“Andarei à procura da ovelha perdida e reconduzirei ao redil a que se extraviou, carregarei aquela ferida e cuidarei da que está doente” (Ez 34, 16).
Toda vocação é um mistério que se revela paulatinamente, à medida em que vamos nos conhecendo e descobrindo a finalidade de nossa existência. Cada pessoa, com sua singularidade, tem sua vocação própria, posto que somos diferentes em nossas particularidades e cada um possui um dom. Deus, em sua Sabedoria, confiou a cada filho uma missão especial e igualmente digna. Todos somos cristãos chamados a servir na construção do Reino, cada um a seu modo de vida, com o objetivo de criar comunhão e fraternidade onde vivemos. No mês de agosto a Igreja nos exorta à reflexão vocacional, em seus vários modos. No primeiro domingo de agosto, celebramos o Dia do Padre e dos Ministros Ordenados: Diáconos, Padres e Bispos. O chamado ao sacerdócio, a que denominamos como vocação sacerdotal, nasce do Coração de Jesus. Recordemo-nos que, para perpetuar o Ministério da Salvação, Jesus, na Última Ceia, encarregou seus discípulos de celebrarem o Mistério Pascal, ordenando-lhes: “Fazei isso em memória de mim” (Lc 22,18-19). A partir de Jesus, passando pelos apóstolos, nasciam os sacerdotes, os ministros de Deus. Neste mundo secularizado, muito se questiona a importância do sacerdote e o seu papel na história atual. Será ele realmente necessário entre nós, visto que a individualidade e o ego são potenciais inimigos da fé e da vida eterna? A resposta a esses questionamentos é clara e precisa: o sacerdote traz em si a presença real de Jesus que se revela nele, nos seus gestos e em suas ações, quando este é fiel à sua vocação. A humanidade está sempre em busca do transcendente, de algo ou alguém que lhe traga paz interior e respostas que o mundo não oferece e, dentre tantas atribuições, a figura sacerdotal é o símbolo da visibilidade de Deus entre nós, sendo sua tarefa principal levar Deus aos homens e os homens à Deus, para que estes habitem no mais íntimo do Coração amoroso do Pai. Ao sacerdote é exigido um seguimento total, um morrer para si, um perder a vida no dom de si mesmo para viver plenamente o amor aos irmãos, à Palavra, à Eucaristia e ao Reino de Deus. Ser sacerdote é colocar em risco a própria vida em favor da Igreja de Cristo e do povo de Deus a ele confiado; é carregar na própria carne as angústias, alegrias e dificuldades de suas ovelhas, dedicando seu tempo e escuta para curar as feridas dos outros, em detrimento de suas próprias. O Sacerdote deve assemelhar-se ao Bom Samaritano: olha com amor a ovelha ferida, cuida dela e a leva ao encontro do verdadeiro Amor: Jesus Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote. Acima de tudo, o sacerdote, pelos méritos de Cristo, é o único que tem a graça de nos trazer Jesus Eucarístico, alimento Vivo e Eficaz. Seja no altar da mais bela e suntuosa Basílica ou Catedral, diante de multidões, ou seja, no mais remoto dos lugares, em meio à solidão. Assim aos Ministros Ordenados estão relacionados os sacramentos todos. A vida dos Diáconos, tão presentes em nossa Diocese e a quem tanto devemos, nos auxiliam na missão da evangelização e no testemunho de vida pessoal, familiar e comunitária. O Bispo, como Pastor de uma Diocese, e pai dos sacerdotes e diáconos a ele confiados, tem como missão estar atento às necessidades desses filhos, amparando-os, ajudando-os, corrigindo-os e os ensinando com exemplos e atenção contínua, para que não se percam ao longo do caminho. Rezemos sempre pelos Sacerdotes, Diáconos e Bispos, para que sejamos revestidos pelo Manto da Virgem Maria e protegidos por São José. Cuidemos deles com o mesmo amor e carinho que eles têm pelas ovelhas. Sejamos amigos e provedores dos sacerdotes em suas necessidades pessoais e espirituais, pois, embora sejam escolhidos e eleitos, todos são imensamente humanos e precisam de nosso apoio e compreensão.
Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana