Querida mãe, neste clima de homenagens, pensei em lhe escrever uma carta, pois aprendi com a senhora que as palavras escritas com carinho voam como pássaros e chegam ao coração de quem amamos.
Confiando nisso, tenho me arriscado a escrever, de vez em quando, para as pessoas; hoje, resolvi lhe escrever mais uma vez. Pensei em lhe dizer muitas coisas, mas percebo que tudo se resume em uma palavra: obrigada!
Volto ao ano de 1952, quando você, enamorada, disse ‘sim’ ao casamento, assumindo com meu pai o desafio de construir uma família em meio às diferenças sociais e abrindo mão de tantas outras ofertas e sonhos. Você fez a melhor escolha, mãe, disse ‘sim’ ao amor e não se prendeu às ideias egoístas e às oportunidades que poderiam lhe proporcionar muitas coisas, mas, certamente, não lhe permitiriam ser minha mãe. Obrigada por isso!
Você abraçou o dom e a tarefa de ser esposa, doando-se gradativamente para que outras vidas surgissem e o mundo tivesse mais brilho, cores e sons. Em seu lar modesto e aconchegante, a pobreza nunca foi empecilho para deixar vir mais um filho ao mundo. E quando já tinha sete, foi a minha vez de chegar.
Cheguei de mansinho sem nem mesmo você perceber. Deus quis me trazer aqui, pois sabia que você seria a melhor pessoa para me receber, formar e ajudar a crescer. Era um tempo de grandes mudanças para toda a família, sonhos se misturavam com realizações; e eu crescendo em silêncio em suas entranhas. Mas, de tanto crescer, chegou o dia em que minha existência lhe foi revelada, e você, em festa, começou logo a preparar-se para receber-me em seus braços. Como o tempo passou depressa, mãe!
Aqui fora, eu continuei crescendo com seus cuidados, e, hoje, compreendo bem melhor suas lições. Enquanto preparo-me para também ser mãe e vivo o dom do matrimônio, percebo-me, muitas vezes, reproduzindo seus gestos, e fico orgulhosa disso. Esses dias, arrumei a mesa para meu marido almoçar e, como já havia almoçado, simplesmente fiquei ao lado dele, contemplando seus gestos e ouvindo suas palavras. De repente, lembrei-me de você e disfarcei um sorriso, pois a vi fazer isso tantas vezes com o papai!
Mãe, você é doutorada na arte de amar. Se não aprendi melhor suas lições, certamente é porque não tenho sido boa aluna, mas me deixe sempre em sua escola, porque minha meta é ser como você.
Sua fé também me causa admiração. Tenho viva na memória as tardes de sábado, quando, de joelhos, rezava o “Oficio da Imaculada Conceição”, unindo seu coração ao da Virgem Santa, à qual tem uma devoção especial. Eu tentava imitar sua reza mesmo sem saber o significado das palavras, porque sua fé era como um imã me atraindo para Deus. E o mais bonito é que sua fé é viva! Eu mesma sou testemunha de que o perdão tem morada fixa em seu coração, e quem bate à sua porta, procurando um conselho ou uma ajuda qualquer, nunca sai de mãos vazias. Por tudo isso, hoje, só posso agradecer a Deus, por ter me dado uma mãe tão boa, e à senhora por ter tido a coragem de ser minha mãe.
Recordo-me de que, em uma de suas muitas cartas, disse-me da sua alegria em ter uma filha consagrada a Deus na Comunidade Canção Nova e evidenciou a felicidade que sente ao me ver fazendo o bem. Saiba que todo o bem que, na minha pequenez, eu conseguir fazer até o fim da minha vida será sempre consequência do amor que recebi de Deus por meio da senhora e do papai. Portanto, os méritos sãos seus, mãe. Eu sou fruto da árvore que você se aventurou a plantar, cultivar e zelar com grande generosidade: a família. Jamais se esqueça de que valeu a pena sua opção pelo amor. Só existo por causa do seu ‘sim’! Obrigada! Parabéns por estar cumprindo tão bem sua missão neste mundo.
Feliz Dia das Mães!
Fonte: Canção Nova
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