“Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito”. (Mt 28, 5-6) Cristo ressuscitou. Eis a razão da fé que sustenta a Igreja desde os primórdios de sua criação e dá constância na caminhada de cada cristão que crê e vive essa Verdade, pois Jesus “É o Caminho, a Verdade e a Vida”, o “Cordeiro Imolado”! Eis que o sepulcro está vazio, o amor de Deus se manifestou mais uma vez na Ressurreição de seu Filho amado. O Cristo vence as trevas da morte eterna e reaviva a esperança da humanidade fazendo brilhar para todos a Luz da libertação. “Eu sou a Luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8-12). A Cruz de Jesus, adorada na sexta-feira da Paixão, dá lugar à alegria da Ressurreição, indicando para todos o cumprimento da promessa, que a Vitória já foi alcançada por Cristo Jesus. A salvação da humanidade passou pelo flagelo do Calvário, pelo Divino Corpo de Cristo, totalmente humano e Divino, pendente no alto da Cruz, chagado pelos açoites raivosos e dilacerado pelos nossos tantos pecados, para depois de ter-se esvaído em sangue, morrer por cada um de nós. Quem morreria por nós? Quem teria esse desprendimento de si mesmo para salvar um pecador, uma humanidade inteira, no ontem, no hoje e no amanhã? Somente alguém muito superior no amor, na doação e na obediência a Deus poderia se dignar a nos tornar menos indignos da salvação, e esse Alguém é Cristo, o Senhor dos Senhores, a Pedra rejeitada e desprezada que se torna a Pedra Angular. A Ressurreição de Cristo nos ensina que o mal não tem a última palavra pois, somos por Cristo, participantes da edificação do bem e da paz, da justiça e do amor que deve imperar nesse mundo. Nascemos e vivemos pelo dom excepcional do Amor de Deus e somos convocados a todo instante a sermos defensores da vida em Cristo, testemunhando com nossa existência, os valores e ensinamentos do Ressuscitado. Negar a ressurreição de Jesus é negar o poder de Deus. “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e também é vã a nossa fé. Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (I Cor 15, 14 e 19). A ressurreição de Cristo não se iguala a outros eventos bíblicos, não foi um cadáver reanimado, como Lázaro, que Jesus trouxe de volta à vida, mas que depois veio a morrer fisicamente. A ressurreição de Jesus “foi a evasão para um gênero de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para além disso: uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”, explica o Papa Bento XVI no segundo volume do seu livro “Jesus de Nazaré”. Enquanto Lázaro e outros a quem Jesus havia ressuscitado voltaram a sua vida normal, Jesus Ressuscitado partiu para a vastidão de Deus, e é a partir da vida no Pai, que Ele se manifesta aos seus (Bento XVI). O túmulo vazio é ponto de partido para nossa fé, é a expressão viva de um novo começo para a humanidade toda, um acontecimento que rompe e ultrapassa o âmbito da história e, se assim não fosse, já teria se apagado no tempo. A ressurreição de Cristo cria uma nova perspectiva ao homem: o de estar verdadeiramente unido à Deus. Na ressureição cumpre-se a promessa de Salvação e Redenção do povo de Deus e Cristo torna-se o único critério a quem podemos nos confiar por completo, pois Ele, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, é a manifestação visível do Deus Criador. Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai, condenado pela ‘justiça’ humana a morrer numa Cruz, Ressuscitado, foi constituído por Deus como o Juiz do Universo, pois a Ele pertencem o poder, a honra e a glória para todo o sempre. A celebração da Páscoa nos exorta a abrirmos os olhos da fé e a mudarmos nosso comportamento mundano e indiferente que nos distancia do amor de Cristo e nos faz perder de vista a salvação alcançada por Ele. “Lançai fora o fermento velho, para que sejais uma massa nova. Assim, celebremos a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade ou perversidade, mas com pães ázimos de pureza e de verdade” I Cor 5, 6-8). Com a Virgem Maria, a Senhora da Ressurreição, deixemo-nos iluminar pela Luz do Cristo Ressuscitado e vivamos a Páscoa com verdadeiro ardor e gratidão pela Redenção que nos alcançada por Cristo Jesus. Feliz e abençoada Páscoa! +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná