Como um vaso nas mãos do oleiro

14 Mar 2024
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“Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gal 2,20) A vivência do Tempo Quaresmal deve nos levar a uma renovação da nossa intimidade com Cristo. Somos chamados a sair da superficialidade em que vivemos a nossa vida cristã, por vezes tão arraigada na rotina que, sem perceber, impedimos o agir de Deus em nós. O risco de vivermos uma fé rasa, seja por comodismo ou por medo do ‘conhecimento de Cristo’ e do que isso implica em nossa vida pode travar nossa caminhada rumo à salvação. A nossa vida é um eterno caminhar rumo à santidade, sem medo, pois, impelidos que somos (quando deixamos) pelo Espirito Santo que habita em nós, nunca estamos sozinhos, sempre devemos mergulhar nas profundezas do mistério de Cristo, em águas mais profundas onde a maturidade humana nos permite um profundo encontro conosco mesmo para, despojados de nosso orgulho, vaidade, soberba e grandeza, encontrar Aquele que nos amou por primeiro e continua nos amando para sempre. Quaresma é tempo de preparação, de limpeza interior, de varrer para fora a sujeira incrustada em nosso coração como se fosse algo de estimação; fazer uma verdadeira faxina interior, para que Cristo nos encontre limpos, purificados pela sua Ressurreição. Tenhamos a humildade de suplicar ao Senhor que que faça em nós como faz o oleiro com o vaso defeituoso: que Deus nos refaça, que Ele junte nossos pedaços e nos faça criaturas novas para Ele (conf. Jeremias 18, 1-5). Esse tempo que antecede a Semana Santa precisa ser muito bem aproveitado! Toda a Liturgia da Igreja oferece a cada um de nós as instruções necessárias para que cheguemos renovados para bem viver o Tríduo Pascal. Oração, Penitência, Jejum, Esmola, Confissão, Caridade, Partilha e Perdão são caminhos quaresmais de conversão disponíveis a todos que desejam crescer na fé e viver de forma mais madura a vida cristã. Muito nos auxilia nessa caminhada quaresmal olharmos para a Virgem Maria e suplicar-lhe que nos ensine a imitarmos suas virtudes. Ela, que em tudo foi obediente e agradecida a Deus, viveu humildemente seus dias em conformidade com os desígnios do Pai, pois sua fé lhe garantia que “... que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Rm 8,28). Somos o povo eleito, e nada pode nos separar do amor de Deus, a não ser que permitamos. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná


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