Caríssimos irmãos, em plena comunhão com o Santo Padre, juntamente com todas as igrejas locais, saudamos com alegria e gratidão o convite para “caminharmos juntos", para fazermos Sínodo, para sermos uma Igreja sinodal, envolvendo tanto quanto possível todas as pessoas, inclusive as que não se sentem parte ativa da comunidade cristã. O grande protagonista deste ′′tempo de graça′′ será o Espírito Santo, pelo qual devemos nos deixar guiar para que nossas comunidades eclesiais sejam verdadeiramente lugares de “comunhão, participação e missão”.
Diz o papa: “o Sínodo não é um parlamento, o Sínodo não é uma investigação sobre as opiniões; o Sínodo é um momento eclesial, e o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo. Se não estiver presente o Espírito, não haverá Sínodo.”
Vivamos, portanto, este Sínodo no espírito da “ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: «Para que todos sejam um» (Jo 17,21).
É tempo de encontro, escuta e reflexão. O papa recorda a necessidade urgente de “escutar o Espírito na adoração e na oração. Como, hoje, sentimos falta da oração de adoração! Muitos perderam não só o hábito, mas também a noção do que significa adorar”.(Homilia de Abertura do Sínodo)
É fundamental escutar os irmãos e irmãs sobre as esperanças e as crises da fé nas diversas áreas do mundo, sobre as urgências de renovação da vida pastoral, sobre os sinais que provêm das diversas realidades do mundo.
Realizar um caminho de escuta e de diálogo, que nos deverá ver a todos envolvidos em uma consulta envolvendo as paróquias, os agentes de pastorais, as associações e movimentos laicais, as escolas e faculdades, as congregações religiosas, os grupos de voluntariado, os excluídos, os trabalhadores, os assistentes sociais, o funcionalismo público nas diversas prefeituras dos municípios que compõem nossa diocese, todos vereadores e os conselhos paritários.
Sob a orientação do Espírito e na escuta atenta da Palavra Divina, nos próximos anos a Igreja será chamada a renovar-se entrando “com coragem e liberdade num processo de conversão′′ para poder estar à altura da missão recebida por Cristo. O início de processos de escuta, diálogo e discernimento favorecerão a participação ativa de todos e de cada um, valorizando o carisma que cada batizado recebeu do Espírito Santo e ativando aquele ‘sensus fidei’ de que todo cristão é dotado. O crescimento de uma mentalidade e a busca de um estilo verdadeiramente sinodal contribuirá para fazer da Igreja uma casa ′′de comunhão e fraternidade, verdadeira casa do pão da palavra da caridade e da missão.
Já o Concílio Vaticano II convidou as comunidades eclesiais a caminhar com os homens e mulheres do nosso tempo, porque “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres acima de tudo e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e nada há de genuinamente humano que não encontre eco no seu coração′′ (GS 1). A comunidade católica , portanto, deverá realmente e intimamente se sentir com toda a humanidade e com a sua história, pois a todos se destina a mensagem de salvação recebida de Cristo.
O Papa nos pede para evitarmos os riscos que podemos correr no processo Sinodal: Formalismo: fazer por fazer, realizar o Sínodo só de fachada, sem entrar no processo, sem envolvimento. Intelectualismo: um grupo de estudos apenas, falar por falar distante do concreto da vida. A realidade vai para um lado e a reflexão para outro. Imobilismo: sempre se fez assim, continuemos da mesma forma.
A tentação do clericalismo deve ser evitada sempre. Não devemos perguntar apenas aos do nosso grupo, aos que vão responder aquilo que queremos ouvir.
São riscos, tentações. Devemos evitá-las.
Vivemos num tempo muito diferente daquele quando foi criada a diocese, em 1965. O atual Plano Diocesano da Ação Evangelizadora (Pladae) nos mostra a mudança de uma diocese rural e católica para uma sociedade urbana, secularizada e pluralista, onde a fé é algo de que se pode ignorar e até atacar. Para muitos a fé católica parece distante e estranha às necessidades da vida. É necessária uma mudança de mentalidade pastoral, que ultrapassando uma prática tradicional consolidada e de conservação, oriente-se definitivamente para uma pastoral em chave missionária, repensando “os objetivos, as estruturas, os estilo e os métodos evangelizadores′′ (EG 33). Trata-se de iniciar ′′uma conversão da ação eclesial”, um processo que não pode ignorar, por isso, a participação ativa de todos os componentes do Povo de Deus.
O Caminho Sinodal que hoje iniciamos, é um processo que se prolongará até o Jubileu-Ano Santo de 2025, em providencial coincidência, com a comemoração dos 60 anos de instalação da nossa Igreja.
“É tempo de graça”, enfatiza o papa. Entremos com ânimo renovado neste novo tempo eclesial. Vamos movimentar nossa diocese. Creio que esse tempo pandêmico e, desejamos, pós-pandêmico, é uma grande oportunidade para evangelizarmos. Nosso povo, nós mesmos, estamos feridos, e temos o remédio para essas feridas: Cristo Jesus, na Palavra e nos sacramentos, na vida. Vamos pôr em prática a nossa Igreja Hospital de Campanha, Casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Missão. Não percamos a oportunidade que o Senhor nos oferece. Encontrando nossos irmãos e irmãs caídos a beira do caminho, vamos construindo uma igreja diocesana sínodal, hospitaleira, onde Cristo Jesus é vivido e anunciado. A Virgem Imaculada de Lourdes, a quem queremos nos dirigir em Romaria em Fevereiro próximo, nos acompanha e nos anima na missão.
A convocação do Santo Padre ao Sínodo nos renovará,nos trará impulso missionário, ardor apostólico e autêntica alegria.
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