Pastoral do Migrante

CARTA MANIFESTO Em defesa da vida, da integridade dos povos e dignidade humana.

Estivemos reunidos em Apucarana - PR, durante os dias 4,5 e 6 de março de 2016, no encontro da Pastoral do Migrante da Regional Sul 2.

Organizações de defesa dos direitos humanos, Diáconos, Padres, Bispos, representante da CNBB, migrantes haitianos, Freiras, Religiosos, Pastorais Sociais, Professores, Assistentes Sociais, Jornalistas, estudantes e pessoas da sociedade civil, estivemos todos ali comprometidos com a luta dos excluídos e excluídas, para usar um termo do Papa Francisco, “os sobrantes”. A degradação social de populações tradicionais, camponeses, mulheres e trabalhadores empobrecidos tem sido o caminho histórico. Porém toda sujeição têm limite, e durante uma longa jornada que custou a vida de homens e mulheres que assumiram a luta por uma sociedade menos desigual, pessoas que sonharam em construir uma terra livre das amarras de um sistema opressor, pessoas como; Zumbi dos Palmares, Maria Quitéria, Santo Dias, Edson Luís, Ajuricaba, Chico Mendes, Irmã Dorothy Stein, Dorcelina Folador e tantos outros que nos inspiram a se insurgir diante das injustiças e assumir a luta por uma terra sem males, pelo fortalecimento e defesa do Estado democrático de direito.

O tempo passou, e como criança tivemos que aprender, nos levantar, dar os primeiros passos, falar, nos organizar. Aprendemos que ninguém nasce escravo, mas é colocado em certas condições de escravidão, e que é por meio da organização e que nós os “de baixo”, podemos interferir com sujeitos históricos e mudarmos as determinações causais dessa sujeição. Setores da sociedade brasileira sentem-se ameaçados com os avanços sociais, econômicos e políticos do povo, que hoje organizam-se em movimentos sociais, conselhos de direitos, Fóruns de debates, entidades da sociedade civil organizada, e que estão nas escolas, lutando por melhores condições de ensino e enfrentando as arbitrariedades das ações governamentais, como ocorreu recentemente no Estado de São Paulo e Paraná. Esses sujeitos acessaram as universidades e têm demonstrado uma grande força na defesa e garantia dos direitos.

Vimos aqui reivindicar que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal investiguem com o mesmo empenho as denúncias públicas contra as grandes corporações econômicas, como a Rede Globo e tantas outras, que sejam punidos os envolvidos, na Operação Zelotes, Publicano e Quadro Negro bem como aquelas noticiadas contra o presidente da Assembleia dos Deputados, Eduardo Cunha, queremos ainda que a jus e lex (justiça e lei) caminhem juntas, e não se tornem objetos de vaidade de nenhum togado. Por fim deixamos aqui nossa reivindicação pelo atendimento das seguintes demandas: reforma agrária, homologação de terras indígenas, agroecologia, economia solidária, autonomia de gestão dos territórios, saúde e educação para todos, democratização dos meios de comunicação. Em defesa de um Estado de direito, da vida, da integridade dos povos e de seus territórios e contra o sequestro da democracia. Estamos em luta.

PASTORAL DO MIGRANTE, REGIONAL SUL 2 - CNBB

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