SÍNTESE DIOCESANA SÍNODO 2021 – 2023
1- INTRODUÇÃO
A fase de escuta na Diocese de Apucarana teve início em 17 de outubro de 2021 com missa presidida pelo Sr. Bispo, S. Ex.ª Rev.ma Dom Carlos José de Oliveira, na catedral diocesana de Nossa Senhora de Lourdes. De imediato, deu-se o trabalho com os Srs. Presbíteros diocesanos e Religiosos que atuam em paróquias da diocese, oferecendo subsídios formativos e realizando reuniões preparatórias, tais como live ocorrida em novembro com a assessoria de Dom Antonio Luiz Catelan Ferreira e reuniões do clero em nível decanal. No mês de dezembro, os Srs. Párocos reuniram o Conselho Missionário Paroquial de Pastoral (CMPP) de suas respectivas paróquias, com o intuito de apresentar a proposta do Sínodo e planejar sua realização na Igreja local. Entre os meses de janeiro e abril, ocorreram assembleias paroquias nas quais considerável número de fiéis discutiram as questões e manifestaram seu parecer à respeito dos temas tratados. Tais encontros deram origem às sínteses paroquiais encaminhadas ao Centro Diocesano da Ação Evangelizadora. Desenvolveu-se, também, um mecanismo online para a escuta sinodal disponível no site da diocese. Com questões resumidas e adaptadas, foi acessado durante todo o período da escuta por meio de QR Code ou outros links disponibilizados nas mídias sociais das paróquias e diocese. Foram consultados também os seminários diocesanos, os diáconos, as religiosas, as prefeituras dos trinta e cinco municípios que compõem o território diocesano, as coordenações das pastorais e movimentos, etc. A proposta foi, em geral, bem aceita pelos fiéis mais ativos na comunidade e os Srs. Padres e lideranças, de fato, se empenharam para a realização das assembleias (Todas as paróquias realizaram a assembleia sinodal, apenas 3 deixaram de encaminhar a síntese). A consulta virtual não teve a adesão imaginada inicialmente, apenas 187 pessoas 20 concluíram a resposta das 10 questões. 3 prefeituras encaminharam seu parecer frente às questões levantadas. As dificuldades percebidas ao longo da fase diocesana de escuta estão vinculadas ao pouco interesse pela parte da maioria das pessoas frente ao assunto, apesar de disponibilizado meios para uma escuta de muitos, contatou-se maior envolvi[1]mento da parte das lideranças.
2. SÍNTESE
2.1. COMPANHEIROS DE VIAGEM
A Diocese de Apucarana, autodenomina-se Igreja “hospital de campanha”, em vista de seu XXV° Plano Diocesano da Ação Evangelizadora (PLADAE) que à luz do que diz o Papa Francisco, deve estar de prontidão para atender a todos em todos os momento e necessidades. Além disso, a Igreja Particular de Apucarana se reconhece como povo de Deus, categoria essencial da eclesiologia do Concílio Vaticano II na Lumen Gentium, que peregrina rumo ao definitivo encontro com o Cristo Jesus, enquanto se esforça para a edificação do Reino de Deus, que ocorrerá plenamente na eternidade. Nesta jornada, empenha-se na busca e vivência da unidade conforme o desejo do Senhor de que “todos sejam um” (João 17,21), por isso deseja ser a Companheira de Viagem para o Reino eterno, de todos aquele que fazem parte do seu território de evangelização. No “caminhar juntos”, alguns desempenham uma liderança laical ativa nas pastorais, movimentos e serviços; enquanto outros dedicam -se na participação dominical na Missa e demais ações litúrgicas. Alguns caminham nos Grupos de Vivência e em diferentes momentos de oração e de testemunho cristão na comunidade. Não “caminham juntos” aqueles que se recusam a crer em Jesus Cristo e a participar do seu corpo que é a Igreja. Parecem ter sido deixados pelo caminho os irmãos que pertencem às periferias existenciais elencadas pelo Papa Francisco. Dificulta na caminhada o contratestemunho dado por certos líderes e fiéis, que acabam afastando muitas 21 pessoas da vida da comunidade. O clericalismo da parte de alguns ministros ordenados e de Leigos clericalizados, a politização ideológica e o indiferentismo de alguns para com a Igreja, foram apontados como obstáculos ao caminhar juntos. Conclui-se, neste aspecto que, apesar de percorrido já um longo trecho, ainda é necessário intensificar o “caminhar juntos” na oração, na partilha e na fraternidade. As comunidades que compõem a Diocese de Apucarana foram unânimes no que diz respeito à necessidade de uma melhor acolhida dispensada a todos, por isso a denominação da Diocese como “hospital de campanha”, especialmente para aqueles mais distantes. Enfatizaram a mudança na implementação do novo itinerário catequético, como um elemento essencial para auxiliar a Igreja de Apucarana no processo de “caminhar juntos”, conforme a proposta sinodal do Papa Francisco.
2.2. OUVINDO
Quanto ao modo pelo qual a Diocese de Apucarana ouve a Deus, foi constatado pelos diocesanos que os meios mais recorrentes para ouvi-Lo são: a partir do silêncio da oração, leitura da Palavra, participação nos Sacramentos, homilias, etc. Deus se faz ouvir também, quando os dons que Ele mesmo concedeu são colocados a serviço da comunidade e da vida. É ouvido através do testemunho dos muitos cristãos que, vivendo como discípulos, comprometem-se com o anúncio do Reino. Assim como diz a Carta aos Hebreus 1,1-2, o Senhor comunica-se sempre e de maneiras diversas, mas nos últimos tempos comunica-se através de Jesus Cristo, Ele é o meio primordial pelo qual ouvimos o Pai, quando a Ele abrimos o coração. A consulta sinodal apontou limitações na escuta das comunidades. Alguns Leigos relataram dificuldades em serem ouvidos, afirmando que há poucas oportunidades, tais como nos atendimentos de confissão, conselhos paroquiais ou reuniões pastorais. É possível notar que, majoritariamente, a escuta não é efetiva na prática, isso acaba cor[1]roborando para o distanciamento entre pastores e Leigos. Naturalmente os Leigos engajados na atuação pastoral são mais ouvidos que os não participantes, tanto em relação aos pastores quanto aos próprios fiéis. Alguns Leigos, de acordo com a escuta, possuem uma atitude autoritária com relação aos demais, julgando-se superiores e os únicos responsáveis, não considerando devidamente as opiniões alheias. Isso é um fator extremamente prejudicial à escuta do todo. A escuta e participação dos ReligiososConsagrados se dá por meio de presença nas ações litúrgicas paroquiais, nas formações, nas missões vocacionais, no acolhimento dos mais carentes em lares para idosos ou crianças, centros de convivências e demais atividades sócio caritativas a eles relacionadas. Quanto à escuta dos não católicos, costuma ocorrer de forma superficial. Conhece-se pouco a realidade daqueles que não fazem par[1]te da Igreja e vice-versa, também não há uma atitude de acolhida das opiniões alheias de ambas as partes, provavelmente por comodismo e indiferença mútua. Neste aspecto, ainda é preciso uma postura mais humilde e fraterna para ouvir e aprender com a experiência outro.
2.3. FALANDO
Quanto ao “falando”, a Diocese compreende que o anúncio do Evangelho caracteriza a essência da missão da Igreja no mundo, falar de Jesus por meio de obras e palavras para que as pessoas conheçam a Deus, o amem e Nele creiam, tornando-se, a seu tempo e modo, também evangelizadoras. Dentro da comunidade cristã, o diálogo é uma característica e prática essencial, pois assim o Espírito Santo manifesta-Se na totalidade do povo de Deus: ministros Ordenados, Consagrados e Leigos. O diálogo só é possível quando há liberdade para que ele ocorra, acolhida e respeito por parte dos interlocutores. A maioria das respostas aponta que um dos grandes impedimentos no falar é a vergonha e o medo de emitirem suas opiniões e, a partir disso, surgirem conflitos, julgamentos, censuras, críticas e até indiferença. De modo geral, percebe-se que a descortesia por parte de alguns padres e lideranças leigas impedem outros membros da comunidade de falarem com parresia. Foi elencado, também, como impedimento ao falar, a falta de formações sobre temas básicos, tais como Sagrada Escritura, Documentos da Igreja e a Doutrina em geral. A Diocese expressou vivamente que as pastorais, movimentos e serviços são ambientes importantes em que as pessoas se sentem seguras para falarem e ouvirem, neles muitos são integradas e recebem o seu devido lugar de fala-escuta. As assembleias paroquiais, quando realizadas, conseguem atingir um número amplo de falantes, tendo relatado algumas paróquias que quando se há uma participação mais expressiva no planejamento e nas decisões, há maior comprometimento na realização das atividades e empenho para a obtenção dos resultados esperados. Quanto à relação com os meios de comunicação, a Diocese possui uma boa integração com a mídia local, destacando-se o trabalho desempenhado nas mídias sociais através do sistema de comunicação e evangelização D.A. (Diocese de Apucarana). Muitas paróquias relataram de forma positiva, particularmente no período de ápice da pandemia, a evangelização realizada pelos Padres e pelo Bispo nos programas de rádio, TV, além dos artigos da revista diocesana, transmissão das Missas e outras atividades religiosas pelas redes sociais. Contudo, foi apontado que a pastoral da comunicação diocesana deve funcionar de forma mais efetiva e integrada nas paróquias.
2.4. CELEBRANDO
Referente à “celebração”, a Igreja Particular de Apucarana compreende que as ações litúrgicas inspiram quando são bem preparadas, com homilias objetivas e que levem a conversão. Quando isso não ocorre, é comum ouvir comentários tais como: a Missa não é atrativa! As celebrações são cansativas! É preciso adaptar as canções... etc. Essas opiniões, de acordo com a consulta sinodal, constatam o fato de que 24 algumas pessoas ainda não possuem conhecimento suficiente sobre a teologia litúrgica e a natureza dos sacramentos. Espera-se que o estudo e a aplicação da Desiderio Desideravi do Papa Francisco tragam frutos nas celebrações. A liturgia não precisa de mais mudanças e adaptações, mas de um processo catequético que leve os Leigos a conhecerem e vivenciarem verdadeiramente tais práticas. Ressaltou-se a importância da presença do Bispo nas comunidades e acompanhamento próximo aos Padres, identificando suas fraquezas, vícios, abandonos. Da mesma maneira, a dos Padres que assumem a postura de serviço ao próximo e que evitam rotinas que destoem da missão assumida pela Sagrada Ordenação. Para a diocese, o Pároco tem um papel importante na evangelização paroquial, guiando e dando voz aos leigos, sem recorrer ao equívoco e vício do clericalismo. É preciso que os Leigos a frente das comunidades também estejam em formação contínua, de modo que não se esqueçam do verdadeiro sentido da missão e olhem com atenção aos irmãos que estão à beira do caminho. É preciso reestabelecer as coordenações com tempo pré-definido, para que não haja apego a funções, mas uma atitude de despojamento. A Eucaristia é o elemento essencial da Celebração Litúrgica da Igreja, recordando a Ecclesiae de Eucharistia de São João Paulo II: “A Igreja vive da Eucaristia”. É em torno do Altar do Senhor e da celebração do Sacrifício Memorial de Ação de Graças e Comunhão, que a Igreja haure as forças necessárias para a Missão. Por isso, é necessário incentivar a formação sobre a Eucaristia e incentivar a piedade eucarística. Os ministérios na vida pastoral e litúrgica devem ser sempre mais valorizados: leitores, cantores, coroinhas, acólitos, ministros da comunhão, catequistas, entre tantos outros serviços. Assim como a presença efetiva dos Padres nas exéquias é uma forma de conforto aos enlutados; uma preparação mais zelosa dos Sacramentos. Finalmente, os diocesanos entendem como necessária maior abertura dos Padres aos meios de comunicação, não apenas os da diocese, cuidem, no entanto, 25 que tal presença nestes ambientes não atrapalhe o exercício da missão frente às comunidades.
2.5. COMPARTILHAR A RESPONSABILIDADE PARA NOSSA MISSÃO COMUM
Sobre o compartilhamento da responsabilidade na missão comum da Igreja, os diocesanos foram unânimes ao afirmar que todos os batizados devem comprometer-se com o anúncio do Evangelho por meio do testemunho e da pregação. A Igreja é o corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, meio pelo qual Deus continua a fazer-se presente junto aos homens e mulheres e, no dizer da Constituição Dogmática Lumen Gentium, “autêntico sacramento de salvação”. A Igreja é o edifício de Deus, fundado sob o alicerce dos Apóstolos, nela os batizados figuram-se como pedras vivas e cooperam ativamente em sua composição, conforme recorda o apóstolo. Muitos são os desafios que se erguem diante dos batizados no exercício de sua ação missionária. Destacam-se, em primeiro lugar, perceptíveis efeitos oriundos da atual cultura materialista que, primando pela busca de resultados imediatos, supervaloriza os fins, a ponto de desconsiderar os meios e emprego dos devidos processos. Nota-se, entre os batiza[1]dos engajados na vida da comunidade, a busca por fazer “coisas de Deus” e obter resultados cada vez mais notórios e satisfatórios, esquecendo-se, em muitos casos, de ocuparem-se verdadeiramente do diálogo, amizade e proximidade com o próprio Senhor. Tal modo de agir torna o exercício da missão batismal insustentável sendo que, deste modo, os agentes evangelizadores cansam-se facilmente diante das frustrações e adversidades impostas pela própria natureza da missão. Constata-se, na maioria das comunidades da Diocese de Apucarana, um relevante esforço missionário empreendido por leigos, consagrados e ministros ordenados, assim como considerável preocupação com o mandato de Jesus de anunciar o Evangelho a todos. A missão tem sido vivenciada, além do que já foi mencionado em outros pontos da presente síntese, em atividades e programas desenvolvidos pelas paróquias, pastorais, movimentos, congregações religiosas, associações de fiéis, etc. Uma comunidade destacou a missão velada, mas fundamental, empreendida pelos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão e Pastoral da Saúde nas visitas aos enfermos, levando aos mais distantes o Cristo presente na Palavra e na Eucaristia. Ponderou-se, ainda, que vastos campos missionários têm-se descortinado diante da Igreja e que a mesma deve, o quanto antes, lançar-se nestas frentes, tais como: hospitais; asilos; escolas, colégios e centros universitários; presídios; novos bairros que surgem nas periferias das grandes cidades; condomínios fechados; fábricas; etc. Evidenciou-se, também, a necessidade de voltar constantemente os olhares aos mais pobres e necessitados, organizando a atividade caritativa da Igreja na intenção de que ela deixe de ser cômoda e assistencialista tornando-se dinâmica, rápida e capaz de promover a vida humana na sua integralidade. Por fim, os leigos devem ser formados com maturidade para desempenharem suas funções sociais segundo os princípios do Evangelho, a comunidade cresce quando “cada um faz tudo e somente aquilo que lhe compete” e, para isso, necessita-se de suficiente formação que lhes dê fundamento.
2.6. DIÁLOGO NA IGREJA NA SOCIEDADE
Caminhando juntos, ouvindo uns aos outros, as realidades distintas, refletindo em conjunto sobre o caminho percorrido, encontrando a comunhão, o Povo de Deus pode opinar e se manifestar, sobre a Igreja que queremos para o futuro. Uma Igreja Sinodal é uma Igreja participativa corresponsável. O Diálogo na Igreja e na Sociedade requer fé, esperança e caridade para promover um processo eclesial participativo, inclusivo e eficaz, especialmente aqueles que por diversos motivos vivem à margem, acolher a todos sem distinção ou julgamento. Precisamos ser uma Igreja acolhedora. As pessoas retornam à Igreja se forem bem recebidas e se sentirem amadas, valorizadas. É imprescindível a presença do Pastor junto ao Rebanho, é expressão do amor doação. O cuidado amoroso às ovelhas. Estar atentos aos fracos, doentes, pecadores, sendo misericordiosos e pacientes. As diferentes pessoas de nossas comunidades se reunirão para o diálogo ao se deparar com necessidades comuns, conforme as realidades. Sendo esses momentos propícios para o fortalecimento do diálogo, vínculos, trabalho em conjunto, atividades missionárias. A promoção do caminho do diálogo e unidade deve acontecer pelo anúncio da Palavra, que tem seu lugar privilegiado, para animar a vida de todos. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de vida para toda a humanidade. O anúncio da Palavra de Deus nos convida a fazer uma experiência com o amor de Deus, a salvação em Jesus, a conversão, a alegria, que é fruto do Espírito Santo. As questões particulares na Igreja e na sociedade as quais temos de prestar mais atenção são com as pessoas, em especial as crianças, jovens, idosos. Destaca-se também o cuidado com o meio ambiente. A Igreja dialoga e aprende com outros setores da sociedade quando conscientiza o povo de Deus dos seus direitos e deveres. A política e a arte de fazer o bem. Os cristãos leigos(as) vocacionados(as) devem ser inseridos na Política, sendo sal da terra, luz no mundo, fermento na massa. A cultura deve ser respeitada em seus inúmeros aspectos. A economia deve ser planejada e desenvolvida visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida. A opção incondicional e preferencial pelos pobres, pequeninos, perseguidos e os oprimidos está no coração do Evangelho, tem como principal exemplo Jesus Cristo. Os cristãos devem fazer o mesmo. Tornar o mundo justo e solidário é possível, pois é um sonho de Deus.
2.7. ECUMENISMO
Com relação ao Ecumenismo na Diocese, há diálogo e boa convivência com outras denominações cristãs e outras religiões, porém, a iniciativa na maioria das vezes é feita pelos católicos. Quando essas iniciativas ocorrem, a troca de experiências é satisfatória e gera uma interação positiva, principalmente em eventos civis e outros eclesiásticos, como a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O diálogo costuma ser melhor entre as pessoas que entre as denominações, nesse caso há certa aversão, falta de respeito, quando se trata de assuntos mais delicados. Não há perseguições na Diocese, como ocorre em muitos lugares. A Igreja Católica de Apucarana, no âmbito diocesano, dialoga fraternalmente com outras denominações, particularmente os evangélicos, reconhecendo sua importância na sociedade e ressaltando os valores cristãos que ambas partilham. Apesar disso, a nível paroquial, alguns Padres, Pastores e dirigentes dialogam em um ritmo lento e não há atividades frequentes. É preciso reconhecer a insuficiente aceitação e clareza sobre o como esse diálogo ecumênico pode ocorrer, além disso, a maioria ainda não entende como caminhar na igualdade na diversidade e lidar com as divergências doutrinárias, exercendo uma tolerância ativa, ou seja, não apenas reconhecer e suportar o outro, mas dialogar e respeitar. Também cabe ressaltar que muitos dos evangélicos foram católicos que deixaram a Igreja e se converteram a outras denominações cristãs, é importante levar esse elemento em consideração no diálogo, sem um teor preconceituoso e condenatório, mas de compreensão. Há certo preconceito de ambas as partes, movidos por divergências teológicas e competição por influência nos territórios e fiéis, a dificuldade de abertura faz com que o propósito de uma ação ecumênica conjunta se torne parcial. Para uma caminhada ecumênica deve ainda ser percorrido um caminho do que tange ao respeito entre as denominações cristãos, por vezes cada uma parece procurar apenas defender suas doutrinas e tecer críticas aos outros grupos. Os diocesanos constataram, que para viver o ecumenismo, é preciso conhecer melhor a própria fé católica, pois muitos evangélicos procuram questionar os católicos sobre pontos que nem sempre sabem desenvolver. É preciso também conhecer outras doutrinas cristãs, a fim de entende-las melhor em suas especificidades e respeitá-las devidamente. Embora haja experiências boas de ecumenismo, é preciso melhorar, promovendo iniciativas ecumênicas de oração e integração, formações que ensinem sobre o ecumenismo defendido pelo Concílio Vaticano II e o Magistério posterior.
2.8. AUTORIDADE E PARTICIPAÇÃO
Quanto a autoridade participação, a Diocese de Apucarana entende que uma Igreja sinodal é aquela capaz de promover a participação corresponsável de todos os seus membros, num processo amadurecido fundamentado no respeito e diálogo. Os que foram consultados, reconheceram haver, na maioria dos casos, um bom exercício da autoridade na igreja local, ainda que, por vezes, restrita aos ministros ordenados. O Padre conserva, ainda, grande respeito perante os fiéis, sendo ouvido e levado em consideração na tomada das decisões. Na maioria das comunidades os objetivos e ações são decididos mediante consulta aos membros do Conselho Missionário Paroquial de Pastoral (CMPP) existindo, conforme relatado, não poucas exceções. Algumas respostas trouxeram à luz a realidade de comunidades em que a voz de um ou de poucos se impõe, quase sempre, à maioria. Grande parte das respostas parece vincular o exercício da autoridade e a maior ou menor participação dos leigos ao perfil dos Párocos. Quando há abertura por parte do pastor, os fiéis Leigos sentem-se seguros e mais propensos a assumirem os riscos na tomada de decisões e expressam-se com mais coragem e clareza. Posturas autoritárias tendem a sufocar opiniões alheias e empobrecem a ação missionária. Ainda pior é a postura assumida por algumas lideranças leigas que impõem aos demais as próprias convicções, estes exercem o serviço recebido de Deus como um poder e empenham-se por manterem-se em seus postos, “vivem reclamando que ninguém quer assumir tal serviço, mas não cooperam efetivamente para que a sucessão de lideranças aconteça”, afirmou um diocesano com relação ao autoritarismo de alguns Leigos. A nível diocesano, o Conselho Presbiteral é o principal órgão de diálogo e tomada de decisões, nele o Bispo e os Presbíteros conselheiros identificam os objetivos a serem perseguidos na ação evangelizadora e os passos a serem dados na caminhada pastoral da Igreja local. Após o parecer do Conselho Presbiteral, os assuntos são encaminhados aos conselhos correspondentes, conforme sua natureza: demandas pastorais são tratadas pelo Conselho Diocesano da Ação Evangelizadora, ao ponto que temas administrativos são trabalhados pelo Conselho Diocesano de Assuntos Econômicos. Na intenção de favorecer o diálogo e a participação de todos os Padres no processo evangelizador, o Bispo, acompanhado de Presbíteros que o assessoram em certas áreas visita frequentemente os decanatos em reunião com os Sacerdotes. O sínodo permanente a nível paroquial é o Conselho Missionário de Pastoral Paroquial (CMPP) enquanto que em nível diocesano são o Conselho de Presbíteros, da Ação Evangelizadora e de Assuntos Econômicos, a valorização de tais Conselhos é de fundamental importância para a concretização de um Igreja participativa. A prática pastoral tem mostrado que, quando ouvidas, as pessoas tornam-se mais propensas à cooperação em prol de objetivos comuns, principalmente no campo missionário. Sem descuidar dos irmãos e atentos ao clamor dos pastores, somos convidados a discernir à luz do Espírito Santo a direção e as ações necessárias à nova evangelização.
2.9. DISCERNIR E DECIDIR
No que tange a dimensão de “discernir e decidir”, a Diocese de Apucarana toma decisões através do discernimento no Espírito. Contudo, ainda se percebe que são necessárias mais oportunidades e convites para ouvir o Povo de Deus, que possui o sensus fidelium, dom do Espírito Santo, e assim tomar as decisões. Esta escuta sinodal que vem sendo proposta é muito positiva, mas é preciso que as pessoas aproveitem melhor esta oportunidade, pois nem sempre é possível ouvir toda a comunidade, tanto por falta de interesse de alguns e algumas vezes por falta de um convite mais insistente. Nas comunidades percebe-se a necessidade de conceder mais oportunidades para a exposição de ideias, anseios e preocupações. É fundamental que a Igreja escute, com mais atenção e paciência, as demandas da comunidade, a fim de que ela possa considerar o máximo de opiniões possíveis para que o seu discernimento seja amplo e suas decisões precisas e eficazes. Todavia, para discernir, é necessário muitas vezes sair do comodismo das próprias opiniões, lugares-comuns e conscientizar as pessoas da importância de participarem dos momentos decisórios da caminhada eclesial. É preciso escutar as pessoas, nisso está a abertura a ação do Espírito Santo, que também necessita da vivência de uma autêntica espiritualidade comunitária e individual para bem discernir e decidir. Na realidade, as tomadas de decisões partem de um todo, do contexto e do bom senso, não existe um método específico e infalível, mas todos devem possuir sempre o intuito de ouvir o Espirito Santo e deixa-Lo conduzir as decisões que devem ser tomadas para o bem da Igreja. No parecer de alguns diocesanos, a Igreja ainda é muito hierarquizada, onde a tomada de decisões é feita, às vezes, apenas pelos pastores e poucos Leigos. Alguns Leigos têm dificuldade de participarem nas resoluções, por isso as decisões costumam ser imposta pelos superiores. Algumas decisões são questionadas, mas nem sempre os questionamentos são devidamente considerados. Ainda há alguns que estão presos a um modelo eclesiológico antigo, de que o Bispo e os Padres devem ditar os rumos da Igreja, resolver todos os problemas e possuir as respostas; outros também costumam responsabilizar sempre os pastores pelas falhas no planejamento, mas não se empenham em tomar parte do processo decisório. Na visão de muitos, os métodos de discernimento e decisão são falhos; falta comprometimento dos pastores e fiéis; falta em alguns Leigos um senso de responsabilidade eclesial, oração, harmonia comunitária, caridade fraterna e amor pela Igreja. É imprescindível repensar nossos métodos e adequá-los de acordo com a situação a ser enfrenta[1]da, pois na maioria das vezes apenas ocorre o diagnóstico do problema, mas certa dificuldade na resolução dos mesmos. É preciso discernir, decidir e agir.
2.10. FORMANDO-NOS EM SINODALIDADE
A respeito da “formação em sinodalidade”, a Igreja Particular de Apucarana, considera a partir de várias comunidades, que a Igreja forma as pessoas nos principais aspectos sinodais já elencados, a saber: a serem mais capazes de “caminhar juntas”, ouvir umas às outras, participar na missão, e se engajar no diálogo, através da participação ativa na Liturgia e, também, através de retiros, encontros, cursos e formações que se realizam em âmbito pastoral, que fornecem momentos de formação e prática do exercício da escuta e autoridade sinodais, como de praxe na Igreja. Alguns, entretanto, responderam que ainda não estão sendo formadas suficientemente para o caminho sinodal, pois na Igreja faltam oportunidades nas quais os fiéis possam ser ouvidos. Outros acreditam que as divisões internas nas pastorais por vezes atrapalham e, até impossibilitam o caminho sinodal de escuta e de diálogo. Para a maioria das paróquias, as formações para o discernimento e o exercício da autoridade sinodal são ainda incipientes, o que ocorrem são práticas sinodais espontâneas e arraigadas na história da Diocese de Apucarana. O que há, a nível doutrinário, são formações feitas pela Catequese, pela Renovação Carismática Católica, e por outras pastorais. Além da formação, é mister mais reuniões e conselhos com maior número de participação de fiéis e que estes sejam ouvidos pelas autoridades da Igreja, especialmente os jovens e excluídos. Assim como na “escuta”, os diocesanos destacam as pastorais, movimentos e serviços como ambientes profundamente sino[1]dais, em que os valores defendidos pela sinodalidade são de fato ensinados e colocados em prática, pois neles os Leigos conseguem exercer de maneira ativa o seu protagonismo sinodal de escuta e decisão. Esta grande experiência sinodal promovida pelo Papa Francisco tem sido vivida com muito entusiasmo na Diocese de Apucarana, alguns veem como algo inédito e extremamente positivo; enxergam o próprio sínodo como uma oportunidade para a Igreja, a partir de então, escutar mais os fiéis, criando esta consciência de caminhar juntos. O sínodo é o prelúdio para melhorar a escuta de todo povo e não apenas da hierarquia, por meio da formação da consciência de “caminhar juntos” que é própria da Igreja. Ademais, é importante que este trabalho tenha continuidade e que os Leigos tenham um devido retorno das discussões e não seja só mais um sínodo. Alguns diocesanos responderam que não estão sendo formados para a escuta dos demais porque o ser humano não quer escutar, é preciso superar o individualismo e pensar na Igreja como uma comunhão, o que implica ouvir outro e decidir com ele. É sabido que a sinodalidade não é um processo fácil, pois envolve longa conscientização, mas é o modelo que Jesus ensinou aos Apóstolos e eles transmitiram. É preciso também superar o desejo de resolver as coisas rapidamente com poucas pessoas, mas é preciso proceder com mais calma para incluir mais pessoas e ouvir o Espírito Santo, assim como na Primeira Experiência Sinodal da Igreja, o Sínodo Apostólico de Jerusalém em Atos 15, que é modelo para a caminhada sinodal da Igreja Apucaranense e Universal, para a Igreja no século XXI e para todos os tempos.
3. CONCLUSÃO
O processo de escuta foi experiência valiosa para a Igreja Particular de Apucarana e mostrou-se benéfico às comunidades. Fez bem ao povo de Deus, neste pós-pandemia, a oportunidade 34 de manifestar suas dores, angústias, alegrias e esperanças e participar ativamente desta iniciativa eclesial em prol de comunidades cada vez mais evangelizadoras. Ainda que repleto de desafios e limitações, o trabalho de escuta ocorreu de maneira orgânica em todo o território diocesano e, os fiéis, leigos e clérigos, desempenharam seu protagonismo com responsabilidade atendendo, prontamente, ao pedido do magistério eclesiástico. Na voz da Diocese de Apucarana, expressa nas muitas respostas, percebe-se em uníssono o forte clamor por melhor acolhida. O Espírito Santo, que nos quer uma Igreja Hospital de campanha, aponta para a necessidade de conservar as portas abertas: do templo, das secretarias, das pastorais e movimentos... dos corações, dos ouvidos, das mentes, do tempo, etc. Acolhida mais eficaz, desde as estruturas diocesanas às mais distantes comunidades, seja por parte do clero ou dos fiéis leigos. Neste período que sucede a fase diocesana de escuta devemos, enquanto igreja particular, discernir o que significa acolher e definir passos a serem dados em resposta ao apelo das comunidades. Destacamos, também, e assim concluímos a presente síntese, a urgência de consolidação de um modelo pastoral no qual os leigos possam ser ouvidos e participem eficazmente de maneira ordinária na vida das paróquias. Os CMPPs e conselhos de leigos devem ser dinamizados e mais bem valorizados no todo da Igreja Particular, garantindo uma melhor participação por parte dos fieis leigos, superando as divisões impostas pelo clericalismo e favorecendo a necessária comunhão.
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