“Eis aqui a serva do Senhor”. (Lc 1,38)
Há um quê de ternura e carinho que, sem sombra de dúvidas, provém da Santíssima Virgem Maria, em cada mulher que, chamada à vocação religiosa, com firmeza e coragem responde ‘sim, eis-me aqui’. A Santa Mãe de Deus e nossa, assumindo a maternidade Divina, é a primeira a cuidar e guiar, em nome de seu Filho, as tão conhecidas filhas religiosas no seu caminho vocacional, desde os primeiros sinais vocacionais, até o término de sua honrosa e árdua missão: cuidar e salvar almas. As Congregações Religiosas desempenham sua vocação de diferentes modos e em diferentes lugares, porém, sempre tendo em vista a doação pessoal, o serviço ao próximo e a doutrina da Igreja. Sejam elas missionárias, líderes de pastorais sociais ou de comunidades carentes, catequistas, educadoras, auxiliares nas diversas esferas hierárquicas das Dioceses ou Paróquias, estão unidas primeiramente à Cristo, Cabeça da Igreja, e à sua Mãe, Maria Santíssima. As religiosas, escolhidas e chamadas pelo próprio Deus, abdicam da vivência de uma vida familiar ou profissional assumindo uma missão toda especial: a de ser esposa de Cristo e mãe de inúmeros filhos, não gerados por elas, mas assumidos como se seus fossem. São João Paulo II, sobre a importância da vocação feminina, assim se expressou: ‘A vida consagrada constitui memória viva da forma de atuar do próprio Cristo’. O valor da vida feminina consagrada ao Senhor percebe-se nas Instituições por elas dirigidas ou nos trabalhos desempenhados, visto que sua capacidade incontestável de conduzir as situações mais delicadas, tal mãe que conduz seus filhos para o bem, faz surtir efeitos mais positivos e duradouros nos corações atribulados e sem rumo. Antes considerada frágil ou capaz apenas da contemplação e oração, vivendo em clausura ou quase sem ser vista, hoje a religiosa tem um peso de decisão, aconselhamento e dedicação nas esferas em que atua, que ultrapassam as barreiras da fragilidade, pois, conduzidas pelo Espírito Santo de Deus, se tornam luz nos lugares onde a voz da Igreja quase não penetra. Em tempos de mudanças tão assustadoras e rápidas, onde se pensa mais nos direitos do que nos deveres, as religiosas são chamadas a serem sinal do Reino de Deus, do Reino futuro, onde a bondade, a fraternidade e a missão evangelizadora sejam realmente difundidas com coragem e verdade, permitindo que todos conheçam e encontrem Jesus, vejam seu rosto e ouçam seu chamado à santidade e à salvação eternas. Assim como Maria Madalena anunciou a todos que ‘viu o Senhor”, também as religiosas, com seu amor pelo Divino, anunciam, não só que viram o Senhor, mas também que por Ele deixaram tudo e se puseram a caminho, e que isso vale toda sua vida e seu sim. Como é belo esse despojar-se de si mesma para, com as vestes da pureza, castidade, obediência e doação, assumir a própria vocação a favor do próximo, do desconhecido, necessitado, abandonado, excluído, doente e, na maioria das vezes, ausente da presença bondosa do Cristo, Senhor de todos nós. Assim como é bela, a vida religiosa feminina é feita de inúmeras dificuldades, principalmente carecendo do reconhecimento da sociedade, o que faz com que o chamado de Deus não seja ouvido ou, se ouvido, não assumido como deveria ser. Cabe a todo cristão agradecer as vocações femininas existentes e pedir, com firmeza, com orações contínuas, que a voz do Espírito Santo, em alto e bom tom ou em quase que inaudíveis sussurros, suscite mais vocações femininas em nosso meio, para que continuemos tendo, através dessas sábias e humildes mulheres, a presença do amor maternal da Virgem Maria e do Salvador, Cristo Jesus. Nossa Senhora de Lourdes, abençoai e protegei vossas filhas vocacionadas e, como só a Senhora sabe fazer, rogai ao Senhor que mais mulheres tenham a coragem de se colocarem à serviço de Cristo e de sua Igreja. Amém.
+ Dom Carlos José
Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná
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