Os cristãos tiveram dois tipos de cemitérios

Somente no século II é que começaram aparecer, sendo no início, em propriedades particulares onde famílias ricas convertidas colocavam seus domínios funerários à disposição de seus irmãos.

Os cristãos tiveram dois tipos de cemitérios: os de superfície (ao ar livre) e os subterrâneos. Sendo este primeiro formado por tumbas, sarcófagos, mausoléus e outros; e os subterrâneos, que são chamados de catacumbas.

Você já ouviu falar em catacumba?

As catacumbas eram galerias subterrâneas muito extensas, assemelhando-se a verdadeiras cidades subterrâneas. Elas podem ser cristãs, pagãs, hebraicas ou mistas.

As catacumbas presentes em Roma, que somam 40, são as maiores e chegam a ter mais de 150 quilômetros de extensão e em alguns lugares pode ter até cinco andares. Os chamados cubículos, ao longo das galerias, são utilizados como sepultura.

Os cristãos, por sua vez, tinham o costume de ir rezar junto aos mortos e o culto aos mártires se desenvolveu desde cedo.

Além de membros da comunidade, os cristãos também sepultavam os indigentes e as crianças (pois o índice de mortalidade infantil era alto) e o faziam como obras de misericórdia.

Em um contexto de perseguição aos cristãos, as catacumbas foram utilizadas também para algumas cerimônias litúrgicas (a missa, fração do Pão), porém elas não eram esconderijos dos cristãos como muitos dizem, até porque os cultos cristãos eram feitos em paralelo, nas chamadas Domus Ecclesiaes (Casas da Igreja), que apresentaremos em um outro momento.

Das catacumbas cristãs, podemos obter grandes riquezas e dados deixados pelos primeiros cristãos. Nelas encontramos exemplos de como eram os primeiros altares utilizados para a fração do Pão e também as artes sacras, que são simples, vistas do ponto artístico, mas que tem poderosa capacidade de expressão e são verdadeiras catequeses sobre a salvação. Por meio de imagens se pode encontrar o Deus que salva, passando do Antigo ao Novo Testamento, e também catequeses sobre os sacramentos que são verdadeiros instrumentos de salvação: Batismo e Eucaristia.

Toda a arte era pensada, não serviam para decorações vazias, ela encorajava os cristãos diante da morte, diante da perseguição, aprofundava o significado do Batismo como morte e ressureição de Cristo e encorajava a confiança em Deus. Transmitiam e transmitem até hoje a mensagem da fé viva no Cristo Ressuscitado.

Uma curiosidade:

Santa Cecília permaneceu em sua catacumba na Via Ápia até o final do 1° milênio, depois foi removida e levada para a basílica onde se encontra hoje e foi a primeira santa considerada incorrupta na história da Igreja.

Texto: Larissa França Lopes – Especialista em Arquitetura do Espaço Litúrgico e Arte Sacra.