Herdeiros da Criação - Cuidar com Amor

22 Jun 2023
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“Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso Nome em toda terra!” (Sl 8, 2)

A providência Divina sempre perscruta as necessidades humanas e age, antes mesmo que elas apareçam. No mês dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, celebra-se o Junho Verde, dedicado a reeducação ambiental, relacionada diretamente ao uso consciente de toda ação/empreendimento que se refira ou possa afetar o ecossistema, já tão sofrido e devastado em tantas partes do planeta em que habitamos. Verdadeiramente, tudo provém de Cristo, de seu Coração Sagrado, Dele viemos e para Ele voltaremos, Ele nos une ao Criador!  Desde a criação do mundo, o homem é herdeiro da terra, pois a recebeu de Deus como herança, sendo assim, somos responsáveis pela administração e boa conservação dos bens herdados. Jesus, em seu caminhar pela terra, sempre destacou a Paternidade amorosa de Deus Criador, exaltando sua íntima relação com cada criatura, a ternura ao criar tudo o que existe, seu cuidado dispensado na delicadeza do alimento diário aos pássaros, animais, aos homens; a chuva no momento certo, o sol, a colheita, enfim, tudo com exímia precisão.  O Filho ensinou-nos e continua a nos ensinar o respeito à terra e a vida que dela tiramos, pois, o destino da criação inteira passa pelo mistério de Cristo, que está presente nela, na criação, desde a origem: “Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele” (Cl 1,16).  A Palavra, que é Cristo, segunda Pessoa da Santíssima Trindade, inseriu-se no universo criado, partilhando a própria sorte com ele, até a Cruz. Do início do mundo, mas de modo peculiar, a partir da encarnação, Cristo opera na realidade natural de todas as coisas e continua operando em nós, através da Eucaristia, que provém do trigo, colhido da terra e do vinho, fruto da videira, também produto da terra, que se tornam Corpo e Sangue Seus, pelo santo Mistério, e são nosso sustento. O Verbo, a Palavra Encarnada continua conosco, nos chamando à conversão ecológica, para que o mundo tenha vida em abundância, para que o homem se volte à verdadeira comunhão fraterna onde todos possam partilhar da mesma herança nos dada na criação do mundo, onde tudo era de todos. Com tudo isso, torna-se propício que nós, cristãos vocacionados e chamados a transformar o mundo através do anúncio do Evangelho, nos reeduquemos para uma nova mentalidade de cuidados mais abrangentes e visíveis em relação ao meio que nos cerca. Novas atitudes são necessárias para que nossas famílias, filhos, netos, vizinhos, colegas de trabalho, irmãos de pastorais, movimentos e serviços queiram nos imitar nos cuidados com a natureza e o meio ambiente. Sejamos bons exemplos concretos e ativos, sóbrios e humildes, submissos à ação do Espírito Santo que tudo conduz com mansidão e firmeza até que se chegue à conversão pessoal e  ecológica, se não de todos, ao menos de uma parte, para que, unidos aos Corações de Jesus e Maria, quando o Filho entregar tudo ao Pai “Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,28).

Dom Carlos José

Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná


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