Quaresma: Conversão, Graça e Esperança

15 Fev 2024
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Do deserto ao primeiro amor! Da indiferença ao comprometimento! Do pecado à graça de Deus! O Tempo Quaresmal sempre terá como foco a conversão: primeiramente conversão pessoal e na sequência, a conversão expressada na mudança de atitudes visíveis e transformadoras de ações que correspondam verdadeiramente ao plano de Deus para nós. Munidos de novidades em todos os âmbitos da sociedade, cercados de gente, temos tanto e ao mesmo tempo, nada temos, a não ser um apego exagerado às coisas do mundo, aos barulhos constantes da imensidão tecnológica que não nos deixa um minuto sequer, a ponto de não conseguirmos viver o silêncio. Porém, há um risco iminente, maior que tudo isso: de vivermos num deserto existencial, mesmo estando ladeados de pessoas, nos sentindo sozinhos e distantes de todos, onde nada nos satisfaz, pois nos deixamos escravizar pelos costumes mundanos e não sabemos mais viver como filhos amados de Deus.  A Quaresma nos exorta a reaprendermos a viver no mundo como verdadeiros filhos do Criador, que nos fez para Ele. O Papa Francisco, em sua mensagem para a Quaresma deste ano nos lembra: ‘Deus não se cansa de nós! Acolhamos a Quaresma como o tempo forte em que a sua Palavra nos é novamente dirigida: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão”’ (Ex 20,2). Quaresma é tempo de conversão, de libertação do pecado, tempo de romper com as estruturas que nos separam de Cristo e dos irmãos. Somos lembrados, já no primeiro dia, que viemos do pó e ao pó iremos voltar, portanto, temos um intervalo entre nosso nascimento (que sabemos quando foi) e nossa morte (que não sabemos quando será) e, nesse intervalo, a Igreja de Cristo, sabiamente, nos ensina o tempo todo como permanecermos no caminho rumo à santidade. Antes de sua Paixão, Cristo foi impelido para o deserto, onde passou quarenta dias jejuando, orando e sendo tentado pelo demônio. Ah, meus irmãos, o quanto somos tentados em nosso cotidiano, o quanto é difícil resistir a essas tentações. A força que nos impele a fugir das tentações é o Espírito Santo (clamemos a Ele) que nos dá consciência do pecado, nos levando ao arrependimento, à confissão e remissão por parte de Deus Pai. Há um deserto a ser atravessado nesta Quaresma. Unidos, vivemos a Festa da Senhora de Lourdes, com suas alegrias e, agora é a hora de nos unirmos às suas dores, permitindo que Ela tome nossas mãos e caminhe conosco rumo à Ressurreição de Cristo. Chamados a uma vida nova, atravessaremos o deserto do pecado, faremos nosso êxodo rumo à Pascoa, pois, na medida em que a Quaresma for para nós um tempo real de conversão, com a prática do jejum, da oração, da esmola e da penitência,  sentiremos o lampejar duma nova esperança, de uma transformação pessoal que toque o coração de quem caminha ao nosso lado. Tenhamos uma Santa Quaresma, vivida na fé e na oração.

+Dom Carlos José

Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná


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