Artigo

Psicologia na Igreja

05 Set 2018

PSICOLOGIA NA IGREJA? A psicologia moderna nasce no início do século XX, como um ramo da filosofia. A filosofia, que investiga o pensar (logos) desde o século VII aC, iniciou a psicologia antiga, especialmente com o filósofo grego Sócrates. A psicologia investiga a alma (derivada do termo grego “psiché”), e está ligada à ação do pensamento. A psicologia científica tem seus principais autores nascidos no final do século XIX. Alguns empreendimentos iniciais são ainda deste século. Surge com Wundt, que queria uma “psicologia sem alma”, isto é, uma psicologia que fosse científica, como a medicina e outras ciências, separada da filosofia. Desta primeira fase, nasceram três escolas: o Associacionismo, o Estruturalismo e o Funcionalismo. No início do século XX, outras três escolas têm destaque: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise. Foi esta última que floresceu com maior desenvoltura e que influencia toda a psicologia até os nossos dias. No início, esta recebeu total rejeição por parte da Igreja, devido ao posicionamento de Sigmund Freud (1856-1939), seu teórico, que se opunha radicalmente aos princípios defendidos pela Igreja. Freud era ateu! Esta posição de rejeição foi abertamente defendida pelas autoridades eclesiásticas até o final dos anos 50. A mudança ocorreu quando o Papa João XXIII publicou a Monição Acta SS. Congregationum Suprema Sacra Congregatio S. Officii, em 13 de julho de 1961. Essa publicação reconhecia, não apenas a importância da psicologia, como também a indicava como ajuda para os candidatos ao sacerdócio. Embora exista, ainda hoje, clérigos que rejeitam a psicologia, cada dia mais ela tem sido empregada como auxílio na formação presbiteral e como tratamento de distúrbios de personalidade e patológicos. A ciência, que no início queria ser “sem alma”, parece, de fato, ser a “ciência da alma”. Isto porque o objeto da psicologia é o ser humano, sua estruturação e seu comportamento. E... seria o ser humano apenas um corpo que pensa? Neste sentido, a psicologia pode dar uma contribuição primorosa ao ser humano, que parece ser mais que corpo e razão. Ao escrever aos Tessalonicenses (1Ts 5,23), Paulo diz “... todo o vosso espírito, e alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Aqui encontramos uma indicação antropológica para entender a psicologia como aliada tanto da filosofia, quanto da teologia e da espiritualidade. Seguramente, isso depende da linha psicológica e da antropologia adotada pelo psicólogo. Não basta uma psicologia. Porque nenhuma psicologia é antropologicamente neutra! Com esta ressalva, não há porque duvidar da efetividade de uma intervenção psicológica adequada para pessoas cristãs em geral, assim como para os futuros padres. Como ciência da alma, ela não pode negar o fato de que o ser humano está propenso a buscar o sentido da sua vida em Deus! Domingos Savio Lazarin