“Até na velhice eles darão frutos, continuarão cheios de seiva e verdejantes.” (Sl 91,15) Não há história de vida presente sem que se tenha como base o passado, a história vivida e guardada na memória e no coração. Viver é um constante cuidar e aprender, num dia, somos apoiados e guiados por mãos fortes e seguras que nos sustentam aos darmos os primeiros passos, noutros, mais adiante, apoiamos esses mesmos que agora necessitam de nosso apoio para se locomoverem. Assim é o ciclo natural da vida, os ensinamentos passam de geração em geração e ficam gravados na memória e, mesmo quando ela, a memória, insiste em falhar, não podemos afirmar que os sentimentos não estejam lá, guardados e presentes no coração daqueles que nos precederam. Para esse terceiro ano de Celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, a ser comemorado em 23 de julho, o Papa Francisco escolheu como tema “De geração em geração, a sua misericórdia” (conf. Lc 1,50), que nos recorda o encontro apressado entre a jovem Virgem Maria e sua já idosa prima Isabel, ambas agraciadas pela misericórdia Divina. Duas gerações distintas, unidas pela mesma fé, eis a beleza do encontro entre gerações e da valorização da experiência dos mais idosos. A nossa fé e nossos costumes cristãos são essencialmente transmitidos de geração em geração, é no seio familiar que aprendemos as primeiras orações e a vivência cristã, ainda mais hoje quando vemos crescer o número de avós e avôs que auxiliam nos cuidados diários da criação dos netos para que os pais possam trabalhar para prover o sustento de suas famílias. E tantas outras situações em que os avós assumem a guarda dos netos na ausência dos pais e os educam, sendo os responsáveis legais por eles. Assim, de geração em geração são transmitidos os valores e conceitos morais e cristãos aos mais novos. O agir de Deus é sempre perfeito, a vida se constrói aos poucos, a maturidade chega devagar e é feita de passado, presente e futuro, por isso, não ignoremos os idosos, deixando-os sozinhos, como se fossem descartáveis, eles não são, sempre são úteis seus conselhos, suas orações, suas experiências e suas histórias. Eles têm marcas verdadeiras de lutas travadas em nosso favor, que não conhecemos e que apenas quem ama é capaz de lutar. E é nesse futuro, que aqueles que tanto fizeram por nós, requerem e merecem o nosso reconhecimento, um cuidado amoroso e mais presente de cada um de nós no entardecer de suas vidas. Mesmo que eles não se lembrem de nós, nós sabemos quem eles são, o que significam e a importância que tiveram em nossa vida. Aos mais ‘experientes’, nossa gratidão e amor, nossa presença constante e nossos cuidados, sempre! Que a Virgem Maria interceda por todos os vovôs, vovós e idosos, para que sejam recompensados pelos ensinamentos que nos passaram ao longo de suas vidas. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná