“Faça o necessário, depois o possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis) Quando a natureza se expressa e o ser humano não entende, o caos está estabelecido, a criação Divina, perfeita em sua origem, torna-se, por causa da falta de entendimento humano ou descaso mesmo, o inverso daquilo que Deus criou. A natureza da criação era muito boa, tal qual a vontade e o desejo de Deus para toda a humanidade, tanto que Ele deu ao homem todas as condições necessárias para dela cuidar com amor e inteligência. De perfeita para ser usufruída por todos os viventes encontra-se num tal estado de penúria que, encontrar beleza e purezas originais chega a ser como encontrar um pequeno tesouro escondido, entre lixões, devastações, rios quase secos e sem vida. Consequentemente, sofre a humanidade vítima das catástrofes frequentes que devastam populações, países, deixando um rastro de destruição, lágrimas, perdas e desolação. O homem esqueceu-se do primeiro mandamento! Ama tudo e, ao mesmo tempo, nada ama! Ama-se a si próprio num egoísmo ilógico e deixa tudo para que os outros façam, cobrando-os pelos que não fazem e, continua nada fazendo. Triste criatura sem ação. Amar a Deus sobre todas as coisas implica em amar o próximo como a si mesmo e fazer ao próximo o que se quer para si, ou ainda, fazer ao próximo mais que a si mesmo, essa é a razão do amor a Deus que se doou por todos, até por quem não O ama. Cuidar do lugar onde vivemos, preservar a natureza, economizar os recursos naturais é reconhecer que o que a natureza nos fornece é dom do Criador e deve ser repartido, pois não é exclusividade nossa. Esse exercício de partilha é um reflexo do amor que sentimos por Deus e pelo próximo, é respeitar a dádiva Divina chamada vida, a nossa e a do outro e cuidar com carinho para que todos possam usufruir daquilo que é de direito de cada um. Como? Começando no bairro, na rua, na cidade, com pequenos gestos, fazendo o necessário e o possível, como nos ensinou São Francisco. “Que a Justiça e a Paz Fluam” (Amós, 5,24), com esse tema, o Tempo da Criação deste ano nos chama a sermos homens mulheres anunciadores do amor de Jesus, que é a fonte de Água Viva, que nos tira da inércia e nos põe a caminho nessa luta pela reconstrução de um mundo mais limpo e harmonioso para todos. Como nos pede o Papa Francisco: “Neste Tempo da Criação, como seguidores de Cristo no nosso caminho sinodal comum, vivamos, trabalhemos e rezemos para que a nossa casa comum seja novamente repleta de vida. Que o Espírito Santo continue a pairar sobre as águas e nos guie para renovar a face da terra” (cf. Sal 104, 30). +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná