossos corações para vivermos a realidade central da fé cristã: nosso Senhor Jesus Cristo está vivo no meio de nós! Na vivência da Semana Santa devemos perceber a realidade da misericórdia infinita do Pai que, para nos resgatar das trevas do pecado, nos dá seu próprio Filho, para morrer no nosso lugar. Essa realidade é um fato histórico, não algo inventado, como se fosse uma simples lenda. Essa Verdade incontestável deveria nos bastar para vivermos a fé e a obediência a Deus e seus planos de amor. Nossa Igreja é sábia, pois, regida pelo Espírito Santo, sabe que, se não formos constantemente lembrados dessa realidade, facilmente nos perderíamos do Pai e, sendo assim, anualmente a Liturgia faz memória desse acontecimento para que permaneçamos no caminho preparado por Deus. A partir do Domingo de Ramos, somos convidados a celebrar com fé e humildade o Tríduo Pascal, ápice e centro da vida de todo cristão. Esses dias que antecedem a Ressurreição de Cristo devem ser vividos de forma intensa, com verdadeiro sentido de sermos o povo de Deus, pelo qual Jesus deu a própria vida. A Quinta-feira Santa, dia festivo da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, marca o início do Tríduo Pascal que se finda no Sábado Santo, com a Vigília Pascal. São três dias de respeito, gratidão e oração que nos deve remeter a imitar o silêncio contemplativo da dor da Virgem Maria, que guardava no seu Coração Imaculado, toda angústia e sofrimento pelo Calvário que passaria seu amado Filho, mesmo sabendo que a morte Dele não seria o fim, e sim o começo de um novo tempo de perdão, salvação e libertação das amarras do pecado. Podemos imaginar que a Virgem Maria estava com o Filho quando este lavou os pés de seus discípulos e os ensinou a fazer o mesmo; também quando da instituição da Eucaristia, Ela, que foi o primeiro Sacrário Eucarístico. Como poderia ser diferente? A Senhora das Dores, que se fez Serva de Deus e da humanidade sempre esteve e está junto ao Filho. Ela é a Mãe amorosa e persistente que nos ensina que devemos ser e fazer tudo conforme a vontade do Pai. Aquela que gerou o Corpo que hoje comungamos, nos pede, também agora, que sejamos humildes a ponto de lavar os pés dos que não nos são tão queridos e amigos, e nos ensina que devemos ter uma vida eucarística para estarmos sempre com Jesus, em todas as situações. Também, na Sexta-feira Santa, o segundo dia do Tríduo Pascal, a Mãe de Cristo, aos pés da Cruz, acompanha todo o sofrimento do Amado. Lágrimas silenciosas devem rolar de seu rosto ao sentir em seu corpo as dores atrozes que o próprio Filho sentia, porque mães são assim, sentem em si os sofrimentos dos filhos. Ali, diante da Cruz, a Virgem Maria nos ensina a crermos na misericórdia do Pai, que não abandona, não se afasta e não nos deixa sozinhos com nossas cruzes. Ao receber o Cristo morto em seus braços, Maria também nos recebe em seu colo materno, pois ali, naquele regaço acolhedor cabemos todos nós, muitas vezes mortos pelos pecados, pela falta de fé e pelo desânimo espiritual e corporal. Aquele colo nos acolhe hoje, nos afaga e nos dá a necessária esperança de que o caminho sempre pode tornar-se novo, na fé, na oração e no perdão. A Sexta-feira da Paixão é dia de recolhimento, jejum, oração e reflexão. Não é dia de festa. É dia de espera silenciosa pela ressurreição do Cristo Salvador. Que nesse dia, nossa oração seja intensa, tão intensa quanto foi a fé de Nossa Senhora. Façamos Vigília ao lado de Maria Santíssima, unamos nossas dores e nossas esperanças às Dela, aguardando a Solene Vigília Pascal. E eis que o Fogo Novo aceso no Sábado Santo dissipa toda treva, a Luz de Cristo ilumina toda humanidade: é a nossa Páscoa, Cristo Ressuscitou para nossa salvação! Todos os cristãos, unidos à Igreja de Cristo celebram com alegria a Ressurreição: fomos salvos pelo Sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Renovemos no Sábado Santo as promessas batismais na firme esperança de que toda dor será transformada em alegria se nos deixarmos guiar pelo Ressuscitado. O Tríduo Pascal nos lembra que o caminho da Cruz é a via da Redenção. Quantas cruzes nos pesam aos ombros, quantas pedras nos prendem no sepulcro dos nossos pecados! Somente Jesus poderá rolar as nossas pedras e aliviar o peso de nossa cruz. Não há cruz sem Cristo. Quem procura Cristo sem a cruz, corre o risco de encontrar a cruz sem o Cristo. Que a celebração e a vivência do Tríduo Pascal sejam para cada um de nós um programa de vida e de retomada da fé em Cristo e em sua Igreja. Que Nossa Senhora, Mãe do Ressuscitado nos auxilie a tomarmos posse da Vitória alcançada em Cristo Jesus. Feliz e Santa Páscoa. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - PR


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