Maria Santíssima e o Concílio Vaticano II

06 Mai 2015
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“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo... Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1, 28. 30).

Estamos celebrando, agradecidos, o Jubileu do imenso dom que foi o Concílio Vaticano II. Convocado por São João XXIII e encerrado pelo Beato Paulo VI, o Concílio Vaticano II (1962-1965), foi e continua sendo uma corajosa opção de reavivamento espiritual e pastoral, e um chamado para a Igreja abrir as janelas para a modernidade. Sim, a Igreja é chamada a abrir suas portas e a dialogar com o mundo. Sem esse diálogo, a Igreja perde sua direção, pois Nosso Senhor a enviou ao mundo para pregar o reino de Deus. A Igreja, embora não seja do mundo, está no meio dele para evangelizar, para ser sal e luz, para transformar o mundo.

A presença da Virgem Maria é muito significativa no Concílio Vaticano II. Um tratado completo sobre o tema mariano está muito bem desenvolvido no capítulo VIII da Lumen Gentium. A maioria dos documentos faz referência a Maria, embora de maneira muito breve, como por exemplo, a Constituição sobre a liturgia, Sacrosantum Concilium, que nos exorta a celebrarmos anualmente os mistérios de Cristo, venerando com amor, Maria, Mãe de Deus, junto com a obra redentora do seu Filho. O documento sobre o ministério e a vida dos presbíteros, Presbiterorum Ordinis, nos apresenta Maria como auxiliadora na missão sacerdotal e modelo de quem acolhe a vontade de Deus. No Decreto Ad Gentes, que nos motiva a sermos missionários, Maria é lembrada como aquela que se abriu plenamente ao poder do Espírito Santo para que se formasse, em seu ventre virginal, Jesus, o missionário do Pai. No Decreto sobre a formação sacerdotal, Optatam Totius, os seminaristas são chamados a cultivar um grande amor a Maria que, aos pés da cruz, foi entregue como mãe ao discípulo amado. Em Perfectae Caritatis, Maria é apresentada como modelo para todas as pessoas consagradas que são chamadas a progredirem na santidade e a produzirem sempre mais abundantes frutos de salvação a toda a Igreja. No documento sobre o apostolado dos leigos, Apostolicam Actuositatem, Maria é o modelo perfeito de vida espiritual e apostólica. Vivendo no recôndito de seu lar, com Jesus e São José, ela colaborou, em atitude profundamente contemplativa, na obra redentora de seu divino Filho. E ela continua colaborando e nos motivando para uma vida apostolicamente eficaz. Na Constituição Dogmática Lumen Gentium, em seu capítulo VIII, encontramos uma síntese bem feita e articulada da doutrina mariana. Maria está aí relacionada com o mistério de Cristo e da Igreja. O Concílio Vaticano II inseriu Maria na História da salvação, especialmente no mistério de Cristo e da Igreja.

Destacando o lado humano de Maria, o Concílio nos faz ver que ela é uma mulher livre, consciente e responsável, cooperadora eficaz no projeto de seu Filho Jesus. E é justamente isso que importa: a presença de Maria sempre desperta uma renovação espiritual na vida de todos os discípulos e discípulas do Senhor, pois ela é, essencialmente, um modelo de fé viva e comprometida com o Reino de Deus.

A presença da Mãe de Jesus, desde a sua preparação até a conclusão do Concílio, deixou marcas extraordinárias em todos os textos do Concílio. Frutos de muita reflexão e maturação, tais textos indicam ainda um caminho a trilhar, onde Maria nos é proposta como modelo de vida e de santidade. Ela nos mostra como continuar o caminho num clima de profunda confiança na Divina Providência, sem medo de enfrentar os desafios que a realidade nos propõe, sem retroceder, mas avançando sempre, ainda que aos poucos e às apalpadelas.

Lembrando e celebrando o nome glorioso desta Mãe tão bondosa, que tão bem realizou a vontade de Deus, neste mês de maio, queremos lembrar carinhosamente de nossas mães que, à semelhança de Maria, cuidaram de nós para que fôssemos pelo batismo feitos filhos de Deus. Premiando nossas mães por tanta dedicação e amor para conosco, façamos ainda, maiores progressos na santidade e, fielmente comprometidos com o Reino de Deus, como verdadeiros missionários, trabalhemos devotados por um mundo mais humano e mais fraterno, onde todos possam viver felizes e em paz.

 

Apucarana, 06 de maio de 2015

 

+Celso A. Marchiori

Bispo de Apucarana


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