Palavra do Bispo

A PAZ EM TEMPOS DIFICIEIS

23 Abr 2021

Nos dois últimos domingos, no evangelho, ouvimos Jesus dizer: A Paz esteja convosco” e isso diante de discípulos apavorados, cheios de medo e incertezas quanto ao passado e quanto ao futuro.  Jesus lhes aparece, vivo, e os saúda, dando-lhes a paz. É o dom que mais desejamos em dias de pandemia. A paz em nossas mentes, a paz com Deus, a paz entre nós, a vitória sobre o vírus, a vacina. Hoje, talvez mais do que nunca, precisamos da paz interior para sermos fortes e vencermos as dificuldades. Essa paz só pode nascer em nós, dentro de nós, se acreditarmos na saudação, no dom de Jesus. Muitos já beiram a depressão, diante do caos provocado pela pandemia. A depressão é excesso de passado em nossas mentes e a ansiedade, excesso de futuro. A certeza da paz no momento presente é a chave para a cura de todos os males mentais. E devemos nos preocupar com a nossa mente. Cuidar dela! E a confiança em Deus vem nos dar forças e paz mental. Preocupados com o passado e o futuro, não vivemos bem o presente. A memória e a imaginação, não controladas, roubam-nos a paz e a tranquilidade.  São Pio de Pietrelcina ensina: “Senhor, eu peço para o meu passado a vossa misericórdia, para o meu presente o vosso amor, para o meu futuro a vossa providência”. Essa é a confiança que o cristão é chamado a experimentar nesse momento de turbulência. Cuidando de nossa mente recordemo-nos do que dizia Santa Tereza D’Avila: “A imaginação é a louca da casa”. Se nos deixarmos levar pela imaginação e pelo pessimismo enlouquecemos e sem motivo real. Teresa compara o nosso desgastante diálogo interno com a taramela do moinho, uma peça de madeira cuja principal função era fazer ruído constante, simplesmente para indicar que o moinho estava funcionando. A Santa sugere que devemos deixar “essa louca falar”, sem interrompe-la, mas sem lhe prestar nenhuma atenção. Parece difícil, mas é necessário em períodos como os nossos.
Em tempos diferentes, mente reta e focada. Jesus, no seu Sermão da Montanha, nos ensina: “Não fiqueis preocupados quanto à vossa vida... Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros. No entanto, vosso Pai Celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles?... Aprendei dos lírios do campo, como crescem. Não trabalham nem fiam, e, no entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles... Vosso Pai Celeste sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não fiqueis preocupados com o amanhã, pois o amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal” (Mt 6,25-34).  Estejamos atentos às notícias, observemos as normas das autoridades sanitárias, mas não deixemos que o desespero tome conta de nossos rumos.
Para nos ajudar o Senhor nos lembra: “Vinde a mim vos todos, cansados e aflitos e eu vos aliviarei” (Mt 28,30). Vamos ao Senhor em nossa oração pessoal, rezando em casa, em família, participando da Santa Missa e recebendo a Eucaristia. Não estamos sozinhos, não estamos abandonados, não estamos destinados ao fracasso. O Cristo caminha conosco nos dando a paz e a certeza: “Vos falei destas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo tereis provações, mas coragem: Eu venci o mundo”(Jo 16,33)

Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana.