Palavra do Bispo

UMA NOVA POLÍTICA

19 Nov 2020

Queremos agradecer a Deus a Festa da Democracia no último domingo. Agora a nós, cristãos, cabe em primeiro lugar rezar pelos eleitos. A palavra de Deus nos instrui: “Antes de tudo recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças, em favor de todos; pelos governantes e por todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica.....(1Tm 2,2). Rezar e acompanhar os nossos governantes. Sobre eles pesa grande responsabilidade. Nossa oração os sustentará. 
À imitação de Jesus Cristo, que olha e cuida de todos e de cada um, deveríamos ser todos, igualmente tratados e cuidados por aqueles que, eleitos ou reeleitos, são os responsáveis por governarem politicamente, o povo de Deus.
A Carta Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti”, soa como um bálsamo em meio às trevas em que a humanidade está imersa, nos ensinando, ou melhor, nos relembrando o valor da vida humana, dos princípios cristãos tão esquecidos e das origens da nossa criação. Fomos gerados no Coração de Deus, por amor e para o amor, para uma vivência digna e fraterna, onde os direitos e deveres devem respeitados, para que o bem comum seja realmente a essência. Papa Francisco usa da Parábola do bom samaritano, que não deixa à margem aquele que, desprezado por todos, necessita, como todos, de ajuda, acolhimento e conforto em suas necessidades mais prementes. O samaritano reconhece naquele homem caído, um irmão que necessita de ajuda, e, caridosamente age em seu favor. “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc, 10,33-34). Ter compaixão não se resume a ter pena ou sentir dó, antes, implica em ter uma atitude que ajude a melhorar a qualidade de vida do que está à margem, na periferia da sociedade, sem condições de sobrevivência.  Assim também deve ser o exercício político dos que nos governam: estar atento a real necessidade do povo e trabalhar para saná-la. Ter compaixão e agir com caridade implica um olhar amoroso, que vai além das aparências, e não almejar grandes e impossíveis ações que tragam notoriedade pessoal. Esse olhar diferente gera a capacidade de perceber que, se não for possível uma grande transformação social, ao conseguir que uma só pessoa viva melhor, isso justifica a função principal de um governante: olhar pelos que mais necessitam. A melhor política é aquela que converge para o bem comum, a amizade social e o diálogo aberto, que leve a solucionar, de maneira justa, os problemas atuais que fazem sofrer os mais pobres e marginalizados pela sociedade. Quem governa tem em suas mãos a grande responsabilidade pelo bem-estar de todo o povo por ele governado, para que tenham vida em abundância, quer tenham nele votado ou não. Passadas as eleições há de se construir pontes, derrubando os muros e paredes construídos pelas disputas partidárias, e, em nome do bem maior do povo, fazer eclodir o diálogo, onde impere a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, em detrimento das posições políticas da época de campanha, admitindo a possibilidade de que nele haja convicções ou interesses legítimos, que contribuam para o interesse público. Essas atitudes, bem aplicadas na gestão pública, levam à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde os direitos humanos sejam verdadeiramente respeitados. Essa construção de uma nova política, voltada para o bem comum, onde todos, sem distinção sejam incluídos, visa restaurar a sacralidade de cada pessoa, reconhecendo nela a dignidade inalienável dada por Deus, o Criador, pois todos somos semelhantes a Ele: eleitores e eleitos, possuímos a Graça do Pai em nós. E por essa Graça, se faz necessário dar os primeiros passos para uma Nova Política, onde aconteça a reconstrução da paz, da igualdade e da fraternidade, sempre à luz da verdade, olhando o passado e, aprendendo com os erros, restaurar a vida em plenitude para todos. Comecemos perdoando. A reconciliação abre as portas para o diálogo e une uma sociedade. Onde há lutas pelo poder absoluto, a caridade e o equilíbrio ficam de fora, e todos perdem. Para que haja uma sociedade mais justa e fraterna, há que se aprender a usar de ternura e compaixão, revendo os conceitos do “eu e minha razão pessoal” para atingir o “nós’ em benefício de todo o povo de Deus. Divergências de opiniões sempre teremos, porém, se praticarmos a humildade e o respeito mútuo, todos, eleitos e eleitores, seremos os protagonistas de uma nova forma de política, onde todos sejam um, com Cristo Jesus, sob o manto protetor de Nossa Senhora! 

+Dom Carlos José
Bispo de Apucarana

Assessoria de Comunicação Episcopal

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