Palavra do Bispo

Santidade - A vocação do cristão

03 Nov 2022

“Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos”. ( Ef. 1, 3-4) O mês de novembro dirige nosso olhar e pensamento para o fim de nossa caminhada terrena. Iniciamos com duas celebrações voltadas a esse tema: o dia de Todos os Santos e o Dia de Finados. Finados, com sua data imutável, sempre no dia 02 de novembro, já, a celebração do dia de Todos os Santos, no dia 01 de novembro, é transferida para o primeiro domingo do mês de novembro. A celebração dos fiéis defuntos é um momento de saudades e lembranças, porém, não é momento de celebração da morte em si mesma, e sim, é a celebração da vida nova em Cristo Jesus. A celebração do dia de finados deve nos remeter a avaliação da nossa própria existência, pois, sendo a morte a única e maior certeza da vida, a maneira como vivemos vai direcionar a nossa vida eterna, ou seja, para onde iremos depois da morte. A Liturgia da Igreja, sempre preparada sob a iluminação do Espírito Santo, junta essas duas datas, Celebração dos Santos e Santas de Deus e Finados, justamente para que nos lembremos para que fomos criados: Deus nos deu a vida, de forma gratuita por que nos ama profunda e incondicionalmente e para que vivamos neste mundo, pela fé, unidos a Ele, numa vida de santidade, para, após a nossa páscoa, vivermos com Ele na eternidade. Jesus, o Mestre, chama todos à santidade, não apenas seus Apóstolos, mas todos os que se dispõe a seguí-Lo, sendo seus discípulos, sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social, cada um na condição própria em que se encontra: casado, solteiro, jovem, idoso, consagrado, viúvo. Todo cristão tem um chamado pessoal, único à vocação para a santidade de vida. “Sede, pois, perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” (Mt5, 48). Atingir essa perfeição exige uma luta diária, um esforço contínuo a cada dia que vivemos aqui nesta terra, caindo e levantando, errando e recomeçando, sempre voltados no desejo contínuo de sermos perfeitos como Deus deseja, como Nossa Senhora foi e não como o mundo quer que sejamos. Somente Deus é Santo, Único, Absoluto, Trindade Santa, Pai, Filho e Espírito Santo. Santificados pelas águas do Batismo, fomos separados para Deus, para sermos seus. Essa santidade obtida pelo Batismo deve transparecer no nosso modo de viver, em nossas ações, segundo o modelo que é Jesus. As Bem-Aventuranças, ou o Sermão da Montanha (Mt 5, 3-12a) proferido por Jesus às multidões, evoca de forma explícita a síntese da vocação à santidade e o caminho a ser percorrido para que alcancemos essa graça. Jesus retoma as promessas feitas ao povo eleito desde Abraão, mas as completa, ordenando-as não mais ao simples bem-estar gozoso na terra, mas direcionando-as ao Reino dos Céus. As bem-aventuranças nos deixam diante de escolhas decisivas com relação aos bens terrenos e purificam nosso coração, ensinando-nos a olhar para o nosso próximo com um olhar que vá além da ajuda material, percebendo além da necessidade aparente, a falta do conhecimento da Graça de Jesus. Pobre, necessitado, sofredor, injustiçado, aflitos também são todos aqueles que não conhecem o Cristo e sua Salvação. Bem-aventurado é aquele que anuncia Jesus ao próximo, assumindo sua vocação cristã e permitindo que o outro também tome posse da graça de Deus. Tem havido uma falsa interpretação de que basta saciar a fome do corpo para agir como Jesus. Ledo engano. Suprir a necessidade do corpo é essencial, mas saciar a fome da alma e devolver a dignidade de filho amado de Deus, dando ao próximo a chance de uma vida nova com novos horizontes mais dignos e menos humilhantes, onde ele possa viver a santidade aqui e vislumbrá-la na eternidade, junto a Deus é juntar tesouros no céu, plantando sementes de amor na terra. “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”. Que sob a intercessão dos Santos e Santas de Deus, com a benção da Virgem Maria, caminhemos em busca da santidade. Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná