Relíquias de Martíres debaixo dos altares
Relíquias de Martíres debaixo dos altares

Preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus Santos (Sl 116).

Você sabia que quando uma igreja é dedicada, mantém-se o costume de sepultar debaixo do altar relíquia de Mártires ou de outros Santos?

O culto da relíquia dos mártires é uma tradição antiquíssima na Igreja, já antes da paz de Constantino (313 d.C), os cristãos celebravam a Eucaristia junto aos seus túmulos. O culto dos santos tem a origem nessa tradição de recordar os irmãos e irmãs que tinham derramado seu sangue pela fé, oferecendo sublime exemplo à comunidade toda, por isso, a palavra martírio, do grego mártys, significa testemunho.

Depois que Constantino concedeu a liberdade de culto aos cristãos, vemos desenvolver-se em diversos locais o translado das relíquias dos mártires dentro da cidade e sua colocação nas basílicas para as celebrações litúrgicas, que eram cada vez mais solenes.

Você já participou de uma missa de Dedicação da Igreja e do Altar?

Santo Ambrósio, na dedicação da basílica onde ele mesmo queria ser sepultado, foi à procura de relíquias e encontrou as dos mártires Gervásio e Protásio (368 d.C.) e colocou-as sob o altar com estas palavras: “É oportuno que as vítimas triunfantes tomem lugar onde Cristo oferece a si mesmo como hóstia: sobre o altar, aquele que se ofereceu por todos; sob o altar aqueles que foram por Ele resgatados com sua Paixão”.

São Máximo de Turim, via a veneração das relíquias como uma forma de honrar os mártires e aqueles que testemunharam sua fé com suas vidas, sempre citava a visão de São João na passagem que está no Apocalipse 6,9: “Vi debaixo do altar as almas dos que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que tinham dado”.

As relíquias (sempre autênticas), de Mártires ou de outro Santos, devem ser colocadas, não em cima, nem dentro do altar, mas sim debaixo do altar, para significar que o sacrifício dos membros do Corpo de Cristo teve a sua origem no sacrifício da Cabeça, que é Cristo.

Abrigar as relíquias sob a mesa eucarística é um sinal de que os corpos dos santos foram sepultados em paz e seus nomes vivem eternamente. Essa transladação é sinal de seu ingresso triunfal no Céu, lugar de seu descanso eterno.

No momento em que se faz a deposição de relíquias debaixo do altar, o bispo as coloca no sepulcro oportunamente preparado e neste momento cantamos o Salmo 14 (15) que diz: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário, quem descansará na vossa montanha sagrada?...

O canto deste salmo, permite que os fiéis percebam qual é a “via” que terão que percorrer se desejam seguir o exemplo dos mártires até chegar ao Céu.

É claro que, os cristãos não procuravam o martírio, mas, se a hora chegasse de dar testemunho, faziam-no com fé, porque contavam com a ajuda do Senhor Jesus para enfrentar as provas e os combates até a morte.

Na visão de São Tertuliano, que muito admirava os mártires, martírio também é a doação da própria vida a Cristo e aos irmãos, para assim se tornarem verdadeiros discípulos de Jesus.

Caso não cheguemos ao ato supremo de derramar o sangue por Cristo, que tenhamos uma vida de caridade, uma vida na justiça, na fraternidade, na luta pelo bem e principalmente pelo amor ao Senhor e à Igreja. Vivamos a palavra de Deus em Jesus Cristo na sua integridade, como fizeram os mártires ao darem o belo testemunho de vida, o martírio para a glória de Deus que é Uno e Trino.

Larissa França Lopes – Especialista em Arquitetura do Espaço Litúrgico e Arte Sacra

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