“O Rei da Glória é o Senhor Onipotente, abri as portas para que Ele possa entrar! ” (Sl 23)
O ‘primeiro tempo do advento’ vivido pela humanidade foi longo, quase que interminável, onde muitos quiseram ver e não viram. Foram séculos e séculos de espera ansiosa, de expectativa e busca de sinais quanto ao cumprimento da promessa da vinda do Messias. A promessa anunciada por Deus pela boca dos profetas aos povos no Antigo Testamento, sustentava a esperança dos homens e mulheres que, sem saber quando seria, traziam em si a fé convicta de que algo estupendo aconteceria, um fato maravilhoso que mudaria o rumo da história da humanidade para sempre! Muitos profetas anunciaram, trazendo fragmentos desta grande notícia: de Deus viria o Messias para libertar Israel, seria da linhagem de Davi, da Tribo de Judá, do tronco de Jessé brotaria o Redentor. Sabia-se que nasceria numa pequena e obscura vila, chamada Belém, próxima a Jerusalém e que haveria de reinar em Israel, pois seus dias seriam desde a eternidade. Os profetas anunciavam, o povo acreditava, muitos não viram acontecer, mas havia em todos a esperança que os faziam seguir, mantendo-se firmes na fé em Deus. Já no Novo Testamento, embora de maneira diferente, essa espera pelo Messias acontece também na vida de Zacarias e sua esposa Isabel. Casal piedoso e respeitado, ele, sacerdote sempre à serviço do Templo, já idosos, confiavam suas vidas ao Senhor que, ouvindo suas preces e conhecendo seus corações, gerou no ventre estéril da idosa Isabel aquele que viria a ser o profeta do Altíssimo, o precursor da Bondade Misericordiosa de Deus, João Batista. Assim como Ana e Simeão, ambos servos solícitos e fieis do Templo, recebem a graça de tomar nos braços O prometido do Pai, antes de partirem deste mundo. Ah, as esperas da vida! Quantas aflições não passaram a Virgem Maria e São José após o anúncio do Anjo, durante os preparativos para o nascimento e na viagem até Belém. O parto iminente, a falta de acolhimento, o Messias Anunciado, prestes a nascer. A humanidade esperou durante séculos o Primeiro Natal, a Virgem Maria e São José se prepararam para viver, conforme a promessa do Pai, o nascimento do Messias, chamado Jesus, o Deus Conosco. Foram a Belém e lá, foi preparado o primeiro presépio. Em Belém, a promessa se cumpriu. Em nossos dias, esperamos pouco, temos o tempo Litúrgico do Advento para nos prepararmos para o Natal. É preciso dar espaço para Jesus nascer, tirar o ‘lixo, a sujeira acumulada’ pelo pecado da indiferença para que o Messias encontre um coração limpo e disponível e isso exige uma preparação antecipada. Nossa Família Diocesana é chamada a se transformar em Belém, a Casa do Pão, para que Jesus possa chegar, fazer morada, nascer em nosso lar, alimentar nosso coração e dar um novo sentido à nossa vida familiar, por vezes tão desgastada pelos acontecimentos cotidianos. Cuidamos de tantas coisas materiais e deixamos por último o necessário. Até montamos o presépio, a árvore de natal e os enfeites externos, mas em nosso coração, por vezes o vazio não deixa espaço para Jesus renascer. Ainda há tempo, não precisamos muito, precisamos querer e isso basta. Querer ser a manjedoura que espera, o coração aberto que acolhe, a porta de entrada para que a Luz do Cristo volte a brilhar em nós. Acolhamos a Virgem Maria e São José, e com eles, sejamos o Presépio, fazendo do nosso coração e da nossa casa a cidade de Belém.
Escreva seu comentário