Palavra do Bispo

DIA DAS CRIANÇAS

12 Out 2021

“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos, ela não se desviará deles” (Prov 22,6).


As crianças possuem todos os direitos humanos, não porque são o futuro, mas por serem humanos, tanto quanto qualquer adulto. Celebramos o dia do Nascituro, relembramos o direito à vida, desde a concepção até seu término natural e, na sequência, celebramos também o Dia das Crianças, onde devemos render graças a Deus pelas bênçãos que elas são e pelos ensinamentos que nos trazem. De antemão, quando se fala em dia das crianças, remete-se à ideia dos presentes e guloseimas que elas merecem e esperam ganhar, porém, não podemos focar apenas nisso. Muitas e muitas crianças estão enfastiadas por terem tantos brinquedos sem terem quem com elas brinquem! Toda criança é um tesouro, uma pedra preciosa a ser lapidada pelo amor, carinho e pelos ensinamentos que a farão ser uma pessoa segundo a vontade de Deus e seus planos. A formação do caráter da criança se inicia já na gestação, ao sentir o carinho e amor de seus pais, no cuidado com a gravidez, nas palavras sussurradas e na preparação para o nascimento. Toda criança é uma bênção de Deus, que reitera sua confiança e seu precisar do homem e da mulher na continuidade do plano da criação. Antes de ser gerada no ventre, a criança já foi gerada no coração do Criador, e é no seio familiar que ela aprenderá e será formada em seu caráter e na sua fé. É no seio familiar que a criança recebe seus primeiros ensinamentos, seja sobre a vida em geral, seja sobre a fé. Elas também têm para nós um grande e precioso ensinamento, que por vezes não percebemos. Toda criança nasce dependente e se joga com confiança nos braços da mãe ou do pai, pois sabe que eles cuidam de tudo. Essa dependência e confiança das crianças deve servir de exemplo para nós, adultos, que autossuficientes, deixamos de confiar no Pai Celeste, para agirmos conforme a nossa vontade. Elas também nos ensinam a humildade e a pureza de rir com pequenos gestos e a alegria da aceitação e do carinho dentro de um abraço. Infelizmente, há tempos estamos perdendo nossas crianças para as novas tecnologias, que sugam delas a inocência, a pureza e os sonhos próprios da infância. No anseio de dar tudo às crianças, deixamos de dar o essencial: a presença, o afeto, o carinho, o amor e a fé, tão necessários na construção e na formação do caráter de cada indivíduo. Os pequenos estão expostos a todo tipo de informação, conteúdos e valores distorcidos, que deformam os conceitos básicos de família e as expõem desde cedo à cenas e situações que deformam e ensinam valores mundanos e perigosos. Impossível fugir da tecnologia, necessário monitorar seu uso. Vigiar é primordial para educar pelos caminhos retos, por isso é preciso a educação da consciência nos pequenos, para que quando adultos, tenham o discernimento necessário diante das situações e tentações que a vida apresenta. Esse educar a consciência na infância alerta a criança a perceber a diferença entre o certo e o errado, o bem e o mal. Toda criança criada com uma educação prudente e amorosa, aprende a viver as virtudes e seus dons e cresce no caminho da ética e da fraternidade, visto que, uma consciência formada sob os valores verdadeiramente cristãos, à Luz do Espírito Santo, faz acender um alerta diante das tantas situações adversas que a vida apresenta. Fazer Jesus conhecido, apresenta-Lo às crianças desde o ventre, batizá-las o mais rápido possível, ensinar-lhes as primeiras orações e rezar com elas, cotidianamente, levá-las à Igreja, conceder que elas participem da catequese e recebam os sacramentos é dever dos pais e responsáveis, pois ninguém ama o que não conhece e ninguém segue, por si só, os primeiros caminhos da fé se estes não forem testemunhados. Lembremos que Jesus, mesmo sendo Deus, se fez pequeno e que aprendeu de seus pais a ser uma criança que cresceu em idade, sabedoria e graça. Que na comemoração de Nossa Senhora Aparecida, as crianças sejam abençoadas e consagradas à proteção Materna, que nada nega aos que a Ela recorrem.
 
Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana