“A TUA FACE, SENHOR, EU BUSCO. ” (SL 27, 26-8) Disse o Senhor: “Vou conduzi-lo ao deserto e falar-lhe ao coração’ (Os 2,16). É tradição da Igreja promover momentos de oração, contemplação e silêncio, onde Deus possa falar aos corações e manifestar Sua imensa graça, através da ação do Espírito Santo. Jesus é o primeiro a nos dar o exemplo, quando, afastando-se da multidão, procurava lugares ermos para rezar e estar a sós com o Pai. Todos nós precisamos de momentos a sós, de recolhimento pessoal, onde não haja intervenções externas, para que possamos rever nossa vida, acalmar nossos anseios e nos encontrarmos com nossa própria consciência. Ainda mais os sacerdotes, tão cobrados e apontados por sua vida vocacional, necessitam retirar-se da agitação cotidiana para reencontrar-se, pessoalmente, face a face com Jesus, o Cristo de Deus. De forma errônea, muitos imaginam que não haveria necessidade de o sacerdote retirar-se do burburinho diário para encontrar Jesus, já que, a cada sacramento realizado ou missa celebrada, ele está diante de Jesus, oferecendo O e, ao mesmo tempo, recebendo-O. Sim, isso é verdade, Jesus está sempre diante do padre e junto a ele. Acontece que, como todo ser humano, o sacerdote também tem seus problemas pessoais, suas angústias, dúvidas e dilemas, que, no correr do dia a dia, se acumulam dentro de si e pesam, muitas vezes, mais do que eles conseguem suportar e que podem levá-los à secura espiritual, ao esfriamento da própria fé. Diante disso, faz-se necessário que tenham um tempo de ir ao encontro de Deus, colocando-se frente a frente com o Senhor para, além de reabastecer sua fé, sentir em si mesmo o amor e o carinho do Pai, buscando a Face do Senhor, retornando à essência de seus primeiros passos na vida sacerdotal, recuperando a chama do Fogo ardente com o qual foram incendiados em sua ordenação. Buscar a Face do Senhor, que, conhecendo as necessidades de seus filhos, indaga a todo momento “Que queres que eu faça? ” (Cl 18, 41), é extremamente importante aos sacerdotes, para que não percam de vista Jesus que passa em meio à suas vidas. Diante desse questionamento de Jesus, o sacerdote poderá avaliar sua vida, seu ministério evangelizador e sua missão, voltando-se ao mais íntimo de seu ser, para que possa responder, com fé e determinação: “Senhor, que eu veja. ” Retirar-se para repensar o sentido de sua vocação e sua resposta ao chamado de Deus, revendo suas atitudes e aptidões, buscando a graça Divina para reordenar sua própria vida, permitindo que Jesus, o Bom Samaritano limpe suas chagas e lave seus pecados, para, com uma vida renovada pelo poder do Espírito Santo e pela força da oração, possa retornar à sua Paróquia e suas comunidades com um novo ardor e assim, continuar sua missão. Escutar a voz de Deus, responder a essa Voz com o coração e a mente abertos para, continuamente, adorar o Senhor, em espírito e verdade, esse é objetivo do Retiro. O Clero Diocesano de Apucarana estará em Retiro de 04 a 08 de julho, sob a orientação do arcebispo Emérito de Salvador, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger. Por todos os participantes, nossas orações e preces para que o Bom Deus renove suas vocações, para o bem deles próprios e de toda comunidade diocesana. ‘Que os sacerdotes encontrem a face de Deus, entendam seus desígnios, sintam a alegria da pertença a Cristo e à sua Igreja; tomem posse do perdão e amem ao Senhor mais que a si mesmos. Que busquem sempre o Reino do Céus e Sua justiça, acima de tudo. ’ Amém. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - PR
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