APRENDER E ENSINAR COM SABEDORIA “Ide e ensinai a todos os povos” (Mt 28, 19-20) Temos em Jesus, o Mestre dos mestres, a perfeição do Educador. O bom educador é aquele que, antes de ensinar, percebe quais as necessidades à sua volta e, atento, escuta as prioridades dos educandos e assim, com amor e solidariedade, transfere seus conhecimentos com palavras e mais ainda, com suas atitudes. Ensinar para transformar vidas educando para uma sociedade mais humana, menos egoísta e mais fraterna, eis o desafio para estes tempos de pós-pandemia. Retornar às práticas do afeto presencial, da convivência sadia, do estar literalmente juntos novamente será um bálsamo depois do isolamento e o ponto de partida para novas atitudes e aprendizagem. O ser humano tem em si a necessidade do toque, do abraço, do contato físico, que por vezes expressa mais afeição do que muitas palavras. Neste retorno vamos passar por um período de readaptação social, pois não somos mais os mesmos de antes, algo mudou em nós e no mundo. O isolamento social reforçou a facilidade da comunicação virtual, graças a Deus. Porém, bem o sabemos, nada substitui o contato pessoal, a boa conversa olho no olho, frente a frente com sorrisos largos e boas risadas. Muito se fez através das redes sociais, mas muito há ainda a ser feito no sentido de resgatar o que se perdeu no caminho pandêmico. A Campanha da Fraternidade deste ano volta seu olhar para a urgência de se trilhar um caminho que se abra à Educação como um todo, não apenas o educar tão importante e essencial dos bancos escolares, mas uma educação social em todos os âmbitos, mais abrangente, que seja voltada para a construção de uma sociedade mais fraterna e solidária. Educar não apenas no sentido de aprendizagem básica, o ler e escrever, interpretar e formar ideias, mas também no sentido de formar pessoas mais humanizadas e comprometidas com o bem comum, com o coletivo. A família é a primeira educadora de valores, respeito, partilha e solidariedade. Mas, de modo geral, a humanidade precisa urgentemente reaprender a perdoar, amar e cuidar uns dos outros. Com base na Palavra de Deus, encontrar-se-á meios diversos e eficazes que favoreçam relações interpessoais que permitam aos indivíduos crescerem na cultura do cuidado recíproco. O mandado de Cristo ‘Ide e ensinai” nos instiga a sairmos do nosso conforto e nos colocarmos a caminho, a irmos aos outros e ensinar o que aprendemos para que também eles conheçam e vivam a realidade do conhecimento de Deus e seu plano de amor. Essa ordem de Jesus também se aplica aos ensinamentos necessários para que haja um convívio mais humano, menos seletivo, onde todos se sintam participantes da construção de tempos melhores. Em todo cristão há uma semente a ser espalhada: a semente do bem comum, da unidade e da vida plena. Anunciar o Evangelho é essencial para que os ensinamentos de valores cristãos sejam assimilados da forma mais plena possível, pois quem recebe o anúncio do Amor de Jesus, passa a enxergar a realidade humana de forma diferente e se sente mais responsável pela construção de um mundo mais fraterno. “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tim 4,16). Não devemos sair de qualquer jeito, como se fôssemos donos da verdade. Precisamos aprender para ensinar e isso exige a humildade de reconhecer-se aprendiz, abrir o coração e a mente para, iluminados pela Sabedoria Divina, discernir a vontade de Deus e transmiti-la com verdade, fé e paciência, respeitando os limites: nossos e dos irmãos. Que o silêncio de São José, sua obediência e seus gestos sejam o nosso modelo na construção da unidade e da paz. Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana Pr