‘Então, o que está assentado no trono disse: “Eis que eu renovo todas as coisas. ” (Ap. 21,5) Somos chamados por Deus a uma entrega generosa daquilo que Ele nos confiou como encargo e, dos talentos que Dele recebemos, deveremos prestar contas, de como cuidamos ou não cuidamos. São Francisco de Assis, o Padroeiro da Ecologia, conhecido por seu amor e cuidado pela natureza, nos ensinou a louvar a Deus com simplicidade e despojamento, porém, com uma profunda ternura e um perfeito reconhecimento das maravilhas criadas pelo Pai, dizia em suas orações: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas”, dizia ele, com gratidão pelos frutos de amor do Criador. Francisco via em tudo, a presença forte e viva de Deus, seu amor e sua bondade. Não apenas na natureza, mas nas pessoas, nos mais humildes e necessitados. Sua maturidade de fé deu-se aos poucos, ouvindo a Voz do próprio Deus, que o guiava na vivência do Evangelho, a ponto de pedir-lhe que “reconstruísse sua Igreja”. A Igreja de Cristo nos oferece hoje um tempo de graça, quando nos permite celebrarmos o “Tempo da Criação”, a cada mês de setembro, para que possamos renovar nossa relação com o Criador e com toda sua criação, para, num esforço conjunto, não apenas elaborarmos novos projetos, mas colocar efetivamente em prática, os tantos já aprovados, em relação aos cuidados necessários para que se contenham a destruição do planeta, nossa casa comum. Estamos sendo convocados por Deus para reconstruirmos a casa comum, o mundo em que habitamos, que foi criado por Deus e dado a nós para administrar, mas não nos pertence de fato. Fomos criados para a eternidade, aqui, neste mundo, somos passageiros, assim como foram nossos antepassados que nos deixaram um legado de progresso e novos horizontes a serem desbravados. Sabemos que a natureza se renova a cada amanhecer, porém, também sabemos que progresso e cuidados precisam caminhar juntos, de mãos dadas, caso contrário, todos sofrem as desastrosas consequências que assolam todo o círculo natural da criação. Neste ano de 2022, o tema escolhido para a celebração do Tempo da Criação é “Escuta a Voz da Criação”, que traz como símbolo um trecho do Livro do Êxodo, que trata do episódio da sarça ardente (3, 1-12). O fogo chama a atenção de Moisés pois, não consome nem destrói a sarça ao seu redor. Aquele fogo revela a presença de Deus que, ao ouvir os clamores do povo que sofre, envia Moises para socorrê-lo, prometendo permanecer junto a ele. É urgente que ouçamos ‘a voz da criação’, que continua a gritar em nossos tempos, pedindo socorro diante da devastação dos ecossistemas, da destruição de tantas espécies animais e da diminuição dos meios necessários para a subsistência humana, causando flagelos incontáveis. Como na sarça ardente, arde no mundo, neste solo sagrado criado por Deus, a chama do Espírito Santo a nos conclamar a uma verdadeira e urgente conversão ecológica pessoal e comunitária, onde o bem coletivo, o cuidado com a casa comum seja uma preocupação geral que se transforme em atitudes transformadoras que possam beneficiar, se não a nós, às futuras gerações, para que recebam um lugar melhor para viver e tenham como parâmetro, o exemplo de cuidado que a nossa geração deixará para eles. A promessa feita por Deus a Moises, no Monte Horeb, permanece até hoje. Ele está conosco, e nos envia em missão. São Francisco de Assis, via na natureza a Face do Criador, por isso seu respeito e cuidado para com toda a criação. Nossa Senhora é a mulher vestida de sol, Rainha de toda a criação, que intercede por nossa conversão e São José é o modelo de homem justo, cuidadoso e protetor das coisas criadas por Deus. Que Eles nos ajudem a preservar o que Deus nos deu como responsabilidade: o mundo em que vivemos, para que, na vida eterna, sejamos recebidos por Cristo, Aquele que renova todas as coisas! Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná