“Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.” (Lc 2, 15) Que presente queremos dar e receber neste Natal? Muito comum esse questionamento, como é comum fazer do Papai Noel a figura central do Natal, como aquele “bom-velhinho”, que, “magicamente”, distribui os presentes solicitados. Embora a figura do papai-noel tenha sua origem em São Nicolau, desvirtuou-se essa origem santa, tornando-o um símbolo comercial que incentiva as compras e a troca de presentes. Nada contra a troca de presentes, que é uma tradição expressiva sobre o bem-querer, numa demonstração fraterna de amor ao próximo, e isso é salutar, faz bem a quem dá e a quem recebe. Ao olharmos a realidade, sabemos que o Natal, para muitos povos, famílias e comunidades, não será de troca de presentes, pois os conflitos e as guerras não permitirão que isso aconteça. Em meio às perdas e desolação resultantes desses conflitos, nossa resposta em relação ao que queremos neste Natal, deveria ser, majoritariamente: ‘QUEREMOS A PAZ para todos os povos e nações’, queremos que cessem as guerras e aconteça a restauração do bem e da caridade, da paciência e das virtudes da aceitação e da solidariedade, queremos um mundo mais humano, onde o egoísmo e o desejo de ‘ter e poder’, ceda lugar ao ser e a partilha. É tempo de clamarmos pela paz! É tempo de nos unirmos ao Papa Francisco, atender ao seu apelo constante para que, como irmãos em Cristo, unamos nossas vozes em oração para que a paz seja restaurada através do diálogo, do desapego ao poder e pela renúncia ao mal que assola tantos povos. Hoje, o nosso ‘bom velhinho’ é o Papa Francisco que, revestido da Luz do Espírito Santo, nos lembra que não há mágicas que possam restabelecer a paz no mundo; que espera que cada um faça a sua parte nessa reconstrução fraterna, nos exortando a dirigirmos nossas orações com veemência e constância, rogando pela paz mundial, a partir do nosso olhar e coração fitos no Príncipe da Paz, o Deus Menino, nascido em Belém, que deseja renascer em cada homem e mulher, para que sejamos um Nele! Como disseram os pastores após o anúncio dos Anjos sobre o nascimento do tão esperado Messias, o Salvador, também nós somos chamados a ouvir o constante chamado do Espírito Santo que nos impele a irmos ao encontro do Cristo no nosso hoje, para que possamos encontrar o Divino, que nos criou à sua imagem e semelhança. O Natal é verdadeiramente reencontro com o Príncipe da Paz, o Senhor dos senhores, cujo poder e realeza não se encontram na riqueza material, pois o Menino nascido na pobreza e no desprezo dos homens É, em si mesmo, o maior tesouro que podemos almejar: É o Filho de Deus, o Verbo que transforma e restaura a humanidade, começando por nós. Como São José e a Virgem Maria, acolhamos e anunciemos a Boa-Nova: “Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo, o Senhor!” (Sl 95) Um Santo e abençoado Natal, com paz e serenidade! +Dom Carlos José – Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná