Homilia, 11 de fevereiro de 2013 Catedral

13 Fev 2013
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Amados irmãos, estamos celebrando a festa da Padroeira de nossa Diocese e da cidade de Apucarana. Neste dia 11 de fevereiro de 2013, dia de Nossa Senhora de Lourdes, dia do Enfermo, dia em que o Santo Padre anuncia sua renúncia que acontecerá em 28 de fevereiro, às 20h00, certamente a Mãe de Jesus está velando pela Igreja de seu Filho Jesus que, segundo as palavras do próprio Jesus no evangelho, “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Portanto, não tenhamos medo e nem nos deixemos influenciar por falsas e enganosas profecias que tentam provocar pânico entre os fiéis. A Igreja é de Jesus Cristo, a Igreja é de Deus, a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo. Não temos nada a temer. Sentimo-nos surpresos pela notícia, acontecimento normal, mas não comum, pois o último papa que renunciou foi Gregório XII em 1415. Tudo correrá bem. Tenhamos esta segurança. Enquanto isso, solidários ao Santo Padre, intensifiquemos nossas orações por ele e por toda a Igreja.

Louvamos a Deus por ter escolhido Maria para ser a Mãe do Salvador. Agradeçamos a Maria pelo seu SIM que mudou a história da humanidade. Pelo seu FIAT a salvação aconteceu e todos podemos experimentá-la, e a experimentamos na medida em que respondemos positivamente ao amor de Deus que nos amou primeiro. Se a nossa resposta, iluminada pela fé, se concretiza em nós por uma vida convertida e comprometida com o Reino de Deus, especialmente no seguimento de Jesus como seus fiéis discípulos, então podemos testemunhar que estamos salvos. E esta salvação nos foi favorecida pelo SIM de Maria.

Maria, a Virgem esposa de José, a mulher vestida de sol, a quem Deus escolheu desde o primeiro momento da sua existência para ser a mãe do seu Filho feito homem foi a primeira a ser preenchida pela grande bênção da salvação. Ela, como a saúda Santa Isabel, é a "bendita entre as mulheres" (Lc 1, 42). Ela é a mulher que acolheu Jesus em si e o deu à luz para toda a família humana. Toda a sua vida está na luz do Senhor, no âmbito do nome e do rosto de Deus encarnado em Jesus, o «fruto bendito do seu ventre». Conforme lemos nos santos evangelhos, Maria é apresentada deste modo: totalmente dedicada a conservar e meditar no seu coração tudo o que diz respeito ao seu filho Jesus (cf. Lc 2, 19.51); numa atitude de serviço e como intercessora, nas bodas de Caná; de maneira silenciosa e plenamente contemplativa aos pés da cruz; como mulher orante nas vésperas de Pentecostes, em companhia dos santos Apóstolos; enfim, Maria é toda de Deus e toda nossa.

Maria é nossa mãe e modelo para toda a Igreja, que acolhe na fé a Palavra divina e se oferece a Deus como "terra fecunda" onde Ele pode continuar a cumprir o seu mistério de salvação. A Igreja, pela sua pregação, espalha pelo mundo a semente do Evangelho, e por meio dos santos sacramentos, transmite aos homens a graça e a vida divina; com isso, ela também participa do mistério da maternidade divina. Daí dizermos que a Igreja é nossa Mãe. Sim, a Igreja vive esta maternidade, particularmente, no Sacramento do Batismo, ao gerar os filhos de Deus da água e do Espírito Santo, que em cada um deles exclama: "Abba! Pai"! (Gal 4, 6).

Como Maria, a Igreja é mediadora da bênção de Deus para o mundo: acolhendo Jesus recebe a bênção e a transmite levando Jesus aos demais. Ele é a misericórdia e a paz que o mundo não pode dar para si mesmo e que o mundo precisa tanto e mais do que pão. Maria nos conduz a Jesus. E nossa devoção mariana não teria sentido se assim não fosse. Portanto, a finalidade de nossa devoção a Maria é a comunhão com Deus no seguimento de Jesus como seus discípulos. E ao mesmo tempo que discípulos, também missionários, pois como Maria, cada um de nós devemos levar os que nos circundam a Jesus, para que nele seja libertos e salvos.

Que a Virgem Maria, que "respondeu com fé, aceitando com coragem o projeto de Deus para a sua vida, ela que acolheu em si a Palavra eterna do Altíssimo", ela que se abandonou a Deus sem reservas, conduza-nos a uma resposta sempre mais generosa e incondicionada aos propósitos que Deus, na sua eterna sabedoria, tem a todos nós, mesmo quando nos encontramos em situações que nos levam a abraçar a cruz." (Bento XVI).

 

A fé de Maria a transforma em uma autêntica missionária. Ela sai e às pressas vai ao encontro de sua prima para levar a boa notícia. Quantas pessoas, especialmente anciãs e doentes, encontram-se em condições semelhantes à espera de nossa presença e de nosso anúncio do amor de Deus!

 

Maria, que se definira serva do Senhor, "serve o Senhor que encontra nos irmãos", mas o ápice da sua caridade consiste em fazer encontrar Cristo: "Jesus é o verdadeiro e único tesouro que temos a dar à humanidade. É d"Ele que os homens e as mulheres do nosso tempo têm profunda nostalgia, mesmo quando parecem ignorá-lo ou rejeitá-lo. É d"Ele que têm grande necessidade a sociedade em que vivemos, a Europa, o mundo inteiro." (Bento XVI).

 

A mãe de Jesus, “concebida sem pecado” é, na realidade, como nós: “Viveu as mesmas alegrias que nós, as mesmas dores, momentos felizes e momentos difíceis, fadigas como as nossas e o mesmo entusiasmo, sempre confiando e colocando-se nas mãos de Deus”

Sem Jesus, a humanidade vive uma festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus, e as últimas palavras que ela diz neste evangelho são um convite: «Façam o que Jesus mandar.»

Que a Virgem Maria, que hoje veneramos com o título de Nossa Senhora de Lourdes, nos ajude a contemplar a face de Jesus. Que Ela nos ajude e nos acompanhe no caminho para um mundo novo de paz. Amém!

 

Dom Celso A. Marchiori

Bispo de Apucarana


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