Dom Celso Antônio Marchiori, filho de João Marchiori e de Maria Rosy Bullow Marchiori, nasceu no dia 14 de agosto de 1958 em Campo Largo – PR.
De 1966 a 1970 fez seu curso primário no Grupo Escolar Dr. Felinto Teixeira, no bairro Itaqui, município de Campo Largo. Em 1972 se tornou operário da fábrica de louças Steatita, hoje porcelanas Schimidt, onde permaneceu até fevereiro de 1976.
Ingressou em 1976 no Seminário Menor São José, onde concluiu o curso ginasial e colegial. Em 1981, residindo no Seminário Menor Provincial Rainha dos Apóstolos em Curitiba, fez o curso de filosofia na PUC-PR e, logo em seguida o curso de Teologia no Studium Theologicum.
Ordenado presbítero a 6 de março de 1988, foi nomeado Diretor Espiritual do Seminário São José, onde, no ano seguinte, passou a exercer a função de Reitor até o ano de 2005. De 1991 a 1994, cursou a Escola para Formadores, mantida pela Associação Transceder. Em 1991 foi nomeado administrador paroquial do Santuário de Santa Terezinha do Menino Jesus, onde se tornou vigário cooperador em 1992. De 1996 a 2005 exerceu a função de Reitor do Seminário Santíssimo Sacramento e de pároco da Paróquia do Santíssimo Sacramento.
Durante o período em que trabalhou como formador, desenvolveu diversas funções, ministérios e ofícios na Arquidiocese de Curitiba. Foi nomeado Vigário Episcopal, participou do Colégio dos Consultores, do Conselho Arquidiocesano de Pastoral, do Conselho de Ordens e Ministérios, da Pastoral Presbiteral, do Conselho Fiscal. Foi ainda, coordenador da Formação Permanente dos padres recém ordenados, assessor da Pastoral do Dízimo, conselheiro espiritual das Equipes de Nossa Senhora, assistente eclesiástico do Movimento das Capelinhas, presidente da ARSEM (Assembleia dos Reitores e Formadores dos Seminários de Curitiba), mantenedor da Obra das Vocações Sacerdotais São José e referencial da Comissão Arquidiocesana dos Movimentos Eclesiais e Novas Formas de Vida Cristã.
No dia 08 de julho de 2009 foi nomeado bispo para a Diocese de Apucarana, sendo sua ordenação Episcopal no dia 28 de agosto e sua posse em Apucarana no dia 02 de outubro de 2009.
A diocese de Apucarana, Paraná, “porção do povo de Deus confiada a um bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério.” (C.D. 11), criada aos 28 de novembro de 1964 pelo Papa Paulo VI (1963-1978) e instalada aos 28 de março de 1965 com o início do pastoreio de Dom Romeu Alberti (1965-1982), é a Igreja de Jesus Cristo, povo de Deus e Corpo de Cristo, na região centro-norte do Paraná.
A diocese estende-se num território geográfico composto por 36 municípios, 64 paróquias, diversas comunidades, diaconias e grupos de vivência. A população atual da diocese é de 477.554 habitantes (Censo IBGE 2010), sendo 83,99% católicos, 12,72% de outras Igrejas cristãs e 3,29% se declaram “sem religião”.
Pe. Carlos Dietz, Palotino, reza a 1ª em Arapongas em 1936 e em Apucarana em 1937. Nesse ano surge a Colônia Esperança, entregue aos Padres Jesuítas, mas tarde aos Freis Franciscano
As Dioceses Mães:
A Diocese de Apucarana foi formada, a partir da Diocese de Londrina, nas parte Norte e Centro; Campo Mourão deu origem às Paróquias do Sul, do lado Sul do Rio Ivaí.
Dom Fernando Taddei, 1º Bispo criou a paróquia de Nossa Senhora das Dores de Marilândia do Sul aos aos 6 de agosto de 1938. Dom Ernesto de Paula criou as paróquias de Nossa Senhora Aparecida em Arapongas, (1942), Nossa Senhora de Lourdes em Apucarana (1943) e Colônia Esperança (1944). Dom Geraldo Sigald fez nascer as paróquias de Astorga (1948), Sabáudia (1950), Santo Inácio e Guaraci (1952) e Borrazópolis (1955). Também em 1955 foi criada a reitoria ucraniana-católica.
Vieram 15 paróquias criadas por Dom Geraldo Fernandes: São elas: Santa Fé (1956), Faxinal e Cafeara (1957), Califórnia, Itaguagé e Colorado (1958); Cambira, Flórida, Lobato e Nossa Senhora das Graças (1959); Munhos de Mello, Iguaraçu, São José de Apucarana e Santo Antonio de Arapongas (1960). A última paróquia a ser criada por Dom Geraldo foi São Vicente Pallotti, também em Arapongas (1964).
No dia 9 de fevereiro de 1965, Dom Romeu Alberti, então ex-bispo auxiliar do cardeal de São Paulo, recebe uma carta do Núncio Apostólico. Vai ao Rio de Janeiro conversar com Dom Sebastião Baggio, exatamente no dia 11, dia da padroeira de Apucarana, Nossa Senhora de Lourdes e ouve o convite do Papa para ser Bispo de Apucarana. Mas os apucaranenses só ficaram sabendo o nome do seu 1º Bispo no dia 22 de fevereiro, e já no dia 4 de março estavam organizando as Comissões para recebê-lo, no dia 28.
Em 1965, a população dos 22 municípios que integravam a nova Diocese era calculada em 500 mil Habitantes, numa área de 8.431 Km2, 75 por cento dessa gente ocupava a área rural. A economia da região era essencialmente agrícola, sendo os principais produtos o café, o milho, o arroz e o feijão. A indústria era formada particularmente de serrarias e olarias. Praticamente 65 por cento da área agrícola era ocupada e trabalhada pelos próprios donos da terra. Cerca de 30 por cento eram arrendatários e apenas, 1,9 por cento assalariados.
Dom Romeu Alberti ao tomar posse na Diocese de Apucarana em 28 de março de 1965, encontrou a presença do nível paroquial e do nível diocesano que iniciava. Logo no início começou sua ação pastoral através do método ver, julgar e agir diocesanamente. Quanto ao ver foi preparado um levantamento geral da realidade a ser executado em todas as Paróquias de nossa Diocese, nas áreas urbanas, suburbanas e rurais. Ao voltar do Concílio, Dom Romeu fez visita pastoral em profundidade em cada Paróquia de nosso território Diocesano. Nesta oportunidade, começava por insistir em dois temas fundamentais resumidos nos "slogans" - "A família seja uma pequena Igreja" e a "Igreja seja uma grande família". Depois do ver e do julgar ao solicitar sugestões para o agir, foram progressivamente surgindo os vários níveis eclesiais. Primeiro a Igreja-família, pelo fato de se insistir na Igreja doméstic
Depois a Igreja-base, formada por um grupo de umas cinco a sete famílias, coordenadas por alguém escolhido por eles, chamada a viver pouco-a-pouco os vários aspectos eclesiais. Como a coordenação dessas Igrejas-Base se apresentava como algo de difícil coordenação direta do Pároco, surge a necessidade de um novo nível eclesial que por um lado se mantivesse unido a ele e de outro lado animasse os integrantes das Igrejas-Base.
Esse nível eclesial aos poucos se viu que deveria ser coordenado por futuros Diáconos permanentes surgidos da própria comunidade. daí o nome Igreja-diaconia. Como o levantamento fora feito nas áreas urbanas, suburbanas e rurais surgem as Diaconias Sede, Urbanas, suburbanas e Rurais. Essas Diaconias integram a Paróquia, daí o nível Igreja-paróquia. Sendo a Diocese de Apucarana muito longa e estreita, notou-se logo de início que as Paróquias se agrupavam em realidades mais amplas e distintas determinadas por um conjunto de fatores geo-sócio-econômico-político-culturais que se chamaram Zona
A Igreja-Base não é uma experiência isolada, mas integrada organicamente numa "organização renovada" global de toda a estrutura da Diocese. "As idéias sobre Diaconato", ao autor do PLADAO (Plano Diocesano de Ação Orgânica) de Apucarana, Dom Romeu Alberti, surgiram antes de ser Bispo, em 1964. Ordenado Bispo, sentiu-se com a responsabilidade maior sobre esse assunto. No Concílio, onde esteve, tratou-se longamente o problema da restauração do Diaconato na Igreja contemporânea. Aplicando diocesanamente o Método Ver-Julgar-Agir foi se delineando pouco a pouco a fisionomia própria da família de Deus que vive no território diocesano. Surgia ao poucos o "Plano Estrutural Diocesano", de sua natureza dinâmica, ao mesmo tempo sinal e instrumento da vida eclesial da Família Divina Diocesana Apucaranense.
Nomeado em 1965, o Bispo de Apucarana percorreu a Diocese de Norte a Sul, apresentando as idéias fundamentais da Igreja, segundo o Concílio e ouvindo de todos sugestões para fazer da Igreja Diocesana Apucaranense, em todos os recantos do território, uma Igreja conforme a imagem projetada por este Concílio Vaticano II:
A essência da Igreja é ser uma comunhão com os irmãos, em Cristo, o irmão, na unidade do Espírito realizando historicamente o desígnio de Deus expresso na "oração de despedida de Cristo:" que eles sejam um, como nós somos um". (Jo 17,22); na continuidade de Cristo, a Igreja é chamada a ser "o sinal e os instrumento de íntima união dos homens com Deus e da Unidade de todo o gênero humano" (LG 1). Da comunidade de discípulos chamados à "fraternidade de amor" numa "comunhão de vida" (Cf. Jo 15,12; Jo 17,22; Mt 11,5; Mc 2,5) Jesus escolheu o grupo dos doze para testemunhar esta comunhão "até os confins da terra (1 Jo 1,1; At 1,22; At 1,8), tendo à frente Pedro como fundamento da unidade (Mt 16,19) e da fé (Lc 22,32). A estrutura simples e poderosa da Igreja primitiva possibilita o desenvolvimento destas funções e carismas em comunhão para formar a comunidade, gerando na unidade como sal, fermento, a grande família divina, que logo foi um sinal: "Tudo entre eles era comum..." (At 2,42-47; At 4,32-37; At 5,12-14). Esta comunhão não era construída sem esforço, mas numa conquista e conversão contínua (1Pe 3, 8-9; Fil 2,2-3). O princípio desta unidade é o Espírito Santo, que distribui os ministérios e os carismas, soprando onde quer (UR 2; AA3; PO 9). Esta idéia de comunhão é fundamental nesta organização: a comunhão fraterna entre nós e filial com o Pai, em Cristo, o Filho e o irmão, seja um grande sinal e um grande instrumento no meio do mundo, a fim de transformá-lo nessa comunhão dos homens entre si e com Deus, vocação originária da humanidade, feita à imagem e semelhança de Deus vivo, comunhão de três pessoas divinas. Esta comunhão íntima e interna da Igreja não se fecha sobre si mesma ("clubinho dos iniciados"), mas abre-se dentro da humanidade como Sacramento de comunhão, ou seja, como sinal e instrumento desta transformação comunitária do mundo, para que o mundo chegue aquela comunhão projetada por Deus para os homens (Cf. LG 1 e 9; GS 42 e 45).
"Aprouve" a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, "mas constituindo-os em povo, que o conhecesse na verdade e o servisse santamente" (LG 9); "todos os homens são chamados a pertencer ao povo de Deus" (LG 13, Cf. Mt 5, 13-16); no Antigo Testamento, este povo de Deus era Israel e o novo povo de Deus é a Igreja de Cristo (LG 3); este povo é convocado e reunido pela Palavra de Deus vivo, anunciada pela atividade missionária (PO 2,4; AG 8; Rom 12,1); este povo é edificado, tem por raiz e centro a Eucaristia (PO 6), mediante a qual ele vive e cresce (LG 26); neste povo, todos são fundamentalmente iguais quanto à dignidade, distinguindo-se uns dos outros apenas pelo serviço que cada um presta à comunidade (LG 32; Cf. 1; Cor 12,11). de tal forma sejam serviços diversos e integrados organicamente para o bem comum global de todo o povo de Deus. Esse membros são Bispos, Presbíteros, Diáconos (que constituem a hierarquia da Igreja), Religiosos (que se distinguem por uma vivência mais radical do Evangelho) e leigos (Lg 30). Bispos, Presbíteros e Diáconos participam, em graus distintos do ministério hierárquico, da única e indivisa cabeça indivisível da Igreja, Cristo, ensinando, santificando e governando, num serviço especial ao Povo de Deus (LG 21ss 28, 29) em níveis subalternos. há funções eclesiais privadas e públicas, hierárquicas e laicais, ordinários e extraordinárias. era necessário, portanto, uma Estrutura de Igreja Diocesana, que permitisse a todos os batizados de ponta a ponta da Diocese, se sentirem Igreja e viverem como Igreja, como Povo de Deus.
A experiência de Serviços Eclesiais em Apucarana é interessante. Primeiro, a diocese descobriu que Serviço não é Nível. Depois, que não pode existir Serviço isolado, paralelo, por conta própria. Por fim, a Diocese exigiu que cada Serviço definisse a sua originalidade e finalidade específica para não se confundir com nenhum outro. Ficou claro que o serviço Eclesial está a serviço da Igreja e nunca a Igreja a serviço do Serviço. Os serviços foram surgindo em nossa Diocese na medida em que eram necessários e possíveis. Em 1982 a Diocese possuía 66 Serviços Diocesanos, são eles: Serviço de Secretaria Geral, Serviço de Realidade, Serviço de Economia e Finanças, Serviço de Material Eclesiástico, Serviço de Ação Processual, Serviço de Chancelaria, Serviço de Comunicação, Serviço de Ação Seminarística Diaconal, Serviço de Ação Seminarística Consagrada, Serviço do CEIA, Serviço de Ação do Clero, Serviço de Vida Consagrada, Serviço Diocesano de Ação do Laicato (SEDIAL), Serviço de Ação Familiar, Serviço da Infância, Serviço do Grupo Eucarístico Juvenil (GEJU), Serviço do Mini-Seju, Serviço de Juventude (SEJU), Serviço da Velhice, Serviço dos Excepcionais, Serviço dos Empregados Domésticos, Serviço de Ação Básica, Serviço de Ação Latino-Oriental, Serviço das Igrejas-Irmãs, Serviço de Ação Ecumênica, Serviço de Animação Missionária, Serviço de Missão Pessoal, Serviço da Legião de Maria, Serviço de Cursilho de Cristandade, Serviço de Missão Popular, Serviço de Missão Nipo-Brasileira, Serviço de Ação Catequética, Serviço de Estudos, Serviço de Congregação Mariana, Serviço de Ação Litúrgica, Serviço de Música Sacra, Serviço de Coroinhas, Serviço de Cerimoniários, Serviço de Religiosidade Popular, Serviço do Apostolado da Oração, Serviço de Renovação Carismática, Serviço de Justiça e Paz, Serviço de Cáritas, Serviço dos Vicentinos, Serviço de Bebida, Tóxico e Droga, Serviço de Sexo, Serviço de Pastoral Carcerária, Serviço de Migração, Serviço dos Cursos Promocionais, Serviço de Ação Educacional, Serviço de Ação Cultural, Serviço de Bancária, Serviço de Ação Rural (CPT), Serviço de Ação Sindical, Serviço de Artes Plásticas, Serviço de Teatro, Serviço de Pastoral da Saúde, Serviço de Ação Recreativa, Serviços em Formação.
Apucarana pode ser considerada a Diocese do Diaconato Permanente. Bispo e Presbíteros pararam para refletir sobre este ministério e resolveram tomar o risco de assumí-lo. Às vezes sofreram para implantá-lo, mas hoje se vêem felizes por tê-lo ajudado a se deslanchar.
Chegando na Diocese Dom Romeu trouxe consigo uma bagagem de lições aprendidas nas próprias fontes do Vaticano II. Veio animado pelo desejo de moldar Apucarana numa Igreja Conciliar, comunitária, participada, valorizada de todo carisma. Tinha em mente a possibilidade, aberta pelo Vaticano II, que se volte a ordenar leigos para o ministério do Diaconato em grau permanente. Talvez, para muitos, fosse esta uma idéia genial, mas utópica. Para Dom Romeu, o Diaconato despontava como uma possibilidade pastoral enorme, uma resposta às necessidades urgentes da evangelização, um apelo do Concílio para toda a Igreja.
Mesmo antes de dar início ao trabalho pastoral em prol do Diaconato, remodelando a Igreja Catedral, ele quis deixar preparados no presbitério daquela Igreja os assentos para os futuros Diáconos que, junto com os presbíteros e num grau abaixo deles, formarão uma coroa de colaboradores do ministério Episcopal, servindo às mais variadas necessidades do Povo de Deus. Os primeiros anos de seu ministério em Apucarana, Dom Romeu dedicou-se a observar a realidade diocesana. Pelas suas visitas e conversas com o povo convenceu-se ainda mais de que estava faltando outro tipo de ministério nas Paróquias. Começou a figurar o Diaconato como uma presença ministerial nova e muito atuante pelos diversos setores das comunidades paroquiais. Enquanto isto, foi acompanhando aquilo que vinha se encaminhando pelo Brasil e pelo mundo para a implantação do Diaconato Permanente. Havia experiências interessantes no Sul, no Nordeste, em Goiás. Eram passos modestos, precisando ser retificados às vezes, mas corajosos. Estas experiências já estavam em andamento havia uns cinco anos, quando Dom Romeu resolveu que tinha chegado o momento de começar a luta definitiva pelo Diaconato em sua Diocese. Em 1968, numa reunião dos Bispos do Sul II, apresentou sua preocupação por este ministério. Como resultado, recebeu do Episcopado Paranaense a tarefa de abrir os caminhos, partindo de experiências em sua própria Diocese.
Dom Romeu assumiu com muita seriedade esta incumbência sentindo-se honrado pela missão que lhe foi confiada. Um trabalho que nesta altura já tinha assumido dimensões de Regional. Seguindo o sistema de formação adotado nos Estados do Sul como nosso primeiro modelo na caminhada. Aos poucos nos purificamos da sistemática tradicional de formação de clero. Não estávamos lidando com jovenzinhos, mas com homens adultos. Já de alguma forma havia algo errado numa formação que procurava fazer dos presbíteros “doutores” antes do que “pastores”. Era mister evitar esse erro. Os candidatos ao diaconato serão homens de comprovada virtude e vida cristã. A eles procuraremos dar condições para crescimento espiritual e doutrinal, mas sobretudo precisaremos orientá-los para a missão de pastores. Foi nessa perspectiva que preparamos o primeiro encontro de candidatos ao Diaconato Permanente. Este foi realizado modestamente na Colônia Esperança em janeiro de 1970, com dezesseis participantes, dos quais um pertencia à Diocese de Jacarezinho, um a Palmas, três a Guarapuava e os demais a Apucarana. Foi um encontro gostoso, rico de humanidade e de fé, em que procuramos descobrir a Igreja em renovação e os caminhos para a evangelização de nossa gente.
O primeiro encontro foi seguido por mais outros. Nossos candidatos foram aparecendo, fruto do interesse e do espírito apostólico de nossos Párocos. Acompanhando o próprio Bispo, os presbíteros foram também despertando para a oportunidade do Diaconato como valiosos auxiliares de pastoral. O primeiro passo, talvez o mais difícil, já foi dado. Mas logo tornou-se necessário dar o segundo, este mais decisivo. Nossos contatos com outras localidades nos ensinaram que não há futuro para o Diaconato Permanente sem que a Diocese faça um esforço em conjunto para se renovar. À primeira vista, isto pode parecer mais uma teoria interessante, mas de fato é muito mais: é uma realidade penosa que pudemos testemunhar. Há muitos diáconos por aí que estudaram e se sacrificaram para chegar à ordenação; mas depois se acharam jogados numa Igreja que não foi preparada para receber diáconos, que vinha vivendo, e pretendia continuar vivendo, sem o Ministério diaconal. O Diácono não tinha condições de conseguir encontrar seu lugar numa Igreja assim. Estava então fadado ao desânimo e ao falimento! Já estava acontecendo isto por aí. Já alguns Bispos estavam começando a ver no Diácono um problema mais do que um colaborador. Será que isto iria acontecer também com os futuros diáconos de nossa Igreja Particular?
Foi nesta conjuntura que Dom Romeu Alberti concentrou todo seu esforço em favor do Diaconato. Resolveu abrir as portas da Diocese ao Diácono e fazer com que a figura deste ministro se torne parte da vida normal da Igreja aqui. Sua proposta não foi tão simples quanto genial. O Diácono tem que atuar normalmente dentro de uma Paróquia, e por isso veja no Pároco a extensão do Bispo, a quem ele está ligado pela ordenação. Mas, dentro da vida paroquial oDiácono atue na função de animador de comunidade. Já pelo Brasil afora era reconhecida ao diácono esta função de animador de comunidade, mas na prática não se sabia em que modos podia se exercer, e muitos diáconos estavam se limitando a funções meramente litúrgica, “sacristãos” qualificados. Aqui cada diácono deve ter sua comunidade definida, “uma diaconia” como se começou a falar. Como cabeça daquela diaconia precisa estar integrada no Conselho Paroquial, como membro nato. Dentro de sua diaconia dedique-se a formar a Igreja, e como instrumento fundamental para isso, procure formar pequenas comunidades eclesiais, “Igrejas-Bases”, dedicando-se inclusive para a formação de outras lideranças para servir às diversas necessidades de sua diaconia. Procure criar um espírito de participação na vida comunitária, e por isso tenha seu “Conselho Diaconal”, formado pelos chefes das Igrejas-Base e pelos responsáveis dos diversos serviços diaconais.
Um Plano Renovador:
Tal foi o projeto para a atuação pastoral dos Diáconos que Dom Romeu apresentou ao clero da Diocese. Como dissemos, simples, mas realístico e funcional, abrindo o caminho para um trabalho diaconal amplo e efetivo. Não só para o Diácono mas também para as Paróquias e para toda a Diocese abriram-se novas perspectivas. As paróquias vinham sentido a urgência de um trabalho evangelizador mais profundo, porque os poucos padres não tinham condições para atingir em profundidade as suas numerosa comunidades. Aqui estava a pista certa para a renovação. Assim também a própria Diocese, ao assumir maciçamente o diaconato estava encontrando o caminho a trilhar: seu Plano de Pastoral daqui em diante irá girar em torno deste ponto e irá cada vez mais integrando o Diácono como um de seus principais ministros. O Projeto foi recebido com entusiasmo pelos presbíteros e assumido para valer.
A opção diocesana pelo diaconato trouxe benefício para a própria formação dos diáconos. Agora já se sabia para que se estava preparando o diácono, para que tipo de trabalho concreto. Por isso, a formação dos futuros diáconos começou a ser completada por um estágio permanente, uma ação pastoral já iniciada naquelas mesmas comunidades onde iriam atuar depois de sua ordenação. Uma tal ação pastoral preparatória dá ao candidato condições de entender melhor a sua vocação, de sentir suas limitações e de dedicar-se aos seus estudos com mais zelo. É “formação na ação”; uma formação para a missão de pastores antes de tudo.
Foi neste contexto que brotou a idéia de gradualmente dar aos candidatos funções ministeriais extraordinárias. Na conjuntura da Igreja Universal estavam nascendo nessa época os ministros estraordinários, da Comunhão Eucarística, da Palavra, do Batismo e outros mais. Dom Romeu refletiu que os candidatos ao diaconato Permanente seriam na Diocese as pessoas mais indicadas a receber tais ministérios. Ao mesmo tempo ele viu que as comunidades estavam necessitando não só de ministérios parciais, mas de um ministério da globalidade, de pessoas colocadas na função de cabeça dentro daquele corpo eclesial. Assim ele pensou em colocar os candidatos os diaconato dentro das diaconias na função de “cabeça”, chefia, que será depois assumida definitivamente pela ordenação diaconal. Denominou-os “Ministros Extraordinários de Diaconia” e entregou-lhes os ministérios extraordinários que a Igreja já permitia conferir aos leigos. Com o tempo, este conjunto de ministérios terá as denominações oficiais de Leitorato, Acolitato e Sub-diaconato.
Foi enorme o trabalho realizado por Dom Romeu para implantar o Diaconato em sua Diocese e no coração de seus fiéis. Ele achou necessário ir construir os ministros e ordenar os diáconos dentro de suas próprias comunidades. Isto tornou-se uma de suas tarefas prioritárias. Ele visitava constantemente as Diaconias perto e de longe para estas instituições e para levar aos fiéis sua palavra de fé e de confiança no ministério diaconal. São atualmente em volta de quatrocentos os ministros diaconais extraordinários e cerca de noventa e oito os diáconos. Quase todos eles foram constituídos ou ordenados em suas comunidades, durante celebrações cuidadosamente preparadas para catequisar as assembléias sobre este ministério. Foi um trabalho demorado, cansativo, mas coroado pelo fruto de confiança que o povo cristão aqui aprendeu a prestrar aos ministros que havia visto ser constituídos pelas mãos do Bispo.
E fora da diocese? Como uma árvore que cresce acima dos topos das matas, o diaconato em Apucarana começou a captar a atenção dos que estavam fora. Aqueles que antes preferiam não tocar no assunto agora começam a achar que era preciso debater o tema do diaconato, nem que fosse só para questionar a experiência nesta diocese. Alguns dentro de uma linha de prudência pastoral, achavam que convinha aguardar, mais ainda prevendo que o diaconato iria exigiruma revisão das próprias raízes da organização eclesial. Outros, que já tinham entrado nesta caminhada, começam a buscar em Apucarana sua inspiração e apoio.
Aos 21 de Agosto de 1982, às 9h, reuniram-se todos os funcionários da Cúria Diocesana, juntamente com seus familiares, para a missa de despedida presidida por Dom Romeu Alberti na Capela do Seminário Diocesano de vocações Eclesiais. A comentarista foi a Bernadete Casturina Lemes. Dom Romeu deu continuidade à missa falando dos 18 anos de convivência, crescimento, falhas e sobretudo do amor cristão vivido. Falou também de todas as pessoas que passaram pela Cúria. A primeira leitura foi feita pela Berenita Pinheiro, que nos falava sobre “a liberdade que Deus nos deu em aceita-lo ou não”. Leitura do Livro de Josué 24, 1-2a. 15-17, 18b. A segunda leitura foi feita pelo Mde. José Vieira, onde São Paulo nos falava sobre o amor total pela Igreja, citando o exemplo de “fidelidade e compreensão”.Ef. 5, 21-32. O Evangelho foi lido pelo Mde. Carlos Roberto de Mello, que falou sobre o convite que Cristo nos fez para segui-lo e a liberdade que nos dá para segui-lo (Jo 6, 61-70).
O comentário foi feito pelo Dp. Durvalino Bertasso, ligando a passagem evangélica à vida e a memória destes 18 anos de caminhada, comentário este completado por Dom Romeu Alberti. As preces foram feitas por vários funcionários. No abraço da paz, cada funcionário entregou a Dom Romeu um cravo vermelho, em agradecimento. A Nádia e a Márcia fizeram o fundo musical solando a música “Um pouco de perfume” durante a entrega dos cravos. Este foi um dos momentos mais marcantes para todos. A comunhão foi das duas espécies e todos os presentes participaram. Após a comunhão. Mons. Arnaldo Beltrami entregou a Dom Romeu uma placa de prata e frisou Agradecimentos. Em nome dos funcionários, o sr. José Vieira também falou a agradeceu. Em seguida a Berenita falou sobre a Ação de Graças a Deus pelo Bispo que conviveu 18 anos nesta Igreja, relembrou os bons momentos e as várias vocações que nós, funcionários desta Cúria Diocesana encontramos neste líder chamado Dom Romeu Alberti. Dorvalino, disse ao Sr. Bispo Dom Romeu: hoje o Senhor está proibido de falar o Senhor só vai ouvir o que os funcionários têm a dizer. A seguir o Dp. Dorvalino Bertasso fez as considerações finais apresentando a memória histórica da existência da Cúria Diocesana e revivendo alguns momentos importantes deste serviço diocesano.
Relembrou os primeiros funcionários, os Padres e Irmãs e Leigos que iniciaram os trabalhos de organização desta Cúria Diocesana, numa sala da catedral que posteriormente passou a ser a residência Episcopal de Dom Romeu Alberti. O retrato mais expressivo é que esta Cúria, o lugar central da Diocese devesse funcionar como o coração. Final da missa, Dom Romeu deu a bênção e todos desceram para o refeitório para um almoço de confraternização e despedidas. A Srta. Berenita Pinheiro, Secretária Diocesana, falou a Dom Romeu em nome dos funcionários sobre a Ação de graças a Deus pelo Bispo que conviveu quase 18 anos nesta Igreja distribuindo amor cristão e paz com a própria vida. Como agosto é o mês das vocações, nós os funcionários, encontramos no senhor não só a vocação de Pastor, mas também a de Pai espiritual que cuidou de todos e cada um, sem abandonar ninguém, Médico, que cuidou das almas para que nenhuma se perdesse; Pedreiro que colocou tijolo por tijolo na construção desta Igreja, e agora o Responsável por esta construção o leva para dar continuidade à construção do Reino em Ribeirão Preto.
Lavrador, que preparou a terra, plantou a semente e cuidou, e agora, quando chega a colheita, o Dono da plantação o transfere para uma outra messe. Cozinheiro, que durante a caminhada dos filhos de Deus, transforma o Pão e Vinho, no Corpo e Sangue do Senhor, para que assim, com o espírito alimentado, continuemos nossa caminhada para a Casa do Pai. Advogado de defesa que sem olhar apenas a pessoa, mas o filho de Deus que está nela, defende sempre a causa do Senhor, levando amor a todos. Irmão mais velho, que educa, ensina e ajuda os irmãos a seguirem o caminho do Senhor, e Amigo, que está sempre disposto a dar a vida, se preciso for, para salvar seus companheiros de caminhada, seus amigos, seus filhos espirituais e até mesmo seus inimigos, com o seu exemplo de amor.
Pois é, Dom Romeu, depois de quase 18 anos de um feliz casamento, causaram o nosso divórcio e vivemos neste momento a nossa separação. Já estamos nos sentindo órfãos aqui na Cúria. Foi falado que a Cúria é o coração da diocese. Hoje este coração está triste, porque vai ficar órfão. Há 18 anos atrás, esta Cúria estava em gestação, depois nasceu com a sua chegada, cresceu nas sombras da catedral, ficou moça com a vinda aqui para o Seminário e hoje com quase 18 anos fica órfã e se torna candidata a um casamento, sem direito de escolher o noivo. Vão impor o noivo para esta noiva, como se fazia no tempo de nossos avós. Tudo isso, é brincadeira, mas gostaríamos de participar mais na escolha do seu sucessor, para que a vida aqui na Família Divina Apucaranense continuasse crescendo e se multiplicando. Fui encarregado de entregar ao senhor esta placa de prata,onde deixamos gravado o amor do pessoal da Cúria e queremos ser essa memória no seu dia a dia. Vamos ficar com o senhor no nosso coração e queremos que esta placa seja um sinal do coração da cada “curiano”, como disse o Durvalino Obrigado, Dom Romeu.