“Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,18)
Ao nos aproximarmos do final do Ano Litúrgico, teremos duas celebrações importantes nos dois primeiros dias do mês de novembro: a solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados. Ambas, ligadas à vida de santidade e à morada eterna que está reservada na Pátria Celeste aos que creem no Cristo Morto e Ressuscitado para nossa salvação. “Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor” (Heb 12, 14). A solenidade de Todos Santos recorda que somos chamados a uma vida de santidade, coerência e fé, com base nos ensinamentos de Jesus e da Igreja. Inúmeros são os santos e santas na morada celeste. Muitos conhecemos pelo nome, porém, a maioria deles, embora não saibamos o nome, estão na Glória, contemplando a face da Trindade, ao lado da Virgem Maria e de São José. Fomos criados por Deus para a vida e não para a morte, tanto que fomos resgatados pelo Sangue Precioso do Filho, derramado para que pudéssemos, um dia, contemplá-Lo e adorá-Lo em verdade. Todos os batizados têm em si a graça necessária para viver em santidade e alcançar, pelos méritos de Cristo, a Glória do Céu. Buscar o caminho da santidade e vivê-la no dia a dia é um desafio que pode ser vencido pela fé e perseverança da oração, da vivência dos sacramentos e da escuta e prática da Palavra. A Pátria Celeste é para todos os que, de livre vontade, escolhem viver em Cristo e para Cristo. Para sermos santos no céu, é preciso passar pela morte. A morte é a separação física do homem com a terra, e é, pelos méritos da Morte e Ressurreição de Cristo, que se dá nossa entrada na vida eterna. Essa entrada na eternidade pode ser ao lado do Pai ou na ausência eterna de seu Amor. Isso depende também de nosso comportamento, de nossas ações e de nossa fé em Cristo Jesus. Temos as regras para caminhar com Cristo na terra, e essas regras são os Mandamentos Sagrados e a Santa Palavra de Deus, que nos ensina a buscarmos uma vida de santidade, para vivermos como santos no Céu. Muitos Santos e Santas da nossa Igreja encontraram, em vida, o verdadeiro sentido para a morte e, com isso, aprenderam a viver bem sua vida terrena, na esperança e na certeza de que a morte os levaria aos céus. É pela fé na ressurreição de Cristo que encontramos o sentido da morte, pois Jesus a venceu e nos abriu as portas do Céu. A Mãe Igreja, ao relembrar os fiéis defuntos, convoca seus filhos a se confrontarem com o enigma da morte. O dia de Finados suscita questionamentos e várias interpretações: muitos pensam que não há o que fazer pelos que já morreram, pois acreditam que a morte é o fim de tudo. Para outros, ainda, é um dia trágico, pois, de certa forma, antecipa a cada ano o que seremos todos, um dia. Mas, graças a Deus, para muitos, é um dia de esperança e comunhão com quem amamos e continuamos a amar, apesar de termos perdido sua presença física neste mundo chamado de vale de lágrimas. É importante e salutar enfeitar os túmulos, levar flores, acender velas e, mais importante ainda é oferecer o sacrifício da Missa em sufrágio das almas de nossos entes queridos. Sempre pensamos que quem amamos e morre, imediatamente está na Glória de Deus, mas a Igreja nos confirma categoricamente a existência do Purgatório, onde se encontram os que necessitam de purificação, em virtudes das faltas cometidas. Nosso corpo perece e morre para a vida nesta terra, mas a alma vive eternamente e nossas orações podem atingi-las. Ao rezar pelas pessoas que não estão mais presentes no meio de nós, quem sabe, se nesse dia, graças às nossas preces e orações, elas não alcancem a necessária purificação e entrem, definitivamente na Pátria Celeste? O nosso Deus é “o Deus dos vivos, e não dos mortos” (Lc 20,38). A celebração do dia de Finados é uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre a vida. Ela terminará para todos nós aqui neste mundo, é apenas uma questão de tempo. Além disso, para a eternidade não poderemos levar nada de material. Levaremos apenas o bem que tivermos feito para nós e para os outros. Logo, deve ser uma tomada de consciência de que ser feliz e viver bem não quer dizer acumular tesouros, prazeres ou glórias, mas fazer o bem e preparar uma vida eterna com Deus. Que a Virgem Maria e São José intercedam por nós!
Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana