Palavra do Bispo

SÃO JOSÉ, O JUSTO!

24 Mar 2021

Nesta Quaresma, Jesus passa mais uma vez e nos estende seus braços, num convite atual e todo especial: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).  Aceitemos humildemente seu convite e sigamos seu caminho. Jesus é a Luz em meio às trevas da pandemia, em meio ao caos causado por tantos pecados. Não há outro caminho para nossa salvação, a não ser o caminho da conversão, do arrependimento, da obediência a Deus e da construção da paz e da fraternidade. Sejamos a Luz de Cristo! Acendamo-la para que sejam clareados nossos passos rumo à Jerusalém Celeste! Tantos sucumbem nas trevas, não podemos negar a esses, o direito à Claridade Divina. Estamos vivendo o Ano de São José. Ele caminhou como luz guiando e protegendo a Virgem Maria e Jesus Cristo, pois, obediente e Justo, cumpriu sua missão no plano da salvação e, mesmo num silêncio de palavras, suas atitudes falaram por ele. Dois fatos evidenciam a nobreza e obediência de São José: para não difamar sua esposa, resolveu deixá-la secretamente, indicando a delicadeza e o respeito que por Ela nutria; porém, outra virtude era a obediência à vontade de Deus. Tão logo soube dos planos do Altíssimo acerca de Maria Santíssima, imediatamente a acolheu em sua casa. A celebração de São José, está intimamente ligada ao tempo quaresmal, quando olhamos, com os olhos da fé, a importância da missão confiada ao pai terreno de Jesus. São José, ao aceitar os desígnios do Criador, tomou para si a responsabilidade de ser, na terra, o cuidador do Filho de Deus e de sua Mãe Santíssima e, diante desse comprometimento, passou a viver conforme os planos Divinos, num perfeito abandono de si mesmo e de seus sonhos, para viver conforme a vontade do Pai. Neste tempo favorável, somos   chamados a tomar como exemplo a abnegação de São José em relação a si mesmo, quando, ao fugir para o Egito, nos ensina o desapego das coisas terrenas, que é tão necessário para nossa conversão e salvação. Deixando tudo para traz, no intuito de salvaguardar a vida da Mãe e do Filho de Deus, São José guarda sob seus cuidados paternos o nosso maior Tesouro: Jesus Cristo. No Egito, José permaneceu exilado para salvar o Menino das mãos invejosas de Herodes. A Quaresma deve ser para nós um tempo de retirada do mundo, um exílio que nos afaste dos tantos herodes de nossos dias: a indiferença ao pecado, o passar ao largo dos irmãos caídos e necessitados, o desamor ao próximo, o apego às coisas materiais, a falta de misericórdia que nos afasta do amor de Deus. Como São José, devemos viver o exílio quaresmal, o deserto interior, para alcançar a vitória, a volta aos braços do Pai. Com São José, somos exortados a fazermos uma peregrinação espiritual para que voltemos a ser templos vivos do Senhor Jesus, para que nosso corpo, mente e alma sejam um lugar agradável para Deus fazer morada. O êxodo do Egito à Nazaré, foi uma grande oportunidade para São José tomar em seus braços o Menino Deus, carregá-Lo no colo, e junto com a Virgem Maria, permanecer com Ele até o fim. A humildade de José, em se fazer Servo de seu Filho Jesus, conferiu à sua alma uma graça toda especial, tornando-o guardião da Sagrada Família, à qual pertencemos, pois somos todos irmãos em Cristo Jesus. Há na natureza humana um eminente perigo de nos abandonarmos à incredulidade e à indiferença cristã. Voltemos nosso olhar e nossos ouvidos para os sinais de Deus em nossos dias, que se manifesta abundantemente como outrora fez com José: pela fé, São José acreditou no Anjo e desposou a Virgem Maria; também pela fé, ele protegeu, com todas as suas forças, o Menino Jesus de todos os perigos; seu silêncio obediente nos ensina, ainda hoje, a crermos na presença salvífica de Jesus em meio a nós, se vivermos uma vida de recolhimento e oração, num constante buscar da conversão verdadeira. Sob a intercessão de São José, vivamos com fé e devoção essa Quaresma, para que ela seja, de fato, um caminhar para uma grande Páscoa, uma fuga para o Egito que existe dentro de nós, por vezes ignorado ou esquecido, e, renunciando às nossas paixões mundanas, sejamos purificados e retornemos para os braços do Pai. 


São José, valei-nos!
Dom Carlos José
Bispo da Diocese de Apucarana