“Deus não nos trata segundo os nossos pecados...” (Sl 102,10). Há, na oração do Pai-Nosso, um tesouro enorme de princípios espirituais, que vão muito além de ‘simples palavras’. Sua riqueza e seus ensinamentos estão impressos em cada Palavra proferida por Jesus para que, ao nos aprofundarmos em seu significado, pudéssemos mais que rezar o Pai-Nosso, viver com o Pai Nosso e assim sermos transformados por ela até chegarmos a ser um com Cristo e por Cristo! Chegamos à parte em que mais um pedido é apresentado ao Pai: ‘perdoai-nos as nossas ofensas’. Essa frase expõe a nossa culpa, o nosso pecado, reconhecendo nossa fraqueza humana, diante da Misericórdia infinita do Pai. Mesmo tendo sido revestidos pela veste batismal, o pecado está sempre à nossa frente e nos faz desviarmos de Deus. É certo que Ele, o Pai, não se afasta de nós, sabe quem somos e o que fazemos, e espera nosso arrependimento e nossa volta. A consciência moral nos indica que pecamos e ofendemos ao Senhor e, por amor a Ele que tanto nos ama, devemos agir como o publicano, dizendo com humildade e verdade: “´Deus, tende piedade de mim que sou pecador” (Lc 18,14). No Sacramento da Reconciliação, sinal visível da Misericórdia Divina, reconhecemos o pecado que cometemos, confessamo-lo e pedimos perdão. E somos perdoados por Cristo, na pessoa do Sacerdote. A sabedoria da Igreja de Jesus, da qual o Espírito Santo é o revelador e condutor, nos dá todas as condições necessárias para permanecermos no Amor de Deus. Já, quando rezamos ao Pai-Nosso que perdoe nossas ofensas estamos exprimindo nossa confiança Nele e admitindo nossas fraquezas diante das tentações cotidianas; é como se disséssemos: ‘Pai, eu não desejo, mas pequei, perdoa-me, não quero Lhe ofender ou entristecer’. Deus é o autor da Graça! É Ele quem vem a nós, que nos propõe a reconciliação. É o próprio Cristo, que é Deus, quem nos ensina a ir ao encontro do Pai, de Deus Único e Verdadeiro, então, sim, é Deus quem nos chama à reconciliação. O Pai-Nosso explicita isso de forma clara e límpida quando Jesus diz “quando orardes, dizei:” (Lc 11,1). Somos os receptores das Graças do Pai, a nós foi concedido retornarmos ao Colo de Deus, o Senhor de todas as Graças e Bênçãos que precisamos. Esse pedido de perdão que fazemos a Deus, toda vez que rezamos o Pai-Nosso traz uma condição para que sejamos atendidos em nossa súplica. Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos tem ofendido. Peçamos ao Espírito Santo que nos dê discernimento e sabedoria, coragem e humildade para pedir perdão e perdoar. Que Nossa Senhora, a Mãe do Redentor venha em nosso auxílio. +Dom Carlos José Bispo da Diocese de Apucarana - Paraná