Como Paulo nos ensina a caminhar pela fé e não pela Lei.
A Carta de São Paulo aos Gálatas é uma das mais profundas e transformadoras epístolas do Novo Testamento. Endereçada às comunidades da Galácia, Paulo escreve com urgência, esclarecendo o papel da fé em Jesus Cristo como fundamento para a salvação (Carrez, 2008). Ele combate a distorção da mensagem evangélica, que estava sendo influenciada por falsos pregadores, que insistiam na observância da Lei de Moisés como meio de justificação. Mas, afinal, o que esta carta tem a nos dizer hoje?
QUANDO E PARA QUEM PAULO ESCREVEU?
Paulo escreveu aos Gálatas por volta de 49-55 d.C. (Carrez, 2008), preocupado com a influência de grupos judaizantes que tentavam impor a circuncisão e outras práticas da Lei Mosaica como condições para a salvação e a vivência cristã. Essa questão era crítica para a jovem comunidade, formada por judeus e gentios.
Para Paulo, a fé em Cristo era suficiente, pois a observância da Lei não justificava ninguém (Catenassi, 2021). Assim, a carta é um apelo para que os cristãos da jovem comunidade se afastassem de toda forma de legalismo e vivessem plenamente a liberdade oferecida por Cristo.
O CONFLITO: FÉ VERSUS LEI
No centro da carta, portanto, encontramos a oposição entre a "Lei" e a "Fé". Paulo argumenta que a salvação não vem pelo cumprimento das obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Ele usa a metáfora da escravidão e da liberdade para ilustrar essa verdade: enquanto a Lei aprisiona e condena, a fé liberta e proporciona a vida (Ferreira, 2005).
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl. 5,1). Este é o núcleo da mensagem: uma libertação total, que não pode ser conquistada pelas mãos humanas, como mérito próprio, mas sim recebida como um presente divino, por pura graça (Carrez, 2008, p.131).
Ademais, pela ação de Cristo, ou melhor, pela fé de Jesus Cristo, o cristão não só está livre de cumprir as obras da Lei como requisito para se salvar, como a promessa feita por Deus a Abraão já não está restrita a um só povo – os israelitas –, mas a todos os povos, pois em Cristo “não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28), proclamando, assim, o universalismo pluralista da salvação operada por Jesus Cristo, uma abertura das fronteiras e saída do cárcere da Lei (Ferreira, 2005).
O QUE ISSO SIGNIFICA PARA NÓS, HOJE?
Assim como os gálatas, muitas vezes nos deparamos com a tentação de acreditar que nossas boas obras ou a observância de normas religiosas podem nos tornar mais dignos do amor de Deus. Porém, a carta de Paulo nos ensina que nossa verdadeira dignidade está em Cristo e que, pela fé, somos feitos filhos e filhas de Deus, herdeiros da promessa e quem vive a vida do Espírito, vive a igualdade entre todos os irmãos e a liberdade que opera pela caridade (Ferreira, 2005).
Essa liberdade, no entanto, não deve ser usada para satisfazer desejos egoístas, mas para servir ao próximo no amor (Gl. 5,13). Assim, a carta aos Gálatas é um alerta constante contra o formalismo religioso, o rigorismo e o exclusivismo que afasta aqueles que não vivem o rigor da Lei (Carrez, 2008, p. 138).
Com efeito, a carta aos Gálatas é um convite à reflexão e à ação. Ela nos desafia a abandonar as práticas que nos mantêm aprisionados e a viver plenamente a liberdade que Cristo nos oferece. Que possamos, como comunidade eclesial, caminhar pela fé, sustentados pela graça e movidos pelo amor. Como Paulo conclui: “Nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser uma nova criatura” (Gl. 6,15). Estamos dispostos a viver a liberdade de Cristo, como novas criaturas ou preferimos nos apegar a falsa segurança da Lei?
QUE TAL APROFUNDAR UM POUCO MAIS SOBRE A CARTA AOS GÁLATAS?
1ª SUGESTÃO: Primeiramente indicaremos um curso, dividido em três parte, realizado pelo Prof. Altierez dos Santos. Na primeira parte, o professor vai realizar uma abordagem sobre a pessoa de Paulo, na segunda parte vai aprofundar na estrutura e alguns pontos de polêmicas presente na carta aos Gálatas e na última parte realizará um resgate da parte dois e da passos sobre a vida da comunidade de Gálatas e segue pelas partes finais da carta.
Clique no link: https://galatas.altierezdossantos.com/#google_vignette , e tenha acesso aos videos e o material na integra.
2ª SUGESTÃO: Também indicamos o artigo publicado por Nilo Luza, religioso da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. Possui graduação em Filosofia e Teologia. No artigo o autor, vai abordar de forma sintetizada o contexto histórico e cultural onde a carta foi escrita, Luza apresenta uma análise da estrutura da carta e seu conteúdo e faz um enfoque em temas teológicos, como a justificação pela fé e a liberdade em Cristo.
Acesse o link: https://www.paulus.com.br/portal/61-carta-aos-galatas/ e confira o texto.
DIEGO HENRIQUE SANCHES DA SILVA: Mestrando em História Social (UEL); bacharelando em Teologia (PUCPR); seminarista da Arquidiocese de Maringá.
GUILHERME DE SOUSA DOS PASSOS: Licenciado em Filosofia (IFA/Ítalo-Brasileiro); bacharelando em Teologia (PUCPR); Seminarista da Diocese de Apucarana.
LUCAS VINICIUS ROMEIRO NEGRI: Licenciado em Filosofia (IFA – Instituto Filosófico de Apucarana); bacharelando em Teologia (PUCPR); Seminarista da Diocese de Apucarana.
MARCOS FELIPE DOS SANTOS: Licenciatura em Filosofia (PUCPR); bacharelando em Teologia (PUCPR); seminarista da Arquidiocese de Maringá.
MATHEUS AUGUSTO MOREIRA: Licenciado em Filosofia (Claretiano); bacharelando em Teologia (PUCPR); seminarista da Arquidiocese de Maringá.
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