“Recordar é uma missão verdadeira e própria do idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros”. (Papa Francisco) O caminhar da vida, da concepção ao seu final, é uma estrada a ser percorrida dia por dia, com lutas constantes, onde há derrotas e vitórias. Viver exige uma postura individual de ir em frente e, independentemente dos resultados obtidos, seguir numa busca de realizações. Há a aurora e o ocaso, e entre esses dois momentos, há o tempo do desenvolvimento natural, individual e social de cada pessoa. A aurora da vida dá-se na concepção do novo ser, que, inteiramente dependente de sua mãe, vai se desenvolvendo até o momento de vir à luz da terra. Vemos como Deus é maravilhoso e infinitamente sábio! Uma vida, para existir, necessita de outra que a acolha para que se desenvolva e venha ao mundo. Quando entendermos que somos dependentes uns dos outros e que nada podemos sozinhos, teremos entendido o sentido da vida em comunidade e em família. Cada família traz em si sua tradição que, de geração em geração, vai se perpetuando e também se transformando de acordo com a vivência e as mudanças que ocorrem em seu entorno, porém, as tradições não são esquecidas ou não deveriam ser. Há toda uma carga histórica em cada pessoa, uma trajetória de vida que marca as gerações e se tornam memórias, servindo de exemplo para os mais jovens, que estão começando suas experiências de vida. “A força é o ornato dos jovens; o ornamento dos anciãos são os cabelos brancos. ” (Prov. 20, 29). Nesse longo e desafiador caminho que é viver, chega-se ao ocaso, o momento em que se percebem mudanças que, aos poucos, fazem vislumbrar a velhice. Há tempos, a expectativa de vida dos mais idosos não era como hoje, onde, com o progresso científico e tecnológico a longevidade já é uma realidade. Se olharmos ao nosso redor com um pouco mais de atenção, veremos que os que eram considerados velhos aos 60, 70 anos, hoje são até mais ativos que muitos mais novos. Houve uma mudança no comportamento humano de forma geral, onde o idoso percebeu que pode viver bem, sem estar à margem nem invisível aos olhos da sociedade. A adaptação rápida aos novos meios tecnológicos de comunicação possibilitou aos idosos uma nova aurora em meio ao ocaso, ou seja, eles estão presentes, vivos e ativos dentro dessa sociedade líquida, onde tudo se escapa e se desfaz por entre os dedos, tão rapidamente às vezes, que nem nos damos conta. Porém, infelizmente, ainda há casos, e muitos casos, de desprezo, abandono e preconceito contra esses tão experientes irmãos, que, mesmo tendo se dedicado, com sacrifícios e coragem ímpares para que tivéssemos o que temos hoje, vivem isolado e esquecidos, não só pela sociedade em geral, mas pelas próprias famílias. É urgente proporcionar aos idosos um envelhecimento saudável para que se sintam seguros, amparados e participativos. Há uma verdade que precisa ser explorada para que todos tomem consciência de que, sem as memórias e as experiências vividas pelo idoso, a vida seria apenas o tempo presente, pois o passado, gravado na memória e na vida dos mais experientes, não existiria e, sem passado para nortear o presente, não teríamos como contar a história, num futuro muito próximo. O Papa Francisco expressou a importância do idoso dizendo: “Uma sociedade seguirá em frente se souber respeitar a sabedoria. Mas, se não houver lugar para os idosos, essa sociedade levará consigo o vírus da morte”. No quarto domingo do mês de julho será celebrado o dia do Idoso, instituído pelo Papa Francisco, como forma de reconhecermos e valorizarmos aqueles que são os precursores e mestres na propagação da ternura e do afeto gratuitos, que travaram árduas lutas para que hoje nós tenhamos o conhecimento de nossa própria história. Aos idosos, nossa gratidão e carinho pela vida e pelo testemunho. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apuracana - PR
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