PROJETO DE INICIATIVA POPULAR DE REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA E ELEIÇÕES LIMPAS Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo Por. Pe. Jefferson Nogueira da Matta
INTRODUÇÃO:
Graves problemas: crise urbana, baixa qualidade de transporte, violência crescente, carência de esporte e lazer, precariedade da saúde pública, sem terra, .... E por que não são resolvidos? Depende da aprovação de um conjunto de reformas: urbana, agrária, tributária, democratizar os meios de comunicação, eleitoral, .... A aprovação dessas reformas depende do Congresso Nacional.
Todavia a atual composição do congresso impede o que será possível com uma forte pressão popular. As manifestações de junho de 2013 trouxeram à luz a crise da representação política. A pesquisa feita a pedido da OAB indicou 90 % dos entrevistados contra o financiamento da campanha eleitoral por parte de empresas e 85 % a favor da reforma política, e 92 % a favor de um projeto de Lei de Iniciativa Popular.
A reforma política foi colocada em pauta em 2014 após ser colocado em votação pelo STF sobre a inconstitucionalidade do financiamento de campanhas eleitorais por empresas.
Necessita-se construir um sistema político mais democrático e representativo, por isso, 101 entidades criaram a coalizão pela reforma Política, para ser aprovada sem emendas que precisam ser resolvidos quatro problemas: 1- o financiamento de campanhas eleitorais por empresas; 2- Proporcional de lista aberta de candidatos; 3- Representação de mulheres; 4- Regulamentação da democracia direta.
1-O que é a coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas? Defende o povo brasileiro se unir pela ampliação das conquistas democráticas, realizando um conjunto de reformas estruturais, não há como realizar essas reformas sem antes aprofundar o processo de democratização do poder político no Brasil através de uma reforma política democrática, com ampla participação da sociedade civil.
2-Projeto de iniciativa popular de reforma política democrática e eleições limpas. FINANCIAMENTO DEMOCRÁTICO DA CAMPANHA ELEITORAL E FINANCIAMENTO DE PESSOAS FISICAS. O problema estrutural mais grave é o financiamento de campanha eleitoral por empresas, uma das principais causas da corrupção. O atual sistema é misto, ou seja, com recursos públicos e privados, porém a contribuição por parte de empresas representa 95% do total arrecadado. Na audiência pública no Supremo Tribunal Federal com objetivo de dar elementos para uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela OAB sobre tal financiamento de empresas, e assim ficou demonstrado os dados em relação aos gastos gerais com a campanha: 2002 800 milhões; 2010 4, 5 bilhões sendo que 1% dos doadores contribuiu com 61 % do total, e 10 desses com 22%; um dado revelador aponta que 0,5% das empresas brasileiras é que elegem políticos. Em 2012, dez maiores financiadoras privadas doaram R$ 92 milhões, sendo 75% de empreiteiras, e somente duas doaram R$ 44.345.000. Essas são contribuições legais, sem contar o CAIXA 2. O departamento Intersindical de Assistência Parlamentar apresentou que dos 594 parlamentares (513 deputados federais e 81 senadores) 273 são empresários, 160 ruralistas e 91 representa os trabalhadores. A ONG – Transparência Brasil apresentou que em 2006, gastou R$ 4,80 por voto obtido; em 2010 R$ 9,50; revelando assim a força do poder econômico dentro do congresso nacional. Isto acaba por determinar que os eleitos acabam representando seus financiadores e não seus eleitores e acabem defendendo os interesses privados de seus financiadores e não da sociedade, gerando a atual crise de representação política no país. Acaba sendo um canal de corrupção eleitoral. DIANTE DESTES DADOS a OAB entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade contra o financiamento por empresas, e fundamentou-se no parágrafo único do Art. 1º da constituição “Todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da constituição”. Para entidade, as empresas não sendo povo, não podem ser fonte do poder.
PROJETO DE REFORMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA E ELEIÇÕES LIMPAS DE N. 6316/2013
Ele proíbe o financiamento de campanhas eleitorais por empresas e propõe o financiamento democrático de campanha que será realizado através de um fundo (recursos de multas administrativas e penalidades eleitorais) e financiamento de pessoas físicas (Maximo de R$ 700,00 e não pode ultrapassar 40% do total repassado pelo fundo ao candidato). Os candidatos receberão do fundo a mesma quantidade em igualdade. Constatada a contribuição de empresas o candidato é cassado seu registro e a empresa fica proibida de contratar com o poder público (cinco anos) e receberá uma multa 10 vezes maior do valor contribuído. A contratação de pessoas para a campanha somente através de contrato escrito, assim favorece a fiscalização identificando o volume de recursos.
AS VANTAGENS DO SISTEMA DE FINANCIAMENTO DEMOCRÁTICO DE CAMPANHAS. Além de barrar a corrupção, vai reduzir o número de candidatos e estabelecer que os recursos públicos sejam distribuídos de maneira igualitária, reduzindo distorções econômicas. Impõe que as doações sejam realizadas na página oficial do Tribunal Superior Eleitoral.
Por que o sistema eleitoral proporcional de lista aberta deve ser mudado?
No sistema proporcional os partidos elegem um número de parlamentares, proporcional ao número de votos no processo eleitoral, por exemplo, 30% dos votos igual a 30% de cadeiras. Este sistema pode usar duas modalidades, optando por uma, a coalizão optou pela segunda, levando em consideração a nossa cultura política acostumada a votar em candidatos:
1-A lista aberta que é a nossa atual hoje com muitos vícios: acabou levando aos eternos parlamentares eleitos pelo poder econômico, e personalizando o candidato e não se debatem projetos e acaba levando a uma disputa interna e associando os legendeiros, tendo como consequência a fragilização partidária, tanto que sempre ouvimos “todos os partidos são iguais e têm a mesma proposta”, esse sistema permite que um candidato acabe elegendo candidatos inexpressivos (Enéias, Romário e Tiririca). Outra deficiência da lista aberta é o grande número de candidatos, tornando caro as eleições e quase impossível fiscalizar o processo eleitoral (gastos).
2-A Lista pré-ordenada e em dois turnos: No 1º turno o voto será dado ao partido atendendo à plataforma política e a lista pré-ordenada de candidatos, neste turno fica assegurado o debate em torno de ideais e projetos para solucionar os problemas do país (base do coeficiente será definido o número de vagas parlamentares de cada partido). No segundo turno, o voto será dado ao candidato. Participarão do segundo turno os candidatos equivalentes ao dobro de vagas obtidas por cada partido, assim o partido que obtiver cinco vagas no parlamento, disputará o segundo turno com os dez primeiros nomes de sua lista de candidatos. Caberá ao eleitor dar a palavra final sobre quais candidatos serão eleitos. O fundo democrático de campanha será distribuído de maneira igual entre os candidatos. Essa proposta reduz drasticamente o número de candidatos. A lista dos candidatos a ser definida em eleições primárias com todos os filiados do partido e essa eleição será acompanhada pela justiça eleitoral e o Ministério Público (quebrando a possível lista feita por “caciques”).
As mulheres mesmo sendo a metade da população (51, 3% do eleitorado, tem uma ínfima representação parlamentar, vejamos: dos 513 deputados federais somente 46 são mulheres (8, 96%), e entre os 81 senadores apenas 8 são mulheres (9%). A alternância de gênero na composição da lista partidária. Essa medida visa a uma destinação de 50% das vagas às mulheres o que pode contribuir mudar o quadro discriminatório atual.
Na democracia representativa o povo se manifesta por seus representantes eleito. Na democracia direta o povo se manifesta diretamente através do plebiscito (constituição de 1988 no Art, 1º estabelece a soberania popular). A constituição prevê três mecanismos: 1- plebiscito (21/04/1993 sobre a forma de governo); 2- referendo (23/10/2005 sobre o desarmamento), e projetos de iniciativa popular (Lei 9840 combate a corrupção eleitoral, e Ficha Limpa). Em 1998 a proposta do poder executivo foi regulamentada o Art. 14 limitando e dificultando a democracia direta. A proposta da coalizão formula uma nova regulamentação resgatando a noção de soberania popular, definindo que as grandes questões nacionais só poderão ser decididas pelos mecanismos de democracia direta (concessões de serviços públicos, privatizações, construções de grandes obras de impacto ambiental, alienação de bens públicos, entre outros. Os projetos de iniciativas populares poderão ser subscritos por meio de formulário impresso, urnas eletrônicas e assinatura digital na internet e terá rito próprio de tramitação, com a urgência garantida. Caberá à justiça eleitoral conferir as assinaturas.
Pe Jefferson Nogueira da Matta.
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Elcio Rosas
Sempre entendi que o aperfeiçoamento das instituições políticas em nosso país somente poderiam ocorrer mediante o aperfeiçoamento dos nossos pensamentos de acordo com com princípios que fundamentam o pensamento democrático representativo. A nossa democracia é representativa. É uma pena que não esteja consolidada sobre a ideia de representação dos mais diversos interesses da sociedade. O povo é soberano, porém, elege alguém que o represente com os interesses maiores. A maldade da representação ocorre quando o povo é traído. Quando os interesses atendidos são de poucos. Portanto, como desintoxicar a democracia representativa? Como eliminar todos os vícios, corporativismos, clientelismos, cooptações, conluios e \"jeitinhos\" das estruturas políticas? Como aperfeiçoá-la a ponto de que, permita o desenvolvimento social com todas as garantias asseguradas pelo maior livro de lei deste país? De que maneira o Judiciário poderia contribuir para o fim das mazelas nas instituições políticas?
José Aparecido Marques
Juliano
DITADURA BOLIVARIANA PATROCINADA PELOS BISPOS? Reforma Política, CNBB e Teologia da Libertação.
Por Pe. Genésio ? Fratres in Unum.com
Pedimos aos leitores do FratresinUnum,
que leiam o presente texto com a máxima atenção.
A gravidade do assunto o exige.
O Futuro do PT depende da CNBB
Completamente desmoralizado por causa dos escândalos vultuosos de corrupção, repudiado veementemente nas ruas, o Partido dos Trabalhadores (PT) não conseguirá se reeleger em 2018. Nem uma eventual fraude nas urnas poderá salvá-los; ante uma eleição esmagadoramente desfavorável, uma ?vitória? fraudada causaria um levante sem igual. Eles são conscientes disso.
A única alternativa que lhes resta é dar um Golpe de Estado, ou seja, suspender as instituições democráticas que caracterizam um Estado de Direito.
Para fazê-lo, porém, estão bastante desguarnecidos. Sem o favor do exército nacional e com uma militância de guerrilha insuficiente para tanto, um golpe lhes seria muito difícil e, além disso, viria em desencontro com a fachada democrática que falsamente exibem.
A saída para o impasse seria a Reforma Política, que consta de dois momentos: uma reforma eleitoral, e uma nova constituinte exclusiva e soberana. Em outras palavras, o sistema político brasileiro passaria por uma alteração completa.
Contudo, das propostas existentes, a mais expressiva é a da chamada Coalizão pela Reforma Política, que agrega entidades como CNBB, OAB, Liga Lésbica Brasileira, CUT, MST, União da Juventude Socialista, entre outras.
Não adianta a Dom Joaquim Mol diferenciar este Projeto da proposta homônima do PT. De fato, os grupos que o propõem juntamente com a Conferência dos Bispos são aqueles mesmos que apoiam todo o projeto de hegemonia política do partido governante.
Evidentemente, pela força popular que possui, a CNBB é a responsável principal pela coleta de assinaturas que será entregue à Presidência da Câmara dos Deputados, e está convocando uma imensa multidão para fazê-lo em conjunto, na Praça dos Três Poderes, no próximo dia 11 de maio.
O PT está objetivamente perdido se esta proposta de Reforma Política não prosperar.
A CNBB é a única esperança de salvação para o PT.
Os bispos enganados
Como recentemente reconheceu Dom Murilo Krieger, atual vice-presidente da CNBB, as propostas deste projeto de Reforma Política ?não tiveram a participação de todos os Bispos; são fruto, sim, de uma reflexão que envolveu principalmente algumas comissões episcopais?.
A maior parte dos bispos, desacostumados a temas dessa natureza, totalmente empenhados em sua pastoral diocesana, foi literalmente enganada por um pequeno grupo que, sorrateiramente, levou a cabo o tal projeto.
Num recente vídeo, Daniel Seidel, representante da CNBB num evento sobre a Reforma Política na PUC de Goiás, afirmou que
?nós temos que tomar juízo, vergonha na cara, e nos dedicarmos a esta coleta de assinaturas. Por que que eu digo isso? Porque, na verdade, nós não estamos querendo só a reforma política. A reforma política vai dar margem para a reforma tributária, vai dar margem para outras reformas necessárias para repartir. Porque, até então, nestes doze primeiros anos de governo popular no Brasil, nós tivemos avanços importantes acontecendo, mas só que nós chegamos ao limite, e hoje nós temos que distribuir a riqueza que a classe trabalhadora produz nesse nosso país. Agora, a gente só distribui a riqueza com reforma tributária. Não dá mais pra ficar apenas com os importantíssimos programas sociais que existem: o povo quer mais, e quer avançar para uma economia mais igualitária. Agora, para isso, precisa reformar o sistema político brasileiro?.
O representante da CNBB foi bastante contundente na defesa do governo atual, qualificado por ele de ?doze primeiros anos de governo popular?.
O Projeto de Lei da Reforma Política não foi votado na Assembleia dos bispos e a maior parte dos mesmos não concorda com este. O tema tampouco foi submetido a votação nesta última 53a. Assembleia da CNBB, onde apenas deu-se lugar para um ?esclarecimento? de Dom Joaquim Mol.
Isso não foi por acaso! Os bispos queriam que o tema fosse votado e, se tivesse sido, teria sofrido uma derrota esmagadora, pois todos estavam em peso contra a tal reforma.
No fim das contas, o Projeto vai adiante sob a falsa aprovação da CNBB, e os bispos não reagem, quer porque não entendem direito o assunto, quer porque não conseguem enxergar que se trata de um golpe.
A pergunta que nos fazemos é: por que eles não conseguem enxergar? Como se explica essa incapacidade analítica diante de fatos tão clamorosos?
Ainda viva, a Teologia da Libertação
Não há como entendermos o que está acontecendo sem compreendermos bem em que consiste a Teologia da Libertação (TL). Contrariamente ao que se pensa, esta não morreu; antes, vive, e vive operante.
Engana-se quem imagina que a TL seja uma corrente teológica inspirada no marxismo.
A TL é uma metodologia destinada a transformar a Igreja numa organização integralmente marxista. Para entendê-lo melhor, valhamo-nos da reflexão do fundador da TL, o Padre Gustavo Gutiérrez.
Em seu livro ?Teologia da Libertação? (Loyola, São Paulo: 2000, conforme a 9ª. edição original de 1996), Gutiérrez afirma que a história da teologia poderia ser dividida em três fases: no primeiro milênio, a teologia era uma reflexão sapiencial; no segundo milênio, uma reflexão racional; e agora, no terceiro milênio, seria uma ?reflexão crítica sobre a práxis, uma teologia crítica? (cf. pp. 61-71).
Ele assume que ?entre os antecedentes desta teologia estão o pensamento marxista centrado na práxis, dirigido para a transformação do mundo, cuja gravitação se acentuou no clima cultural dos últimos tempos, e constitui-se em marco formal de todo o pensamento filosófico de hoje, não superável? (pg. 65).
Ademais, admite que todos esses fatores ?levaram igualmente à redescoberta ou à explicitação da função da teologia como reflexão crítica?, explicando que, ?reflexão crítica? significa que ?a teologia deve ser um pensamento crítico de si mesmo, de seus próprios fundamentos[?] Referimo-nos também a uma atitude lúcida e crítica com relação aos condicionamentos econômicos e socioculturais da vida e reflexão da comunidade cristã [?] A reflexão teológica seria então, necessariamente, uma crítica da sociedade e da Igreja?, indissoluvelmente unida à práxis histórica? (pp. 67-68).
Gutiérrez não titubeia, e afirma que ?se, porém, parte a teologia dessa leitura e contribui para descobrir a significação dos acontecimentos históricos, é para fazer que seja mais radical e lúcido o compromisso libertador dos cristãos. Só o exercício da função profética, assim entendida, fará do teólogo o que, usando a expressão de A. Gramsci, pode chamar-se um novo tipo de ?intelectual orgânico?? (pp. 70-71).
?Estamos, pois?, conclui Gutierrez, ?diante de uma hermenêutica política do Evangelho? (p. 71), que não se limita apenas a justapor-se a toda a tradição, mas ?leva necessariamente a uma redefinição? daqueles dois modelos anteriores, de modo que ?sabedoria e saber racional terão, daí em diante, mais explicitamente, como ponto de partida e como contexto, a práxis histórica? (p. 72). Portanto, o que ?a teologia da libertação nos propõe não é tanto um novo tema para a reflexão quanto um novo modo de fazer teologia? (pp. 72-73).
Converter-se ao mundo
Para Gutiérrez, do ponto de vista prático, a relação entre Igreja e mundo foi se deslocando ao longo da história. O problema é apresentado através de uma afirmação de Johan Babptist Metz: ?Apesar das numerosas discussões sobre a Igreja e o mundo, nada há de menos claro do que a natureza de sua relação mútua?(p. 100).
Um primeiro modelo é denominado por ele de ?agostinianismo político?, e consiste na convicção de que ?as realidades terrenas carecem de autonomia própria?, e são utilizadas pela Igreja apenas para chegar aos ?seus próprios fins? (p. 108).
Depois da Revolução Francesa, porém, ?a tarefa de construção da cidade temporal será, antes de tudo, busca de uma sociedade baseada na justiça, no respeito aos direitos de todos e na fraternidade humana? e, ?em consequência, a autonomia do temporal é sobretudo afirmada perante a jerarquia eclesiástica?, querendo-se, porém, ?edificar uma ?cristandade profana?, a saber, uma sociedade inspirada em princípios cristãos? (pp. 109-110).
E, por fim, atingimos o ponto de chegada desse processo: ?mais do que definir o mundo em relação ao fato religioso, parece que este deveria ser definido em face do profano? e, na perspectiva eclesial, ?se dantes se tendia a ver o mundo a partir da Igreja, hoje quase se observa o fenômeno inverso: a Igreja é vista a partir do mundo. No passado, a Igreja usava o mundo para seus fins; hoje, muitos cristãos ? e não cristãos ? se perguntam se devem, por exemplo, usar o peso social da Igreja para acelerar o processo de transformação das estruturas sociais?.?A mundaneidade aparece assim como exigência e condição de uma autêntica relação das pessoas entre si e destas com Deus? (p. 121).
Citando Metz, ele indaga: ?será a Igreja realmente algo distinto do mundo?? A Igreja é do mundo; em certo sentido, a Igreja é o mundo: a Igreja não é um não mundo? (p. 128).
Como se vê, para ele, a relação Igreja-Mundo se dá em chave claramente dialética: uma identidade em que prevalece a Igreja, a distinção entre o plano temporal e o plano espiritual, e, por fim, uma nova síntese, a identidade entre Igreja e mundo, na qual prevalece o mundo, numa reinterpretação secularista da Igreja e de sua missão. Para ele, a Igreja serve à transformação do mundo.
Falta-nos entender, porém, como isto se dá.
A Igreja como instrumento para a luta de classes
A teoria de Gutiérrez foi planificadamente exposta na formulação pastoral de Leonardo Boff.
Em seu livro, ?E a Igreja se fez povo. Eclesiogênese: a Igreja que nasce da fé do povo? (3a. Edição, Vozes, Petrópolis: 1986 ? este título, interpretado à luz do que já foi dito, pode ser traduzido com uma linguagem mais clara da seguinte maneira: ?E, finalmente, a Igreja se converteu ao mundo?), ele explica como se devem formar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Primeiramente, define uma CEB como ?constituída de um grupo de 15 a 20 famílias, ou mais, que se reúnem em torno da Palavra de Deus para expressar e alimentar sua fé, discutir à luz desta Palavra seus problemas, e ajudar-se mutuamente? (p. 94).
Um pouco mais abaixo, Boff passa a explicar como as CEBs usam a Bíblia apenas como instrumento para levar o povo a uma percepção materialista da vida, à revolta, à luta de classes. Dividirei o texto para facilitar a compreensão:
?O nível de consciência das comunidades abrange comumente três etapas.
1) Inicialmente, os membros descobrem a Igreja, ou melhor, descobrem que são Igreja: preparam as liturgias, apropriam-se da palavra, comentando os textos escriturísticos e formulando orações, inventam dramatizações e celebrações.
2) Num segundo momento, descobrem a vida, os problemas domésticos, profissionais, a pobreza do grupo; tudo isto não é indiferente para a fé e para o Evangelho. Sob a inspiração religiosa, passam eles à prática da ajuda mútua.
3) No terceiro momento, descobrem a sociedade e seus mecanismos de dominação. Dão-se conta de que sua situação de marginalizados é produzida por certo tipo de sociedade elitista e concentrada nas mãos de poucos.
Geralmente, o povo parte de uma perspectiva religiosa: a pobreza que sofre é opressão que significa pecado e contradição do desígnio de Deus; depois, ele passa para uma visão moral: trata-se de injustiça social, de ganância, de desejo desordenado de lucro; em seguida, chega ele a uma expressão política: há interesses de classe, exploração, violação de direitos básicos, e desemboca, finalmente, numa interpretação econômica: dominação de uma classe sobre a outra, desigualdade de condições e opressão? (p. 95).
Notem que esta é a metodologia utilizada para ir levando pouco-a-pouco todo um grupo de pessoas à psicologia da luta de classes, com escopo revolucionário.
A conclusão de Boff, no fundo, é o pressuposto do qual ele parte. Para ele, o substrato de todos os problemas humanos é de natureza econômica.
Esta convicção, porém, é a própria essência da cosmologia marxista. O próprio Friedrich Engels, discípulo e parceiro de Karl Marx, escreveu que
?as forças motrizes que ? consciente ou inconscientemente e, há que o dizer, na maior parte das vezes inconscientemente ? se encontram por detrás dos móbeis das ações históricas dos homens e que, de fato, constituem as forças motrizes últimas da história, os móbeis dos indivíduos, por muito eminentes que sejam, não serão tão importantes como os móbeis que põem em movimento as grandes massas, povos inteiros e em cada povo, por seu turno, classes inteiras? e que ?todas as lutas políticas são lutas de classe e que todas as lutas que no seu tempo emancipam classes, apesar da sua forma necessariamente política ? porque qualquer luta de classes é uma luta política ?, giram, em última análise, em torno de uma emancipação econômica? (Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã, Biblioteca do Socialismo Científico, 3a. Edição, Editorial Estampa, Lisboa: 1975, pp. 136-139).
Vejam a semelhança absurda da lógica deste texto de Engels com aquele texto de Boff.
Na perspectiva ?libertadora? das CEBs, até mesmo a Escritura pode ser utilizada como instrumento transitório para se chegar a este mesmo resultado.
Para Boff, a Bíblia serve unicamente para isso!
Numa entrevista do ano passado, durante o período eleitoral, Boff criticou durante a candidata Marina Silva, exatamente por causa de suas convicções bíblicas. Reparem bem em suas palavras:
?O que mudou em Marina Silva? Primeiro ela mudou de religião.De um cristianismo de libertação, ligado aos povos da floresta e aos pobres, passou para um cristianismo pietista e fundamentalista que tira o vigor do engajamento e se basta com orações e leituras literalistas da Bíblia. Isso transformou a Marina numa fundamentalista com a mentalidade de alguns líderes muçulmanos: ler a vontade de Deus não na história e no povo, mas nas páginas da Bíblia de 3-4 mil anos atrás. Isso enrijece a mente e a torna ingênua face à realidade política. Ela viverá permanentemente em crise de consciência entre a lógica da realidade e a lógica religiosa, fundada numa leitura velhista, errônea e anti-histórica da Bíblia?.
Concluindo?
A TL não é uma teologia inspirada no marxismo. É o próprio marxismo, enquanto sistema, desde os seus primeiros pressupostos epistemológicos, disfarçado de teologia. É por causa desta identidade entre marxismo e TL que os teólogos e clérigos que a ela aderem passam a ver o programa do PT e, dentro dele, da reforma constitucional, que o projeto do partido exige, como um programa também da Igreja.
Engana-se quem pensa que a TL tenha sido construída com o propósito essencial de levar a Igreja a uma maior sensibilidade para com os pobres.
Durante os meses de julho e agosto de 1988, mais de cinquenta expoentes mundiais da TL reuniram-se em Maryknoll, Nova York, em um congresso para celebrar o sexagégimo aniversário de Gustavo Gutiérrez. Johan Babptist Metz, o sacerdote fundador da Teologia Política na Europa e um dos principais mentores de Gutiérrez, assim declarou sobre o seu aluno:
?Meu amigo Gustavo Gutiérrez, em suas publicações recentes, sempre tem sublinhado que a Teologia da Libertação não diz respeito a uma nova ética para a Igreja, mas à própria Teologia. É este caráter fundamental da Teologia da Libertação que desejamos discutir agora? (Theology in theStruggle for HistoryandSociety; in The Future ofLiberationTheology, Essays in honor of Gustavo Gutierrez, edited by Marc Ellis and Otto Maduro, Orbis Books, Maryknoll, 1989,pp. 165-171. Tradução minha).
Para os bons entendedores, porém, isto já deveria ter estado claro desde o início do primeiro livro de Gutiérrez, quando este afirma que a nova Teologia Crítica não somente deverá suceder a Teologia Sapiencial do primeiro milênio e a Teologia Racional do segundo milênio, mas deverá, futuramente, absorvê-las em si mesma: ?Não se trata de simples justaposição. A Teologia Crítica leva necessariamente a uma redefinição das duas primeiras tarefas da Teologia. A Teologia Sapiencial e a Racional terão, daí em diante, como ponto de partida, a práxis histórica. Não é um novo tema para reflexão, mas uma nova maneira de fazer teologia? (Teologia da Libertação, pp. 71-73).
Como o leitor terá percebido, a verdadeira função da TL é parasitar a Igreja, mantendo uma aparência externa, para metamorfoseá-la em um organismo integrante do projeto revolucionário marxista. Para estes ?intelectuais orgânicos?, a função da Igreja é ser usada como instrumento para a transformação da sociedade na perspectivada cosmologia marxista, obrigando-a a ressignificar-se de acordo com a nova ?teologia crítica?, essencialmente baseada no materialismo econômico e na luta de classes.
São os que já foram conquistados por esta nova cosmologia que nos estão querendo submeter ao engodo deste Projeto de Reforma Política, usurpando o nome da nossa Conferência Episcopal, a despeito da maioria ignorada dos bispos, ameaçando fazer os fiéis da nossa geração passarem a vergonha histórica de serem cúmplices da introdução de uma ditadura bolivariana em nossa nação.
O maior inimigo da Igreja Católica no Brasil é a TL. E é dever de todo católico combatê-la energicamente, pois não podemos permitir que a Igreja seja interceptada por uma ideologia materialista e mundana.
Por isso, convido o caro leitor a divulgar este texto, escrever outros e expor com toda a clareza o modus operandi da TL em nossas igrejas. Peçam a padres e bispos que se manifestem claramente sobre sua própria adesão à TL e sobre o seu verdadeiro conteúdo. Antes que o cupim destroce toda a mobília, peçam que tragam à luz do dia o que é e o que faz a TL.
O Projeto de Reforma Política apresentado pela CNBB é apenas uma decorrência última desta infiltração. Se for bem sucedido, pode ser que a Igreja tenha cumprido sua função e, depois de ter propiciado a completa Revolução socialista no Brasil, possa ser devidamente destruída por aqueles que a interceptaram por dentro.
O papel do Brasil no cenário da revolução continental que o Foro de São Paulo visa criar, gerando a ?grande pátria latino-americana?, é decisivo. Se perder o governo do Brasil, não apenas o PT estará perdido, mas todas as décadas de revolução latino-americana irão por água abaixo. O Foro de São Paulo sofrerá uma grande hemorragia.
Por isso, não podemos nos deixar enganar. Faça um grupo, procure seu bispo, fale sobre esta situação dramática. Você vai perceber que a maioria dos bispos já está compreendendo a situação e precisa deste apoio para poder agir. Não vá sozinho; o grupo proporciona um ambiente de diálogo, dentro do qual é mais fácil chegar a um discernimento.
O futuro do Brasil está nas mãos da Igreja. Não podemos cruzar os braços diante dAquele que no-los abriu na cruz!
Deus salve a Igreja!
Deus salve o Brasil!
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