Diálogo entre as gerações

06 Jan 2022
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DIÁLOGO ENTRE AS GERAÇÕES – CONSTRUINDO A PAZ "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens, a quem ele quer bem" (Lc 2.14.). A paz sempre foi um desejo intrínseco no meio da humanidade. Muitas são as exortações bíblicas que expressam a necessidade humana de viver em paz e propagá-la ao redor de si. No entanto, a paz precisa ser construída no dia a dia, passo a passo, esforço por esforço para que atinja o coletivo, sem detrimento do individual. Onde está a paz prometida? Jesus Cristo, o autor da verdadeira paz, ensinou com exemplos e palavras como se constrói a paz. O amor, a compaixão, a paciência, a verdade, a bondade, o perdão e a partilha, quando bem vividos, têm como consequência a paz duradoura. Num mundo que geme e grita pela paz, esses sentimentos citados acima devem ser postos em prática para que mais pessoas vivam a verdadeira paz. O Papa Francisco, em sua mensagem para 1º de janeiro de 2022, Dia Mundial da Paz, exorta a humanidade à reflexão sobre a tão necessária construção da paz, sabendo que isso não acontece de repente, mas aos poucos, com pequenas atitudes pessoais e coletivas. A humanidade está chegando ao limiar do egoísmo, onde muitos têm de sobra e outros, nada lhes sobra. Todos somos responsáveis nessa grande missão: lutar para que a paz seja uma realidade, não uma utopia, distante e impossível. “Dou-vos a paz, a minha paz, não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14,27). Ao mesmo tempo em que a paz é uma dádiva do Alto, é também fruto de um empenho compartilhado. Por isso, o Papa Francisco fala de ‘arquitetura’ e de um ‘artesanato’ da paz, que diz respeito a cada um de nós, ou seja, com nossas mãos e nosso empenho, a paz se construirá ao nosso redor e, pela força da comunhão cristã, no mundo todo. A mensagem Papal, em seu primeiro tema, versa sobre o ‘diálogo entre as gerações’, ou seja, os ensinamentos passados de geração em geração. O diálogo deve acontecer entre os idosos, que guardam em sua história de vida as memórias do tempo vivido, suas experiências, tanto positivas quanto negativas, e os jovens, que são os responsáveis por fazer avançar a história. Há que se aprender, e muito, com aqueles que já experenciaram tantas coisas e situações e com elas aprenderam valiosas lições. No contexto atual, onde a solidão e a angústia foram agravadas pela pandemia, onde o progresso caminhou a longos e rápidos passos, seja nas vias tecnológicas, seja na econômica, houve um acirramento de divisões e conflitos que comprometem o futuro da humanidade. Quando muitos pensam que, por estarem conectados com o mundo, conhecem tudo e têm a solução para todos os problemas, vemos, por outro lado, a miséria, as guerras, e toda uma gama de problemas aflorarem ao nosso redor. O que foi construído até agora, por gerações passadas, que gerou frutos bons e duráveis, deve ser conservado e aprimorado para que, num futuro não tão distante, os homens tenham uma melhor qualidade de vida e conheçam a paz que brota da unidade. Ao passo que, o que não foi bom no passado, deve ser evitado no presente para não trazer consequências funestas no futuro. De geração em geração, desde o Princípio da Criação, as experiências se tornam história da humanidade, por isso, ouvir os mais experientes dá aos mais jovens um esboço de qual caminho se deve seguir. A paz de Cristo opera para todos: para os bons e para os não tão bons assim, ao passo que a paz construída por nossas mãos deve trazer aos não tão bons um desejo de comunhão fraterna e diálogo aberto acerca das necessidades do mundo atual. “Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amainar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada”, diz o Papa Francisco em sua mensagem. Que a Virgem Maria, que caminha conosco, interceda para que tenhamos a humildade de aprender com as experiências dos mais idosos e que São José nos encoraje a enfrentar, com fé e perseverança, os obstáculos que existem nos caminhos. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana


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