O Mês de Outubro é denominado como Mês Missionário. O iniciamos com a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira das Missões e Doutora da Igreja que, com simplicidade, avessa a pretensões, movida por uma estupenda sabedoria e usando uma linguagem simples, tornou-se desde muito jovem um modelo autêntico de missionária do Reino de Deus. Na revelação bíblica, a missão está intimamente relacionada à história da salvação, ao desejo de Deus de ‘que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade’ (ITm 2,4). Por isso a missão está ligada ao envio: ‘Ide, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei’ (Mt 28,19-20). Esse envio justifica e motiva a missão de todo o povo de Deus, cujo objetivo primordial é e sempre será o mandado missionário que Jesus deu aos apóstolos e discípulos. É um ato de obediência fundamental que a Igreja deve prestar, até o fim da história, à vontade de seu autor. Por isso a Igreja procurou sempre tomar consciência de sua natureza missionária. ‘Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade’ (Paulo VI em Evangelii Nuntiandi 14). Eis por que a evangelização é o núcleo central da missão da Igreja. ‘A Igreja peregrina é por sua natureza missionária, visto que ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai’ (Ad Gentes, 2). E, o fim último da missão da Igreja – explica o Catecismo- ‘não é outro senão fazer os homens participarem da comunhão que existe entre o Pai e o Filho no seu Espírito de amor’ (CIC 850). O Pai enviou o Filho ao mundo para salvá-lo, e o Filho enviou a Igreja para continuar sua missão. Quando falamos da atividade missionária da comunidade, precisamos passar da missão à ação, do objeto (o que fazer) ao sujeito (quem vai fazer) do mandado missionário. O Papa Francisco, em sua mensagem para o mês missionário deste ano, nos recorda que, num tempo marcado pelas tribulações e desafios causados pela pandemia do covid-19, o caminho missionário deve, mais do que nunca, ser vivido à Luz da Palavra do profeta Isaias, que, ao ouvir a voz de Deus conclamando “Quem enviarei? Quem irá por nós? Responde: “Eis-me aqui. Envia-me! ” (Is 6,8). Esta chamada provém do coração de Deus que nos interpela, hoje, a nós e a toda Igreja para agirmos como verdadeiros missionários em meio à crise. Podemos estar em barcos diferentes, mas estamos na mesma tempestade, e é certo que, se continuarmos agindo cada um por si, todos perecerão. Não é suficiente apenas perceber a necessidade da missão, é fundamental tomar consciência de que toda a Igreja, e nela cada batizado ou batizada, é o sujeito da missão. Os sacramentos nos dão a Unção espiritual, a força, a coragem e o destemor para agirmos em Nome de Cristo, que nos deu o mandado missionário. Os cristãos não podem permanecer passivos, reduzindo, muitas vezes, sua pertença eclesial a alguns momentos. O Batismo nos fez membros do Corpo de Cristo que é a Igreja, portanto, responsáveis pelo anúncio da Boa Nova. Muitas vezes pensamos que ser missionário é sempre para o outro, ou para alguns. A Igreja é toda missionária em seus membros que agem de diversos modos, de acordo com a multiplicidade e a variedade de dons e carismas. A missão é diária: na vivência pessoal, familiar, no âmbito profissional, diocesano e paroquial. O missionário exerce, antes de tudo, o dom da caridade, e quem assim o faz, está agindo com a Mão de Deus e sua misericórdia. Ser missionário não é privilégio de determinadas pessoas, mas é a essência do “ser cristão”. “Anunciar o Evangelho é necessidade que se me impõe”. (I Cor 9,16). Que a Virgem Maria, a Senhora de Lourdes nos inspire a uma entrega sem reservas ao serviço missionário, conforme a vontade de Deus.
Abençoando
+ Dom Carlos José
Bispo de Apucarana