AUDIÊNCIA DEBATE O TRÁFICO HUMANO

12 Abr 2014
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 O padre Cláudio Ambrósio, diretor do Centro Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Curitiba e formador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse ontem (11/04) em Apucarana, que o tráfico humano é gravíssimo no Brasil e no mundo. Segundo ele, é mais grave que se imagina.

Conforme o religioso, que é especialista no assunto, números oficiais apontam que em todo o mundo existem hoje 29,9 milhões de pessoas na condição de traficadas e pelo menos 2,4 milhões são traficadas a cada ano. Desses números, pelo menos 15% têm alguma relação com o Brasil, que é referência por causa do trabalho escravo que aqui se instalou com a exploração dos negros.
Esta prática, conforme assinala, se dá em quatro modalidades diferentes: o tráfico em que as pessoas são contratadas para o trabalho escravo; a modalidade em que as pessoas são aliciadas exclusivamente para a retirada de órgãos; o tráfico de mulheres para exploração sexual; e o tráfico de crianças para comércio e também retirada de órgãos. 
A revelação foi feita pelo padre em entrevista coletiva à imprensa e durante audiência pública realizada ontem à noite na Câmara de Vereadores de Apucarana, onde foi debatido o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que é Fraternidade e Tráfico Humano. O encontro reuniu lideranças políticas, religiosas e comunitárias, numa parceria entre o Legislativo Municipal e a Cáritas da Diocese de Apucarana.
Também participaram dos debates a psicóloga Cláudia Ribeiro da Silva, do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria Estadual da Justiça; e a enfermeira Salete Arcari; e o padre Paulinho Amaral.

PRÁTICA INTERNACIONAL ESTÁ LIGADA AO TRABALHO ESCRAVO

Padre Cláudio diz que o tráfico humano está intimamente relacionado ao trabalho escravo e há aliciadores de todos os tipos. São aqueles que seduzem pessoas de outros países que passam por dificuldades para buscar a vida em outros, como os haitianos e bolivianos que vêm para o Brasil e aqui vivem em condições subhumanas. As moças que são enganadas com o sonho de ser modelo e acabam sendo exploradas como prostitutas. Ele citou inclusive escolinhas de futebol, que enganam meninos garantindo colocação em clubes de futebol, mas acabam sendo explorados de todas as formas. Todo o tráfico existe por causa da lucratividade que existe por trás, conforme assinala. E os aliciadores exploram principalmente famílias em situação de vulnerabilidade.


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