“Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra. ” (Sl 84,10)
O Tempo do Advento culmina com o nascimento do Messias, prometido pelo Pai e anunciado pelos profetas ao longo dos séculos. Nesse Tempo Litúrgico a Igreja conclama a todos que vivam dias de esperança, como quem aguarda a chegada do Presente mais precioso de Deus para nós: seu próprio Filho, o Verbo encarnado. O nascimento de Cristo é um fato histórico real, verdadeiro e presenciado dentro da história do mundo, com registros irrefutáveis de tantos que deram testemunho de sua vinda. Para adentrarmos no Mistério da Encarnação do Verbo, muito nos auxilia meditar as Antífonas do Ó, que são pequenas frases ou versículos que, repetidos e rezados nos dias que antecedem o Natal, nos dão a certeza de que as súplicas feitas pelo povo da Antiga Aliança foram ouvidas e nós, povo da Nova Aliança somos os escolhidos para viver nesse tempo de Salvação. As Antífonas do Ó, contém toda a medula do Advento e nos introduz na teologia bíblica da espera do Messias. Quando dizemos ‘Ó’, estamos fazendo uma invocação, uma súplica que deve brotar do mais profundo do nosso coração: ó vinde Senhor Jesus! As Antífonas do Ó ensinam ao povo cristão a Quem devem esperar e do Qual devem pedir a vinda. As grandes Antífonas não são apenas uma síntese da mais pura esperança messiânica do Antigo Testamento, por meio das imagens Bíblicas, mas enumeram também os títulos divinos do Verbo Encarnado e o seu Veni (vinde) exprime todo anseio presente na Igreja. Pelas Antífonas do Ó, a Liturgia do Advento chega ao seu auge. Quando rezamos: “Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo...” (Ecle 24,3), estamos reconhecendo que “Cristo é a sabedoria de Deus. ” (1Cor 1,24). O povo da Antiga Aliança esperava a Sabedoria e nós, povo da Nova Aliança devemos pedir o dom da verdadeira Sabedoria para acolhermos Jesus que é o real sentido do Natal. O dom da Sabedoria nos faz agir com prudência e nos guia em nossas ações. Ao invocarmos “Ó Adonai, guia da Casa de Israel... Vinde salvar-nos com vosso braço poderoso. ” (Jr 32,21), reconhecemos que Jesus é O Senhor, o Santo de Deus, aquele que salva o povo oprimido pelo pecado com seu braço forte e poderoso. O que foi clamado pelo povo, no Antigo Testamento se realizou com a vinda do Messias. A terceira Antífona “Ó Raiz de Jessé... Ante Vós se calarão os reis da terra... Vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora. ” (Is 11,10; 52,15 e Hab 2,3), expõe o constante desejo de libertação que inundava o coração do povo de Deus. Da Raiz de Jessé, da descendência de Davi, nasceu o Salvador. Clamemos hoje também: ‘libertai-nos sem demora da indiferença, do desânimo e da falta de fé! Clamemos: “Ó Chave de Davi... Vinde logo e libertai o homem prisioneiro, que nas trevas e na sombra da morte está sentado. ” (Is 22,22; Sl 106,10). Jesus é a chave que nos liberta das prisões diárias, que nos abre os olhos nublados pelas tentações do mundo e nos faz enxergá-Lo no outro e em nós mesmos. São sete as Antífonas do Ó e muitas as nossas necessidades e clamores. Aproveitemos esse tempo para imergirmos na Graça abundante oferecida por Deus para nossa libertação e salvação. Roguemos à Virgem Maria e ao Glorioso São José que intercedam por nós e nossas necessidades mais prementes. Ó Santíssima Virgem Maria, que acolhestes o Verbo em vosso ventre puríssimo, concedei-nos a graça de bem nos preparamos para acolher Jesus em nosso coração. Ó Glorioso São José, alcançai-nos imitar vossa fé e perseverar nos caminhos do Senhor! Amém.
+Dom Carlos José
Bispo da Diocese de Apucarana