Alegramo-nos com a festa de aniversário de nossa querida cidade de Apucarana. No decorrer de mais de sete décadas de fundação, o povo ordeiro, acolhedor e dinâmico, fez brotar a vida com intensidade nestas terras do norte do Paraná. A história dessa cidade foi marcada por momentos de conquistas e desenvolvimentos, entremeados por outros de dores e perdas, como ocorreu com a grande geada do ano de 1.975, que abalou a todos, mas não os impediu de seguirem em frente. Hoje, celebramos o aniversário da cidade em meio à pandemia, que gerou e gera momentos de dor e de perdas, porém, em meio a tudo isso, também vivemos momentos de esperança, pois é na crise que o ser humano descobre recursos interiores que sequer imaginava que possuía. É em momentos de tribulações que nasce, com mais força, a bendita esperança. Uma crise, bem gerida e administrada, pode levar à construção de novos caminhos, alcançando soluções que levem a dias melhores. Penso que é nesse sentido que somos chamados a celebrar nossa amada cidade nesse ano. Em tempos de pandemia, não teremos a famosa e tradicional corrida de 28 de janeiro, contudo, estamos em plena corrida, buscando encontrar saídas que nos liberte da covid-19. A imagem da corrida nos lembra que temos um troféu a conquistar. São Paulo, cuja festa da conversão celebramos no último dia 25, nos recorda esta analogia (1Cor 9-24ss). Portanto, nada de pés em descanso, nada de braços cruzados, nada de acomodação, é tempo de corrermos. Corrermos do vírus que nos ameaça, corrermos de aglomerações. Corrermos da morte indo em busca da vida, da nossa e a de nossos irmãos. Já vislumbramos sinais de esperança: a chegada, mesmo que ainda vagarosa, da vacina deve nos animar, da mesma forma que a solidariedade de tantos irmãos e irmãs nos emociona a todo instante e nos impele à ação solidária. A oração de tantas vozes e corações unidos numa única prece, que sobe aos céus como incenso de amor e fé, nos dá a certeza da vitória. Por isso, vamos celebrar com alegria e esperança, o aniversário desta cidade, que é sede de nossa Diocese, englobando 35 outros municípios. Celebrar a cidade, a pólis, é celebrar a nossa vida concreta, diária. Somos brasileiros, paranaenses, mas a nossa vida cotidiana acontece aqui no concreto de nossos lares, com nossos vizinhos e concidadãos. O cristão sabe que tem duas cidades a construir: a Jerusalém celeste, a cidade eterna e aqui, a cidade terrena, e ambas precisam de nosso esforço e amor, pois, construindo a cidade terrena, lançamos as bases daquela eterna. Nossa missão de cristãos é construir, melhorar e cuidar de Apucarana como cuidamos de nós e de nossas casas. Vivendo as virtudes, os valores humanos e evangélicos estaremos lançando o alicerce de uma sociedade mais justa e fraterna. A cidade de Apucarana cresceu e se desenvolveu graças ao esforço de muitos que colaboraram ao longo destes 77 anos, mas sempre há muito a fazer. A cidade é um organismo vivo e complexo que precisa ser governado com dedicação e sabedoria, com o auxílio de cidadãos que pensem sempre no todo, no bem geral. Deus quer nos iluminar para colaborarmos com um futuro justo e fraterno, cabe a nós nos abrirmos a Ele, permitindo que a sua Luz guie nossas ações. A partir do Evangelho, Jesus nos aponta o caminho da união e diálogo para combater o anonimato e a solidão, e nos ensina a lutar para promoção da unidade. Se faz necessária uma constante busca de novas formas de encontro e comunhão. Combater o que desune, ou seja, combater as injustiças, a corrupção, o desprezo para com os fracos e menos favorecidos. Nós sabemos quando uma cidade é desenvolvida pelo modo como ela trata os fracos, pobres e marginalizados. A meta dever ser a solidariedade, pois ela é a luz que deve iluminar os destinos de uma cidade. Onde não há solidariedade, o futuro fica comprometido, pois sem ela, não há dignidade.
O que desejar para Apucarana nos seus 77 anos ? A resposta não poderia ser outra: vacina. Vacina contra a covid-19 e a vacina contra todos os males do coração humano que atingem a construção da nossa cidade.
O que dar de presente a Apucarana? O nosso compromisso de cristãos comprometidos, que assumem, com coragem e intrepidez, os valores do Reino de Deus e se lançam na construção de uma sociedade melhor.
Nossa Senhora de Lourdes é Padroeira destas terras desde 1937, quando aqui foi celebrada a primeira missa. Assim, antes ainda da criação do município, já intercedia por nós. Que a Virgem Maria nos ajude a celebrarmos a graça de sermos Apucaranenses, de coração e de alma.
Dom Carlos José
Bispo Diocesano