“Eu vim para que tenham vida, e para que a tenham em abundância” (Jo 10, 10)
Toda vida é um desejo de Deus que se faz carne! Toda vida humana, antes de ser gerada no útero, antes da concepção, foi gerada no Coração de Deus. A vida humana, desde a concepção até seu fim natural é mais que um simples direito, é um valioso presente de Deus, que deseja que ela seja respeitada, cuidada e vivida de acordo com o plano de amor que Ele tem para com toda humanidade. Nada e ninguém, seja em que circunstância for, tem o direito de pôr fim a uma vida, seja no útero, seja numa cama de hospital ou num ato de violação ou violência. A vida é dom de Deus, e a Ele pertence. Nunca se falou tanto de vida, de cura e de cuidados, como se fez agora com o advento desta pandemia, onde aprendemos a cuidar uns dos outros de uma forma tão diferente e eficaz. Em tempos de incansáveis trabalhos e dedicação dos profissionais de saúde, leigos, cientistas e de toda sociedade para que vidas fossem salvas, torna-se inadmissível que se propague a violação do direito à vida, seja de que forma for. A criação de vacinas e medicamentos que combatem as doenças já deveria ser para os homens um sinal de que a inteligência dada por Deus deve ser sempre usada para promover a vida em qualquer estágio, a saúde e o bem comum, pois é justamente por isso que Jesus Cristo doou sua vida: para que todos a tenham em abundância. Há mortes e nascimentos, começos e finais, tudo no tempo de Deus. Quem se apossa da Palavra de Cristo “Eu sou o caminho, a verdade a vida”, entende que há uma necessidade urgente de promover, defender e cuidar da vida humana em qualquer situação, com atitudes diárias e constantes. A cada dia é dado ao homem uma nova oportunidade de recomeçar, de se refazer em relação ao cuidado para com o próximo. A Sapiência Divina e sua Providência nos mostra que a vida é um eterno renovar-se, um transformar-se em criatura nova, renovada pelo Espírito Santo. Somos criados para a Glória de Deus e somente Nele encontramos o verdadeiro sentido e a importância de valorizar a vida humana. Nada se compara nem ultrapassa o valor da vida, pois há, no mais íntimo de cada ser, traços visíveis e permanentes do amor de Deus e seu agir em nossa história. Reconhecer essa Presença Divina em nosso cotidiano, faz com que percebamos que a vida vem de Deus e, portanto, não nos pertence, pois Dele viemos e para Ele devemos voltar. Esse entendimento acerca da vida e seu direito inviolável deve levar o homem a assumir seu papel de guardião, defensor e cuidador da vida e sua sacralidade, respeitando-a desde a concepção até seu fim natural. O direito à vida fundamenta todos os demais direitos e, quando não se defende a vida em sua totalidade, não se pode reivindicar nenhum outro direito mais. A família é o berço primeiro da proteção à vida, pois, enquanto Igreja Doméstica, é chamada a anunciar, celebrar e servir o ‘Evangelho da Vida’. Com o Tema “Família, Santuário da Vida”, a Igreja congrega a todos os cristãos, de 01 a 08 de outubro, na Semana Nacional da Vida, a serem fecundos na unidade e no cuidado para com a vida, e é na família que deve ser difundido o valor intrínseco dela, em especial, a vida do Nascituro, celebrado no dia 08 de outubro, aquele que está no ventre, sendo formado para vir à Luz. Diante da crise pela qual passamos, da insegurança acerca do futuro, há que se promover a esperança de dias melhores e de vida plena, onde os direitos à vida sejam respeitados e valorizados. A humanidade necessita de amor e de alegria, e o melhor lugar para se viver essa alegria e esperança é no seio familiar e na comunidade onde se vive o ser cristão. A vida é sempre um bem, uma bênção de Deus, que deve ser vivida no cuidado de um para com o outro, no amor às crianças e aos idosos, num cuidar recíproco e amoroso, valorizando os que nascem e precisam aprender, e aprendendo com os que já tem uma vasta experiência. A vida é um eterno aprender e ensinar, corrigir-se e converter-se, respeitando o tempo de cada um e de cada coisa. “Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer e tempo para morrer...” (Ecle 3,1-8).
Dom Carlos José de Oliveira
Bispo da Diocese de Apucarana
Escreva seu comentário