DECRETO RECOMENDA DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA DE PADRES

28 Out 2013
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 Diversos padres de Apucarana e região que estavam integrados a algum partido político se desfiliaram de suas siglas no final de agosto e no início deste mês. A medida atende a uma recomendação do bispo da Diocese de Apucarana, Dom Celso Antônio Marchiori, que baixou um decreto neste sentido ainda em meados de agosto. O número de padres que deixaram partidos políticos, com seus nomes, não foi informado pela diocese.

Alguns que pretendiam disputar as eleições de 2014 como candidatos a deputado estadual ou federal já desistiram das suas pretensões. O decreto é bastante rígido para quem não obedecer as orientações, porque isto resulta no afastamento do ministério sacerdotal por determinado período, mesmo que não consigam se eleger.

O bispo Dom Celso tem expressado publicamente que não concorda com o envolvimento de padres na política e, principalmente, se candidatando a algum cargo eletivo. No seu entender, a missão do padre é cuidar da espiritualidade dos fiéis e trabalhar na evangelização das pessoas.

Dom Celso deixa bem claro, no entanto, que esta recomendação não é exclusiva sua e da diocese, mas de toda a Igreja Católica. “O Código Canônico é muito claro em suas orientações e justamente aí se encontra a resposta que queremos dar”, declara.

De acordo com o bispo, a matéria que rege a questão da participação ou não de padres na política se encontra no Código de Direito Canônico de 1983, especificamente nos cânones 285 parágrafo 3º e 287 parágrafos 1º e 2º. “Os clérigos se abstenham de tudo aquilo que é inconveniente ao próprio estado, segundo as disposições do direito particular”, diz o texto. “Evitem aquilo que, mesmo não sendo indecoroso, é alheio ao estado clerical”.

Dom Celso cita que, pelo código, os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que impliquem participação no exercício do poder civil. “Os clérigos sempre favorecem de modo máximo a manutenção entre os homens da paz e da concórdia fundada na justiça”, observa o bispo.

Diz ainda o Código de Direito Canônico que “os clérigos não tenham parte ativa nos partidos políticos e na direção de associações sindicais, a não ser que, a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”.

ORIENTAÇÃO

“A Santa Sé e a CNBB têm nos orientado, nos últimos meses, que, para se evitar que os clérigos sejam candidatos, é necessária sua desfiliação partidária. Diante disso, sugeri aos padres e diáconos que se desfiliassem até um determinado dia deste ano. É o que está acontecendo”, explica Dom Celso.

“Queremos com isso preservar aos clérigos aquilo que eles têm de melhor para oferecer ao povo de Deus presente nesta Igreja Particular, que é o exercício de seu ministério sacerdotal em favor de um integral crescimento na vida cristã”, diz o bispo. Assim, de acordo com Dom Celso, eles estarão correspondendo aos apelos de Nosso Senhor que os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a todas as pessoas, tornando-as discípulas minhas”.

* Entrevista publicada na edição de 27 de outubro de 2013 do jornal Tribuna do Norte



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