“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem” (Jo 10,9). O Tempo Pascal vai nos recordando os ensinamentos de Cristo, como uma catequese a nos lembrar que o Ressuscitado é o mesmo Jesus que caminhava entre os homens, exortando a todos sobre a necessidade de uma contínua conversão pessoal e comunitária. À medida que vamos amadurecendo na fé, nossa atitude diante da Palavra do Evangelho, assim como nosso entendimento, cresce e nos apresenta novos horizontes. Se, durante o período Quaresmal fomos chamados à introspecção, a silenciarmos para os barulhos do mundo e a abrir nossos ouvidos em busca de uma de maior proximidade com a Palavra e com o próprio Cristo, agora devemos verdadeiramente viver o Encontro Pessoal que tivemos com Ele, permitindo que a Ressurreição de Jesus seja o nosso novo nascimento como cristãos que creem na salvação doada por Deus através do Crucificado e Ressuscitado. Infelizmente, facilmente nos perdemos e nos afastamos das coisas do Alto e, sabendo de nossas fraquezas o Espírito Santo suscita em nós, através da Liturgia pós-Pascoa, as lembranças das promessas feitas por Jesus, antes de sua Paixão. Esse perder-se de Jesus, esse afastamento, nos transforma em filhos e filhas que, saciados na graça do Pai, não cultivam em si mesmos essa graça, achando que, uma vez saciados, não teremos mais fome nem sede dessa graça infinita. Ora irmãos e irmãs, somos frágeis e fracos como os bebezinhos que precisam ser constantemente alimentados e cuidados para não morrerem. A Ressurreição é a grande porta que nos dá acesso ao Pai. Tomemos consciência de que devemos cuidar da nossa alma, alimentando nossa fé diariamente, caso desejemos ressuscitar em Cristo, um dia. Sem fé em Jesus, somos apenas ovelhas perdidas, pastando em lugares secos e desertos, à mercê das armadilhas do inimigo. Ou ainda, longe de Cristo, outras vozes nos chamam, nos iludem e nos roubam a salvação quando nos apresentam outras portas mais largas, onde a entrada se faz fácil e tranquila, sem exigir comprometimento ou adesão. Essas vozes se assemelham aos uivos dos lobos que entram pelos nossos ouvidos e nos guiam para a morte eterna. Somos assaltados continuamente por vozes diferentes e sedutoras, promessas vãs e ilusórias que desejam nos desviar do Caminho, da Verdade e da Vida que estão em Cristo. Reconheçamos a voz Daquele que deu a vida por nós, que não hesitou morrer na Cruz para que tenhamos vida plena. Cristo não é apenas um pastor, Ele é o Bom Pastor, O Cordeiro Imolado, o Redentor que não apenas mostra o caminho, mas que ensina a caminhar. O anúncio da Ressurreição é também um novo convite para que nos mantenhamos na caminhada da conversão. Jesus é o Supremo e Único Pastor, Nele está a única oportunidade de Salvação. As águas do Batismo nos tornaram filhos e filhas do mesmo Pai, salvos por Cristo em unidade com o Espírito Santo e, esse Sacramento é uma fonte inesgotável de vocação, fé e coragem que, se permitirmos, nos fará ovelhas dóceis à Palavra e comprometidos a mostrar aos irmãos o Caminho para entrar pela Porta da Salvação, para que sejamos um, com Ele. Como a Virgem Maria, a Mãe do Bom Pastor, permaneçamos firmes na caminhada, como ovelhas que sabem para onde vão: para o Colo aconchegante e seguro do Bom Pastor Jesus. Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná
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