Palavra do Bispo

Homilia Crismal 2021

01 Abr 2021

Queridos irmãos sacerdotes!

Todos os anos a Missa crismal nos convida a reentrar naquele "sim" ao chamado de Deus, que pronunciamos no dia da nossa Ordenação sacerdotal: Queira aproximar-se o que será ordenado presbítero e nós respondemos PRESENTE. Depois o próprio Senhor, pelas mãos do Bispo, impôs-nos as mãos e nós nos entregamos à missão. Em seguida, percorremos vários caminhos no âmbito da sua chamada. E hoje olhando para nós mesmos e para nossos irmãos sacerdotes, aqui presentes, podemos nos recordar de tantos caminhos já feitos ao longo da vida sacerdotal. Hoje os convido a contemplar os nossos caminhos de sacerdotes na amada diocese de Apucarana. Contemplamos com alegria o caminho já longo do Pe. Lucas Azzopardi, missionário Maltes, que celebrou 50 anos de vida sacerdotal. A vida do querido Pe. José dos Santos, que dia 30 celebrou 25 anos de ordenação. A vida sacerdotal e Josefina do Pe. Antonio Luiz que celebrará, com a graça de Deus, 25 anos de sacerdócio em setembro próximo. A vida do Pe. Albertinho, mestre de tantos, que celebrou 80 anos de vida

Contemplemos com alegria tantos caminhos já percorridos por nós e pelos irmãos. Nossa primeira paróquia, o rosto de tantos irmãos e irmãs. A ansiedade e a alegria de nossa primeira destinação. Os desafios que nos pareciam intransponíveis e que superamos e hoje rimos de nosso medo inicial. Contemplemos a preparação para a nossa ordenação, medos, incertezas e tantas alegrias. Visitemos nossas belas experiências de início do sacerdócio. Nossos amigos e companheiros, nossos familiares, o bispo que nos ordenou. Bela foi a nossa caminhada pessoal e diocesana. Diocese nossa que completou ainda esta semana 56 anos de instalação. De nosso coração um profundo sentimento de gratidão. Contemplemos, também, os momentos mais difíceis e desafiadores. Provações superadas. Amigos, colegas que partiram. Como não contemplar a dor da semana passada quando os queridos Padres Adriano e Francisco nos deixaram vítimas do covid. Nos recordarmos do Pe. Egidio, quase centenário e do Pe. Befa. Quatro irmãos nos deixaram nestes últimos tempos. Saudades, lembranças, tristeza. Tudo amenizado pela certeza da vida eterna e pela misericórdia infinita do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em meio a esta visita ao nosso caminhar presbiteral, neste dia em que renovamos nossas promessas sacerdotais podemos afirmar o que Paulo, depois de anos de serviço ao Evangelho muitas vezes cansativo e marcado pelos sofrimentos de todos os tipos, escreveu aos Coríntios: "Não desanimemos neste ministério, que nos foi concedido misericordiosamente" ( 2 Cor 4, 1)? "Não desanimemos neste ministério". E o mesmo Paulo, escrevendo a Timóteo diz: Te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Tim 1,6-7).

Rezemos neste dia, para que sejamos sempre animados, para que sempre alimentemos de novo chama viva do Evangelho. Para isso muito nos ajudara a contemplação de tantas vezes em que administramos os sacramentos a tantos irmãos e irmãs. A alegria do sacerdote vem de se reconhecer um servidor dos irmãos, lavando os pés de todos e oferecendo o Cristo vivo em seus sacramentos. Recordemo-nos de tantos e tantas que batizamos, confessamos, ungimos, abençoamos no sacramento do matrimonio, das missas celebradas e da Eucaristia distribuída. Nossa alegria brota da certeza de que não só anunciamos, pregamos Cristo Jesus, Único Salvador, Deus e Senhor, mas o fazemos presente pela ação sacramental. A nossa vida é vida sacramental, não sacramentalista, mas sacramental.

O Papa Francisco nos recorda que a nossa “vocação, mais do que uma escolha nossa, é resposta de um chamado gratuito do Senhor”. Assim o Papa nos exorta a “retornar aos momentos luminosos” em que experimentamos o chamado do Senhor para consagrar toda a nossa vida ao seu serviço. 

Em momentos de dificuldade, de fragilidade, de fraqueza, como a grave crise provocada pela pandemia, a pior de todas as tentações é a de ficar a ruminar a desolação”, é necessário “não perder a memória cheia de gratidão da passagem do Senhor na nossa vida” que “nos convidou a apostar tudo n’Ele a serviço de seu povo”.

A gratidão “é sempre uma arma poderosa”. Só se formos capazes de contemplar e agradecer por todos os gestos de amor, generosidade, solidariedade e confiança, bem como de perdão, paciência, suportação e compaixão com que fomos tratados, é que deixaremos o Espírito nos presentear com aquele ar puro capaz de renovar a nossa vida e missão”.

Muito obrigado, queridos irmãos sacerdotes “pela fidelidade aos compromissos assumidos”. De novo o Papa Francisco nos recorda: É “muito significativo” que em uma sociedade e em uma cultura que transformou o “gasoso” em valor, tenhamos a existência de pessoas que apostem na felicidade de doar a vida a Cristo e aos irmãos. Na contemplação agradecida ao Senhor, nos alegramos pelos 3 irmãos que ordenamos sacerdotes no último ano: Pe. Valdinei, Padre Edivaldo e Padre Tiago. Os contemplamos com imensa alegria e acompanhamos com entusiasmo vossos primeiros passos no sacerdócio. 

Enfim irmãos, reconheçamo-nos sempre “ alegres servidores do Evangelho, lavadores dos pés de nossos irmãos. Homens da Esperança Viva que não é otimismo humano apenas, nem só resiliência, mas certeza de fé. Nossa esperança tem nome e endereço:  Cristo Jesus, morto e ressuscitado, presente na Eucaristia, nos sacramentos e nos irmãos mais pobres e necessitados. 

Somos os primeiros servos do Cristo. Ninguém está tão próximo do seu senhor como o servo que tem acesso à dimensão mais privada da sua vida. Neste sentido "servir" significa proximidade, exige familiaridade com o Senhor Nosso Cristo Jesus.

Na familiaridade com Cristo Senhor e no serviço de lavar os pés de nossos irmãos façamos juntos de nossa diocese uma Igreja Hospital de campanha, casa da palavra, do pão, da Caridade e da missão. Vamos juntos Despertar, motivar, essencializar, sempre em comunhão e comunicação, consolando nosso povo e dando esperança. 

Neste ano dedicado a São José, aquele que cuidou dos interesses de Jesus, com os queridos padres josefinos e seu fundador vivamos a alegria de cuidarmos dos interesses de Cristo Jesus, anunciando-o com extremo entusiasmo e alegria. 

A Virgem Santa, presente na última ceia, na instituição da Eucaristia e do sacerdócio, dolorosa aos pés da cruz, exultante de alegria na Páscoa, nos acompanhe e proteja como Mãe e Senhora. E nos alcance o dom de poder proclamar de novo o nosso "sim" à sua chamada: "Eis-me aqui. Enviai-me" Senhor para ungir, consolar e alegrar vosso povo.

Muito obrigado queridos padres pela vossa vida doada alegremente a todos nós. 

 

Dom Carlos José 

Bispo Diocesano de Apucarana

Quinta-feira santa, 1 de Abril de 2021.