Muito se diz, pouco se conhece realmente sobre a vida e a história de São Cristóvão, o Padroeiro dos Motoristas e dos viajantes. Comemora-se no dia 25 de julho o seu dia, sempre com deferência, alegria e confiança, pois que São Cristóvão é tido há séculos como aquele que guia, vigia e protege todos os que a ele se confiam em suas viagens, passeios e trabalhos, seja com automóveis, ônibus ou com os grandes caminhões que trafegam nas estradas e caminhos movimentados ou desertos deste vasto mundo. Conta-se que ao nascer lhe foi dado o nome de Réprobo. Com compleição forte e viril, andou por muitas terras à procura de alguém a quem pudesse servir inteiramente, pois pensava que com sua grande força e virilidade, faria a diferença entre os reis mais poderosos. Sua procura incessante o levou a servir vários ‘senhores’, os quais se intitulavam reis do mundo e soberanos sobre tudo e todos. Porém, tais buscas foram frustrantes, pois os mesmos que se intitulavam os maiores reis da terra, tremiam de medo diante de um nome: Cristo. Réprobo percebeu que aqueles a quem chamava de rei e obedecia, não eram dignos de seu servir, visto que se mostravam fracos e medrosos, seja diante da Cruz de Cristo, seja diante do Nome de Jesus. Percebeu então que era a Cristo que procurava, que Ele era o verdadeiro Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Disposto a encontrá-Lo, numa de suas andanças deparou-se com um homem que o educou na fé cristã. Tendo aprendido que Jesus amava os puros e bondosos de coração e não necessariamente os mais fortes em força física ou tamanho, torna-se cristão. Depois de todo aprendizado e de sua conversão, desejoso de se aproximar do grande Rei Jesus, foi exortado a jejuar e orar muito, porém, ele queria fazer muito mais em benefício dos outros, como era da vontade de Deus. Foi então aconselhado a se instalar à beira de um rio caudaloso, cuja travessia era extremamente difícil, para ajudar os que precisassem atravessá-lo, sem maiores perigos, e, durante esse trabalho, deveria anunciar as belezas de Cristo às pessoas. Assim ele iniciou sua missão. Certa noite, ouviu uma criança chamá-lo, pedindo ajuda para atravessar o rio. Tomou a criança aos ombros e iniciou a travessia. Conforme o fazia, sentiu sobre si um peso tão forte que, mesmo com sua força, pela primeira vez temeu afogar-se. Ao deixar a criança do outro lado da margem, comentou sobre seu peso e teve a revelação que tanto buscara ao longo de sua vida: “Bom homem, respondeu-lhe o menino, não te espantes, pois não só carregaste o mundo inteiro como também o Dono do mundo. Eu sou Jesus Cristo, o Rei que estás a servir neste mundo e para que saibas que digo a verdade, põe teu cajado no chão junto à tua casa e amanhã verás que ele estará coberto de flores e frutos”. E assim aconteceu. A partir desse episódio da criança nos ombros, o valente homem assumiu o nome de Cristóvão “carregador de Cristo”, passando a anunciar Jesus por onde passava, levando à conversão milhares de pessoas com seu testemunho cristão, vindo a ser martirizado por causa de sua fé inabalável. De São Cristóvão aprendemos a usar nossos carismas e dons à serviço dos mais necessitados e humildes, que não têm quem os socorra nas turbulências diárias. Aprendemos que servir e testemunhar é o caminho, é a estrada que nos leva à salvação eterna. Muito invocado pelos viajantes e caminhantes ao longo dos séculos, tornou-se o Padroeiro dos motoristas, especialmente dos caminhoneiros que, guerreiros do asfalto, se submetem à sua proteção diária. Por nossas estradas trafegam os recursos materiais necessários para a nossa subsistência, através dos serviços incansáveis dos nossos irmãos caminhoneiros e motoristas de tantas categorias que passam longo tempo distantes de seus familiares, enfrentando caminhos difíceis, perigosos e desertos, locais sem qualquer infraestrutura ou recursos básicos para as intercorrências, chegam os víveres necessários. São esses irmãos que recorrem a São Cristóvão, o Carregador de Cristo, pedindo sua proteção e intercessão no trabalho árduo a que se dedicam. Supliquemos a São Cristóvão para que ele carregue em seus ombros todos os que trabalham nos transportes de cargas e de passageiros, e a nós mesmos, motoristas e passageiros, nos momentos de trabalho ou de lazer. “São Cristóvão, Padroeiro dos motoristas, alcançai-nos a prudência, vigilância, paciência e firmeza no volante, para que sejamos protegidos dos acidentes. Que sejamos capazes de enxergar a presença de Cristo nas rodovias, nas ruas, nas criaturas e em tudo que nos rodeia. Abençoai-nos e ajudai-nos em nossas idas e vindas, para que vivamos com alegria, glorificando a Cristo, agora e sempre. Amém.
Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana