Desde 2005 a Igreja realiza entre os dias 1º a 7 de outubro a Semana Nacional da Vida, instituída pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), culminando com a celebração, no dia 08, do Dia do Nascituro, ou seja, neste dia em especial, celebramos a vida fecundada, gerada, concebida no ventre materno após a união do óvulo com o espermatozoide: a pessoa, a vida humana, que recebe sua alma no momento da fecundação. Celebrar o dia do Nascituro é celebrar a vida no ventre materno, celebrar aquele que, após a gestação, virá à luz, como nós. A Vida: Dom e Compromisso, mesmo lema da Campanha da Fraternidade desse ano, nos remete à nossa missão de cristãos discípulos/missionários comprometidos com os valores de Deus, que tem como princípio básico o de assegurarmos, já no ventre materno, o direito inviolável do ser humano à vida, promovendo a sua segurança, seu direito irrestrito de nascer, e o cuidado que lhe proporcione esse direito e essa dignidade, desde a concepção até seu fim natural. Urge fazer ecoar na consciência dos homens e mulheres, cristãos ou não, o quanto é necessário, em nossos dias, retomarmos a cultura da vida, valorizar o ser humano, nascido ou ainda no ventre da sua mãe; dar à vida do nascituro a importância que ela tem, pois, atualmente, de forma escancarada, e já há algum tempo, de forma velada, está sendo imposto, de várias maneiras, uma cultura mundana do descartável, da desvalorização da vida, em qualquer estágio. Se nos voltarmos à Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, vemos que o Filho de Deus escolheu o ventre de Maria para vir até nós. Jesus escolheu ser nascituro, embora tenha sido concebido pelo poder do Espírito Santo, foi gestado no ventre da Virgem Maria, dela recebeu um corpo e nasceu. Isso para nos ensinar que toda gestação tem algo de Divino, assim como Jesus recebeu de Maria um corpo e o sangue, mas foi concebido pela vontade de Deus, também cada vida, cada criança no ventre materno cumpre um propósito do Criador: nascer, crescer, viver e morrer, como o fim natural de cada pessoa. Não temos o direito de desprezar a vida dada por Deus, nascida, como nós, do Sopro Divino, e tão amada por Ele, o Criador de todas as coisas, que já nos conhecia no ventre materno (Jer 1,5) e já nos chamava pelo nome antes de nosso nascimento (Isaias 43,1). Cada vida é única e vale o Sangue derramado por Cristo na Cruz, e esse direito, à redenção, ninguém pode tirar de ninguém. (Papa Francisco)
Vivemos numa sociedade que, contraditoriamente, defende o fim das guerras, a abolição da pena de morte, o fim da tortura (defesas justas) e, pasmem, reivindicam o direito ao aborto, como se a vida intrauterina não tivesse importância, condenando inocentes, tirando deles o direito universal e Divino de viver. Em sua Encíclica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco adverte sobre um ‘sinal que nunca deve faltar na ação da Igreja e dos cristãos: a opção pelos últimos, os pequenos e indefesos, os que a sociedade seleciona e joga fora’ (EG, 195), referindo-se também aos nascituros. A vida no ventre materno é sagrada, assim como a nossa vida. Deus tem um propósito para cada pessoa, para nós, para os que já existiram e para os que hão de vir. Toda vida nasce no coração de Deus, não importam as circunstâncias da concepção, o filho gerado sempre é amado por Deus, é inocente, belo e frágil, não um mal a ser extinguido, como se fosse um estorvo, ou uma solução. Portanto, o aborto não é um problema teológico: é um problema humano, um mal em si mesmo. A vida não nos pertence, Deus no-la deu e a Ele voltaremos, somos responsáveis por viver de acordo com a vontade de Dele, cuidando do nosso corpo, da nossa mente, da nossa alma e da nossa fé, para um dia, prestarmos contas sobre o que fizemos com esse Dom que Ele nos deu. Quando a vida humana valer menos do que as demais espécies, seremos os mais dignos de pena. Que Nossa Senhora nos ajude a sermos defensores da vida desde a concepção até o seu fim natural.
Abençoando
+Dom Carlos José
Bispo de Apucarana